terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Capítulo 1 – Numa época em que uma agulha caindo no chão é motivo pra se jogar da janela...

Voltando a fita e passando rapidamente por alguns anos!

Londres, Fevereiro de 2005 - 7 anos atrás.

Pipipipi-pipipipi... 6:45 da manhã, despertador tocando. ‘Eu não estava com nenhuma saudade da sua voz, sabia?!’ Ela pensava enquanto tateava a mesinha ao lado da cama procurando o despertador pra desligá-lo. Depois de derrubar meio mundo de coisinhas e finalmente desligar o despertador, ela deixa seu braço esquerdo "despencar" pra fora da cama e em seguida o mesmo com a perna esquerda. Abrir os olhos era a última coisa que Lua pensava em fazer.


Meia hora depois, passou correndo pela cozinha.
- Tchau mãe!
 - Não vai comer nada? – Maria Claudia preocupou-se com a histeria da filha.
- Não mãe, estou atrasada! Nem era pra eu estar aqui ainda! – ela beijou o rosto da mãe com tanta pressa que foi mais um empurrão com a boca do que um beijo. E saiu...

Lua caminhava até a escola, que não era tão longe. Era a única hora que ela podia pensar tranqüilamente, caminhando pelas ruas do bairro tranqüilo onde tinha a sorte de morar, sim ela adora seu bairro! ‘Tomara que minha best esteja na mesma sala que eu... e tomara que aquelas metidas estejam em outra bem distante da nossa! Como tem gente metida nesse colégio.’
- LU! – Soph interrompeu os pensamentos da amiga pulando em cima dela, as duas estavam em frente à porta da escola – Sétima série! – Soph falou abrindo os braços e movendo a cabeça pra cima.
- Acorda Sophia... Até parece que é grande coisa.
- Claro que é! Nós já estamos prestes a completar os treze e é quando os meninos mais bonitos e as coisas mais legais acontecem na nossa vida!
- Sei... – Lua olhou pro lado num total desânimo.
- Anda, vamos ver se estamos na mesma turma!

Claro que elas estariam na mesma turma. As duas estudam nessa escola desde a primeira série e sempre estiveram juntas, onde uma estava, a outra estava também.
Entraram na sala e sentaram na mesma localização de sempre; na fileira do canto, nem no fundo da sala onde ficava a turminha de pseudo-rockers e nem na frente beijando a mesa do professor; pelo meio. Distraíram-se mostrando seus novos materiais escolares (lê-se: agendinha, canetinhas coloridas, fichário com folhas decoradas e todas essas frescurinhas) uma à outra, mas não puderam deixar de olhar quando um garoto novato passou pela porta.
- Quem será esse menino? – Lu perguntou baixinho movendo o rosto em direção à amiga mas sem tirar o olhar de cima dele.
- Nunca vi... – Soph deu de ombros e voltou a rabiscar alguma bobagem testando as cores das canetas de Lua. Viu que a amiga ainda estava parada observando o garoto – Gostou dele ou perdeu alguma coisa ali?
- Hun... o quê... erm... – Lua voltou seu olhar pra amiga e ficou sem graça. – Deixa de bobagem Abrahão! Eu só fiquei curiosa, dá licença?! – Fato! Ela só chamava a amiga pelo sobrenome quando ficava sem graça.
O tal garoto sentou na frente, na fileira do meio. O professor entrou e pediu que os alunos dissessem seus nomes, Arthur Aguiar era o nome dele. Durante toda a aula, Lua não tirou os olhos dele, mesmo ele estando de costas pra ela ‘Como será o jeito dele? No final da aula eu falo com ele!’ e ficou pensando nessas bobagens enquanto não fazia a mínima questão de ouvir o que o professor falava e muito menos de saber que matéria ele ensinaria durante o resto do ano.

Trimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

O longo sinal tocando e ensurdecendo todos os presentes, fim daquela aula.
Sophia e Lua se levantaram e começaram a caminhar em direção a saída da sala, mas Lua ainda não tinha esquecido sua idéia de passar na mesa do aluno novo e puxar um assunto com ele antes de sair.
Quando as duas estavam a alguns passos do menino, Britanny chegou como um foguete e sentou na carteira ao lado dele, com aquele sorriso de “vem-ni-mim-que-eu-tô-facim”. Por razões óbvias, Lua adiou seu papo com o tal garoto mas passou olhando pra ele, queria gravar aquele rosto tão perfeito na memória. Ela não o viu mais aquele dia, apenas na hora da saída. Ele caminhava com Britanny no seu encalço.

- Ótimo... Agora ele vai ser da turma daquela metida e não vai nem querer saber meu nome. – Lua disse cabisbaixa à caminho de casa com a amiga ao seu lado.
- Quem Lu? Do que você está falando?
- Ah, não! Eu estava pensando alto.
- Mas você pensava sobre quem então?
- Que curiosidade! Quer invadir até meus pensamentos... Coitado do ser que namorar a sério com você algum dia, vai afogá-lo nas perguntas!
- Não foge, Lua! Eu sou sua amiga ou não sou, poxa?
- Ah... É que o Arthur, ele...
- HÁAAAA! – Sophia não deixou Lua completar sua frase e começou a apontar os dois dedos indicadores na cara dela. – Eu sabia, eu sabia que era ele! Você não tirou os olhos dele, eu vi! Se olhar tirasse pedaço ele estava dividido em muitas partículas, dona Lua, pensa que eu não vi? Eu sou demais!
- Se sabia, por que ficou enchendo pra eu dizer, criatura?
- É que eu queria ver a sua carinha derretida ao pronunciar o nome dele... ‘É que o Arthur, ele...’ – ela disse debochada imitando a amiga com gestos exagerados pelo meio da rua e levou um tapa na cabeça.
- Pára com essa palhaçada ou os vizinhos vão confirmar que nós cheiramos!
- Tá bom, mas falando sério agora... Você não tem mau gosto, ele até que é bonitinho, mas não faz meu tipo! Você sabe de quem eu gosto desde o ano passado...
- O professor de Química... – Lua deu um longo suspiro e revirou os olhos, estava cansada de ouvir a amiga dizer que gostava de um cara oito anos mais velho.
- Sério, Lu! Um dia o Chris vai me notar, pode escrever o que eu estou dizendo!
[n/a: sim, o professor Chris é inspirado no Christopher Robert Evans, ou Chris Evans como preferir... Com um professor de quimica desses, eu tatuava um 20Ca nas costas! Não, melhor, a tabela inteira!]



Agosto de 2006 - 6 anos atrás.

- Ai Lu! Não fica assim... Vem, tem sorvete de chocolate na geladeira!
Lua foi dormir na casa de Sophia. Estava mal mais uma vez por ver Arthur desfilando abraçado com uma menina o tempo todo, eles passaram umas cinco vezes na frente dela na hora do intervalo.
- Não me conformo, Soph! Que raiva eu tenho de mim por sofrer por um cara tão galinha! Por que ele age assim?!
- Vai ver são os hormônios... Ele só tem 14 aninhos, Lu! Igual a nós! Só que nós parecemos um pouco mais adestradas porque somos meninas!
- Droga... A cada menina diferente que ele pega é como se me fizessem mais um furo no estômago.
- Já vi que até o fim do ano eu não vou ter mais amiga e sim um queijo suíço. – Soph murmurou tão espontaneamente que as duas se olharam e desataram a rir.
- Você precisa arrancar esse Arthur de você, dedetizar, pulverizar, desinfectar, incinerar, esfumaçar, desmaterializ... Outch! – Sophia levou um tapa na testa depois de tantos sinônimos para a frase ‘Esquecer Arthur’.
- Tá bom, eu já entendi! Vou fazer tudo isso aí, mas pára de falar, aff!
- Se bem que...
- Se bem que o quê?
- Vocês são amigos e... ele tem uma queda enorme por você, não?
- Arthur Aguiar? A fim de mim, com tantas garotas lindas pela escola? Impossível!
- Claro que ele é! Ou você não percebe o jeito como ele vem cumprimentar nós sempre com aquele sorriso de “bebê assistindo Teletubies”?!
- Grande coisa, Soph... Ele está SEMPRE com aquela cara!
- Mas quando ele te vê, consegue piorar! E se ele quiser ficar com você?!
- Você não já me perguntou isso hoje?
- Sim e você fujona como sempre não respondeu... Se ele chegasse em você, ficaria com ele?
- Na verdade, eu acho que ele quer ficar com todo mundo! Até a irmã dele ele pegaria se tivesse uma da minha idade! Mas comigo isso não rola! Pra quê?! Pra depois de dez minutos ele estar com outra e eu sentir meu estômago, meu fígado e todo meu aparelho digestivo explodir de uma vez e eu querer me matar ali mesmo?!
- Ai, minha amiga dramática... – Soph sacudiu a cabeça numa negação e passou um braço no ombro da amiga – Quer saber?! Eu tenho certeza que se ele chegasse com aquele sorriso de Mickey-Mouse-apaixonado pra cima de você, o seu cérebro simplesmente abandonaria seu corpo!
- Por incrível que pareça, você tem razão dessa vez... Acho que eu não resistiria.
- Claro! E pra que fugir? Aproveita ué!
- Não... Se é pra virar só mais uma na lista quilométrica, eu prefiro nem chegar perto!
- Você é uma medrosa! No seu lugar eu dava uns bons amassos nele e aproveitava bem, nem que fosse só uma vez! Ele deve beijar muito bem pra várias meninas quererem ficar com ele. Sem contar que depois que uma garota fica com ele, vários outros meninos caem em cima e a menina fica popular por uma semana! Eles parecem gostar dos restos do Arthur e você devia mesmo aproveitar!
- Olha as bobagens que você está falando sem parar... O que é que tem nesse sorvete, hein? Melhor irmos dormir.
- Tá bom... – Sophia se levantou do sofá e elas começaram a andar em direção a escada.

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