segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

40º Capitulo - Addicted

'Bom dia!' Falei sorrindo enquanto Arthur entrava na cozinha mais parecendo um zumbi. Seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos mal se abriam. Ele olhou o relógio da cozinha que marcava pouco mais de nove da manhã e fez uma careta.
Continuei o observando enquanto ele ia até a geladeira e pegava a jarra de suco, um copo e depois finalmente sentou ao meu lado.
'Bom dia.' A voz embargada dele me fez rir. Arthur aproximou o rosto do meu e me deu um selinho rápido sorrindo fraco depois. 'Colocaram alguma droga na minha comida ontem, parece que eu só dormi umas duas horas essa noite.' Ele tomou um gole do suco que praticamente esvaziou o copo.
'Você se mexeu a noite toda.' Falei passando manteiga na torrada e dando pra Diego comer. 'Várias vezes eu fiquei fazendo carinho na sua cabeça e você voltava a dormir, mas meia hora depois estava se mexendo de novo.' Me virei de frente pra ele na cadeira e o observei esfregar os olhos fortemente.
'Desculpa.' Ele falou encostando a testa na mesa e suspirando.
'Você tá muito preocupado com a reunião no próximo fim de semana, Arthur. Tenta esquecer disso um pouco.' Dei um beijo em seu ombro e depois apoiei meu queixo nele. 'Vocês já foram contratados, daí pra frente é só confiar em vocês mesmos, eu tenho certeza que vai dar tudo certo.' Vi um sorriso no canto de sua boca e sorri também.
Os produtores marcaram uma reunião com a banda no final de semana e os quatro estavam completamente agitados. O encontro seria em Londres mesmo e segundo disseram era uma coisa mais casual, apenas para começarem a se entrosar com as pessoas que trabalhariam.
'O Chay ligou agora a pouco.' Falei voltando minha atenção para Diego que estava com a mão totalmente melada de manteiga. 'Eles estavam indo pra casa de praia dos pais da Ash, e falou que se quisermos é pra aparecer lá.' Arthur levantou a cabeça e me olhou.
'Acho que eu preciso de uma praia pra relaxar, mesmo que seja inverno!' Ele riu pegando a jarra de suco e a guardando novamente na geladeira. 'Vamos pra praia?' Ele falou do lado de Diego que sorriu concordando.
'Quero tocar violão!' Diego falou animado nos fazendo rir.
'A gente toca lá na praia.' Arthur bagunçou os cabelos do filho. 'Vou tomar banho pra ver se acordo.' Ele me olhou e eu concordei balançando a cabeça.
'Praia!' Diego sorriu pra mim mostrando os dentinhos e eu apertei sua bochecha o vendo fazer uma careta igual a do Arthur.
'Termina de comer sua torrada pra eu te dar banho, meu amor.' Enquanto eu guardava as coisas ele terminou de tomar café e em seguida nós fomos para o quarto dele.


'Arthur, qual dos dois?' Perguntei segurando dois vestidos na frente do meu corpo. Um era lilás tomara que caia um pouco longo e o outro verde musgo de alcinha e um pouco acima do joelho.
'O verde.' Ele falou depois de passar um tempo olhando para os vestidos. Sorri e deixei o vestido lilás em cima da cama entrando no banheiro para vestir o outro.
Depois de me vestir sob reclamações de Arthur e até de Diego da minha demora, eu cheguei à sala terminando de ajeitar meu cabelo e peguei a bolsa no sofá.
'Quer dirigir?' Arthur perguntou. 'To muito cansado.' Ele fez uma careta fofa e eu rolei os olhos sorrindo pegando a chave em sua mão. Descemos o elevador em silêncio e quando chegamos no carro Arthur ajeitou Diego no banco de trás e depois sentou no bando do carona e descendo um pouco o encosto para se deitar.
'Arthur, eu não vou ficar dirigindo esse tempo todo em silêncio olhando você dormir.' Falei manhosa.
'Não é pra ficar me olhando, Lua. Preste atenção no trânsito.' Ele falou sem abrir os olhos e eu dei um tapinha em sua perna.
'Você entendeu, babaca.' Ele riu do meu jeito infantil. 'Arthur.' Puxei a manga da camisa dele, mas ele nem se mexeu. 'Te odeio!' Falei bufando e me ajeitei no banco tentando me concentrar nas ruas.
Dirigi durante quase dez minutos ouvindo apenas o barulho do motor do carro e o barulho da rua do lado de fora. Olhei pelo retrovisor e vi que Diego estava com um livrinho para colorir e dois lápis de cores nas mãos, vez ou outra ele olhava para fora da janela e depois voltava a atenção para o livro.
'Você jogou praga pra eu não consegui dormir!' Arthur falou de repente ajeitando o banco e cruzando os braços. Eu ri baixo sem desviar minha atenção pra ele. 'Quer que eu dirija?' Ele perguntou me olhando e eu lhe lancei um olhar nada agradável que o fez soltar um risinho cínico.
Liguei o som do carro em uma rádio qualquer que passava alguma musica pop chata e quando fui mudar a estação Arthur empurrou minha mão e começou a mudar.
'Ah, não. Ainda lembro daquela vez que tive que escutar você cantando All Time alguma coisa.' Ele balançou a cabeça.
'Arthur, aquilo tem... sei lá, um ano!' Falei indignada e ele deu de ombros. 'Credo, fica aí guardando mágoas.' Falei indiferente e ele riu alto. 'E por sinal, é All-Time-Low!' Falei quase soletrando e ele deu língua.
'Minha vez agora.' Ele continuou trocando de estações até parar em uma. 'Há, essa musica é legal, mas acho que tá no final.' Ele batucou na perna o que parecia já ser o final da musica, segundos depois ela terminou e outra começou. 'Essa é foda!' Ele aumentou o volume do rádio e eu ri quando ele começou a cantar, ou gritar, a musica do Amber Pacific.


Thinking of the words to say,
( Pensando nas palavras para dizer )
I'd like to think that this was fake.
( Gostaria de pensar que isso fosse falso )
Reference to a song you love,
( Referências de uma música que você ama )
Spell confusion with a 'k'
( Confusão de soletrar com um “k” )
Like a star without its rings,
( Como uma estrela sem seu anel )
I'm hanging here on these two wings.
( Eu estou me enforcando aqui nestas duas asas )
For that smile and those eyes...I'm falling
( Por aquele sorriso e aqueles olhos... estou caindo )


Arthur cantava animadamente fazendo até Diego rir no banco de trás, eu sorria balançando a cabeça toda vez que ele desafinava por estar cantando alto demais.


If time could stop, how could I make this more poetic?
( Se o tempo pudesse parar, como eu poderia fazer isto mais poético? )
When there's nothing more pathetic to be said...
( Quando não há nada mais patético para ser dito... )


You bring me out, show me light,
( Você me destacou, me mostrou a luz, )
I'm sorry if I hide, I'm too afraid to look inside
( Me desculpe se eu me escondi, estou com muito medo de olhar pra dentro )
You carry through, you make me smile,
( Você agüentou do começo ao fim, você me fez sorrir, )
If it were you and me tonight,
( Se estivéssemos eu e você hoje à noite )
I would tame the stars and save the brightest one for you, for you.
( Eu domesticaria as estrelas e guardaria a mais brilhante pra você, pra você. )


Ele apontou pra mim na ultima parte da música e eu ri alto.
'Arthur, você tá acabando com a música!' Falei tentando controlar o riso e ele fez bico.
'Caraca, Lua! Eu aqui tentando ser romântico dizendo que guardaria a estrela mais brilhante pra você, e recebo essa cortada!' Ele cruzou os braços e olhou pra fora da janela.
'Awn, meu amor. Desculpa, mas você podia cantar a musica normalmente, ficaria mais romântico!' Falei puxando a manga da camisa dele enquanto ele fazia doce e puxava o braço.
'Cantar a musica normal não tem graça, fica sem emoção!' Arthur fez uma cara intelectual e eu ri.
'Ok, pode continuar gritando a musica, eu não ligo!' Falei aumentando o som.
'Nah, agora não quero mais.' Doce, doce, doce.
'Então tá, eu canto!' Falei antes de começar a gritar tanto quanto ele, o que era bem pior considerando que Arthur tinha uma voz bonita quando não ficava gritando, ao contrário de mim.


Whatever you say is alright,
( Seja o que for que você diga está tudo bem )
Just as long as there's no doubt.
( Contanto que não existam dúvidas )
Could you look me in the eyes... and say goodbye.
( Você poderia me olhar nos olhos... e dizer adeus. )


'Nããão!' Ele gritou tentando botar a mão e minha boca, mas eu desviei o rosto rápido, quase jogando o carro no passeio.
'Arthur, seu idiota! Quer matar a gente, é?' Tentei falar séria, mas estava rindo.
'Você que quer me matar, e estourar meus tímpanos!' Ele riu e eu lhe dei um soquinho no braço que fez ele se encolher. Nessa hora Diego deu uma risada alta no banco de trás e nós olhamos pra ele. 'Tá achando a gente com cara de palhaço, é, pivete?' Arthur perguntou divertido cutucando a cintura de Diego que se encolheu rindo enquanto eu os observava pelo retrovisor.
'Pááára, pai!' Diego falou se contorcendo enquanto Arthur fazia cócegas nele.
'Diz quer você não acha seus pais uns palhaços!' Arthur chantageou rindo.
'Eu não aaacho!' Diego falou ainda no meio da crise de risos.
'Diz que eu sou o melhor pai do mundo!' Ele falou presunçoso e Diego riu alto.
'ÉÉ, o melhor pai do mundo!' Diego repetiu já sem fôlego e Arthur voltou a se sentar normalmente no banco da frente. 'Que foi? Quer ser vitima das minhas cócegas também?' Ele me olhou sorrindo e eu me encolhi um pouco.
'Nem chega perto, seu babaca!' Falei abanando o ar com a mão.
'Você vai ver quem é babaca depois.' Ele deu um sorrisinho malicioso e eu senti minhas bochechas esquentarem um pouco.




'Oba, sinto cheiro de comida!' Falei quando Mel abriu a porta e sorriu.
'Meu Deus, mal chegou na casa dos outros e já tá esfomeada!' Ela riu me abraçando. 'Pentelho chato!' Ela brincou com Arthur quando ele a abraçou.
'Pentelha chata!' Ele a imitou sorrindo. Mel deu um beijo na bochecha de Diego e depois nos levou até a parte dos fundos da casa que ficava de frente para aquilo que chamavam de praia, mas na verdade não passava de um enorme lago artificial, com um bocado de areia que se estendia por todo o condomínio, mas que era bem bonito.
Do lado de fora estavam Pedro e Ray, que tinham começado a namorar, estavam sentados em volta de uma mesa sob o toldo e Chay na churrasqueira sorrindo.
'Oba, oba, churrasco do tio Chay!' Falei dando um beijo na bochecha de Chay que riu alto.
'Esfomeada!' Ele tentou me dar um pedala, mas eu fugi rindo.
'Já ouvi essa há cinco minutos atrás!' Dei língua e fui falar com os outros.
'Cadê o Micael?' Arthur perguntou antes que eu o fizesse enquanto sentávamos nas cadeiras que estavam em volta da mesa.
'Ligou falando que vai chegar um pouco atrasado, parece que teve algum problema com a irmã dele.' Mel respondeu também se sentando.
'Há, o melhor churrasco da vida vocês!' Chay falou colocando um prato grande na mesa com alguns pedaços de carne.
'Credo, amor, parece uma esfomeada!' Arthur falou quando eu peguei um pedaço de carne.
'Ah, vão pra merda vocês e me deixem ser esfomeada!' Falei com a boca cheia fazendo todo mundo rir.
'Vai ficar gorda!' Ele apertou minha barriga e eu lhe dei um tapa no braço.
'Que é? Vai me abandonar por causa de uns quilinhos a mais, é? Tá comigo só porque eu sou linda e gostosa?' Perguntei fazendo uma cara convencida e Arthur riu.
'Quase isso!' Respondeu dando língua e eu mandei o dedo do meio.
'Mãe.' Diego me chamou e quando eu olhei vi que ele tentava imitar meu gesto fazendo os outros cinco rirem.
'Não, meu amor. Isso é feio, não faz isso, tá bom?' Falei enquanto Arthur ria. 'Pára de rir, a culpa é sua!' O empurrei levemente e ele botou Diego no colo o impedindo de tentar imitar meu gesto.


'Amiiga, finalmente!' Falei indo abraçar Sophia quando ela e Micael surgiram de dentro da casa. 'Pensei que tivessem desistido de vir, aconteceu alguma coisa com a irmã do Micael?' Perguntei preocupada e ela balançou a cabeça negando.
'Nah, parece que ela bebeu um pouco demais e tava lá passando mal, daí o Micael ficou pra ajudar.' Ela deu de ombros e eu concordei.
'Hey, mamãe!' Micael me deu um beijo na bochecha e eu sorri.
'Nossa, faz tempo que você não me chama assim!' Nós rimos. 'Ah, Micael, você também trouxe violão! A gente pode fazer um luau mais tarde!' Falei animada quando reparei o violão nas mãos de Micael.
'Olha, uma idéia boa vinda da cabeça da Lu!' Pedro me provocou rindo e eu quase mandei dedo, mas lembrei que Diego iria querer me imitar novamente. Me aproximei dele enquanto ele ria e dei um pedala em sua cabeça. 'Outch, eu tava brincando sua agreste!' Ele passou a mão pela cabeça e eu dei língua me sentando novamente.
'Amor, pega meu moletom que tá lá no sofá da sala?' Arthur pediu fazendo cara de criança.
'Você faz de propósito, né? Só porque eu acabei de sentar!' Bufei e me levantei entrando na casa. O moletom vermelho de Arthur estava ao lado da minha bolsa, e como estava começando a ficar frio eu também peguei meu pequeno casaco que eu tinha colocado na bolsa.
'Lu, trás mais duas cervejas!' Micael gritou do lado de fora da casa e eu rolei os olhos.
'Vou começar a cobrar!' Gritei de volta e fui até a cozinha. Quando abri a geladeira vi que tinha mais cerveja do que comida lá dentro. 'Esse povo só faz beber.' Comentei baixo fechando a geladeira e me assustei quando vi Arthur encostado na bancada.
'Seria minha namorada doida por ficar falando sozinha?' Ele fez uma cara pensativa.
'Seria meu namorado um babaca por ficar me seguindo silenciosamente?' Imitei a cara dele.
'Ah, então vai continuar me chamando de babaca?' Ele segurou em meu braço e me puxou pra perto dele enquanto eu rolava os olhos.
'Vou.... babaca!' Falei de novo dando de ombros. 'Arthur, o Micael pediu pra levar as cervejas, quer falar logo porque você veio até aqui?' O olhei com a sobrancelha arqueada e ele sorriu de lado.
'Na verdade, além daquelas duas eles querem mais outras duas cervejas, e como eu sei que você não vai conseguir levar todas elas sozinhas, eu vim ajudar.' Ele me deu um selinho rápido. 'E eu não tava te seguindo silenciosamente, Lua.'
'Hm.. sei!' Falei sorrindo.
'Bobona.' Outro selinho.
'Babaca!' Me afastei dele jogando seu casaco que estava em meus ombros em seu rosto. 'Toma logo seu casaco e pega as cervejas antes que eles pensem que estamos tentando fazer outro filho... de novo!' Nós rimos.
'E a gente pode mesmo tentar!' Ele falou malicioso depois de vestir seu casaco.
'Podemos, mas não vamos.' Lhe entreguei duas latinhas de cerveja e lhe dei um selinho rápido.
'Chata!' Ele resmungou baixo e eu ri enquanto voltávamos pra fora da casa.


'Tá começando a ficar escuro, e esse friozinho tá tão bom, alguém topa o luau?' Mel perguntou de repente. O sol começava a desaparecer no horizonte e o céu estava limpo sem riscos de chuva. Os meninos estavam discutindo sobre a reunião com a gravadora enquanto nós prestávamos atenção e riamos de alguns comentários.
'Ai, vamos. Esse papo sobre reunião me deixa nervoso!' Micael riu.
 'Ok, vou pegar algumas toalhas pra sentarmos na areia.' Mel concordou entrando em casa rapidamente e saindo minutos depois com três toalhas grandes.
'Ai que frio!' Falei me levantando e Arthur passou o braço por meus ombros com Diego no colo.
'Vamos tocar violão?' Ele perguntou animado e Arthur confirmou sorrindo. 'Oba!'
'Não tá com frio, meu amor?' Perguntei observando que ele usava uma bermuda e uma blusa de manga comprida.
'Não.' Diego negou dando de ombros.
'Certo, que musica a gente começa?' Chay perguntou depois que todo mundo estava sentado nas toalhas que foram colocadas em frente a dois troncos de arvores que tinham por ali.
'All About You.' Sophia falou me olhando e sorrindo.
'Hm.. nem imagino porque!' Micael falou prendendo o riso e me olhando também me fazendo ficar completamente sem graça já que depois dessa todo mundo olhou pra mim.
'Vocês tão me deixando sem graça.' Falei escondendo meu rosto com as duas mãos e todo mundo riu.
'Tá, então vamos homenagear a Lu!' Chay falou rindo e eu dei língua.
 Eles começaram, a tocar e cantar enquanto Eu, Sophia, Mel e Rayana cantávamos baixinho acompanhando. Já tínhamos ouvido eles tocarem em alguns ensaios, e já tínhamos a maioria das musicas deles memorizadas.
"I want to touch you..." Micael começou rindo e os meninos começaram a tocar I Want To Touch You, a paródia de All About You.
"Groping on the studio floor, I want to touch yoooou…" Os quatro praticamente gritaram, nos fazendo rir.




'Quer dar uma volta?' Arthur perguntou baixo enquanto todo mundo estava distraído prestando atenção em suas devidas conversas. Os meninos já tinham parado de cantar, Sophia e Micael estavam mostrando pra Diego como tocar violão, quer dizer, Micael estava já que Soph também não sabe, e os outros estavam conversando e rindo.
'Hm... eu quero!' Falei sorrindo ainda sentada entre as pernas de Arthur e me virei para lhe dar um selinho. Nos levantamos e eu caminhei até onde Diego estava sentado no colo de Micael. 'Amor, papai e mamãe vão caminhar pela praia, quer ir?' Ele nem tirou os olhos das cordas do violão, apenas negou balançando a cabeça.
'Divirta-se.' Sophia sorriu me fazendo rir.
'Ele não quer ir?' Arthur perguntou quando eu o puxei pela mão e eu neguei com a cabeça.
Caminhamos em silêncio por alguns minutos ouvindo apenas o barulho de carros que o vento carregava. Prendi meu cabelo em um coque antes que ele saísse do controle e puxei as mangas do casaco até minhas mãos.
'Ai que friiio!' Falei esfregando meus braços.
'Eu sei um jeito de te esquentar!' Arthur sorriu de lado.
'Arthur!' Dei um tapinha em seu ombro rindo.
'O quê? Você nem sabe o que é!' Ele fez uma cara indignada e eu dei de ombros. 'Vou contar até três pra você correr, senão...' Ele riu.
'Senão o que, Aguiar?' Perguntei um pouco desesperada e ele fez um gesto com a cabeça indicando a água que devia estar congelando. 'Nem pense nisso.' Falei sacudindo a cabeça.
'Um...' Ele falou contando e mostrando os dedos. 'Dois...' Ponderei por um segundos olhando dele pra água. 'Três!' Ele gritou ao mesmo tempo em que eu comecei a correr e rir. Incrível como eu nunca consigo correr e controlar minha risada, por isso que eu sempre perco.
'Arthur, pára! Eu não vou conseguiiiir!' Gritei correndo ainda mais rápido. Normalmente ele já teria me alcançado, mas provavelmente ele estava fazendo um esforço pra me deixar escapar por algum tempo. Ou não por muito tempo já que um minuto depois ele me alcançou me pegando pela cintura e me tirando do chão.
'Há-há!' Ele falou sem me botar no chão. 'Será que a água tá muito gelada?'
'NÃO!' Gritei tentando sair do abraço dele. 'Isso não, Arthur. Eu consegui correr de você por quase três minutos!' Falei tirando o cabelo do rosto já que no meio da corrida ele já estava solto e bagunçado.
'Ok, ok. Vou deixar passar só dessa vez!' Ele me botou no chão ainda segurando em minha cintura e eu virei de frente pra ele.
'Cansei!' Falei inspirando uma grande quantidade do ar gelado em minha volta.
'Ainda tá com frio?' Ele arqueou a sobrancelha e eu sorri negando. 'Há, viu? Sou um gênio!' Ele fez uma cara convencida.
'Tá bom, gênio.' Falei revirando os olhos. 'Acho que a gente se distanciou um pouco demais da casa.' Tentei enxergar de longe onde os outros estavam sentados, mas não consegui ver nada. 'Ah, não. Andar tudo de novo, to cansada!' Falei sentando bruscamente na areia e Arthur me olhou.
'Ué, e vai ficar sentada aí?' Ele olhou para a mesma direção que eu tinha olhado, também tentando enxergar alguma coisa.
'Ah, vai. Só um pouco, senta aqui.' O puxei pela mão e ele suspirou antes de sentar atrás de mim me fazendo ficar entre suas pernas. Arthur passou os braços por minha cintura e encostou o queixo em meu ombro.


'Adoro esse silêncio.' Falei baixo depois de alguns minutos. O vento soprava mais fraco e o barulho dos carros havia cessado.
'Então porque quebrou?' Arthur perguntou num tom óbvio me fazendo rir.
'Chato.' Apertei sua bochecha e mesmo sem conseguir ver seu rosto sabia que ele tinha feito uma careta.
'Eu tava pensando em uma música.' Ele falou vagamente.
'Qual?'
'Não tem nome ainda, eu só pensei em um trecho, um refrão pra ela.' Arthur balançou a cabeça.
'Hm... fiquei curiosa.' Me virei um pouco de lado, ainda no meio de suas pernas, de modo que pudesse ver seu rosto. 'Canta!' Sorri.
'Ah, não tem ritmo ainda.' Ele deu de ombros.
'Então apenas fala, ué.'
'Ok.' Ele suspirou. "Cuz I've got you, to make me feel stronger when the days are rough and an hour seems much longer." Ele me olhou com uma careta de duvida e eu sorri.
'É linda.' Falei sincera e ele sorriu. 'Só tem isso?'
'Nop, tem mais um pouco, ela tá muito incompleta.' Ele entortou a boca.
'Vai, fala o resto.'
"I never doubted you at all, the stars collide will you stand by and watch them fall? So hold me till the sky is clear…" Ele parou. 'Não consegui achar nada pra rimar.' Ele fez bico e eu ri.
'Hm... vamos pensar em alguma coisa pra rimar com isso.' Fiz uma cara pensativa e ele riu.
'Virou compositora agora?'
'Quê? Tá duvidando da minha capacidade de compor músicas? Acha que só você pode escrever coisas lindas?' Dei língua.
'Tá, esquece isso. Depois eu tento terminar a música.' Ele deu de ombros e voltou sua atenção pro lago à nossa frente. Ficamos em silêncio por mais alguns minutos, até eu me virar pra Arthur.
"And whisper words of love right into my ear." Falei sorrindo, mas ele me olhou sem entender. 'A música, Arthur. "So hold me till the sky is clear and whisper words of love right into my ear."' Cantarolei sorrindo e ele me olhou por alguns segundos.
'Hey, ficou bom!' Ele falou impressionado e eu sorri.
'Há, eu é que sou uma gênia!' Me virei mais um pouco de frente pra ele batendo palmas empolgada enquanto ele ria.
'Tem mais uma parte pequena!' Ele falou baixo e eu lhe dei um tapinha no braço.
'Você ia esconder de mim!!' Ele riu.
"Looking in your eyes, hoping they won't cry and even if they do, I'll be in bed so close to you." Ele falou o trecho da musica olhando em meus olhos embaralhando meus pensamentos. Fiquei alguns segundos estática encarando seus olhos. 'Lu?' Ele falou em duvida.
'Ahn?' Pisquei os olhos. 'Ah, sim, erm...' Fiquei desconcertada repassando o trecho que ele acabara de falar em minha mente. "To hold you through the night and you'll be unaware?" Falei em duvida a primeira coisa que veio em minha cabeça e Arthur sorriu.
"Looking in your eyes, hoping they won't cry and even if they do, I'll be in bed so close to you. To hold you through the night and you'll be unaware…" Ele parou por alguns segundos. "But if you need me I'll be there." Ele sorriu.
'Yay, somos fodas!' Falei rindo. 'Mas... você consegue lembrar de tudo?' Perguntei em duvida.
'Claro que consigo, Lu.' Ele riu. 'Agora só preciso de um começo pra ela, e um ritmo legal.' Ele ficou pensativo por alguns instantes enquanto eu observava o horizonte. '"When the nights are long they'll be easier together." É uma frase legal também.' Ele sorriu me olhando e eu concordei.
'Como você consegue escrever coisas tão lindas?' Perguntei baixo encostando minha cabeça em seu ombro e ele sorriu, mas ficou calado. 'Responde.' Cutuquei a cintura dele que se encolheu rindo.
'Conseguindo, ué.' Ele sorriu me olhando enquanto me abraçava pela cintura. 'Você também conseguiu.' Ele deu de ombros.
'Ná, eu só consegui algumas frases pra rimar, as partes lindas são todas suas.'
'E no que você pensou pra conseguir as frases que rimassem?' Ele me olhou novamente e eu arqueei a sobrancelha.
'Em nada, só nas palavras pra rimar.' Dei de ombros. 'Você pensa em que?' O olhei e ele balançou a cabeça sorrindo.
'Nada, amor... nada!' Ele me abraçou mais apertado e eu nem tive coragem de perguntar de novo. Ele ainda me deixava completamente sem ar toda vez que me chamava de amor, e ainda com o perfume dele me intoxicando, meu cérebro simplesmente fica incapaz de funcionar direito.


'Acho melhor a gente voltar.' Arthur falou me despertando. Eu havia praticamente dormido com a cabeça encostada em seu peito e seus braços em volta de mim.
'Aqui tá tão bom!' Falei sem abrir os olhos e ele riu.
'Amor, a gente já tá aqui há quase uma hora, daqui a pouco ele vêm aqui nos procurar.' Ele se afastou um pouco e eu abri meus olhos o encarando. 'Vamos?' Arthur perguntou já se levantando e eu resmunguei baixo enquanto ele me dava a mão para ajudar a me levantar.
Caminhamos de mãos dadas em silêncio até a casa que já estava toda acesa e não tinha mais ninguém do lado de fora. Quando estávamos quase entrando uma chuva fina começou a cair nos fazendo correr para não nos molharmos.
'Nossa, bem na hora!' Falei rindo quando entramos.
'A criança de vocês tá quase dormindo ali.' Pedro apontou pra Diego no colo de Micael que lutava para manter os olhos abertos.
'Ih, acho que é hora de nos recolhermos!' Arthur riu. Caminhei até Micael e sorri pegando Diego de seu colo. Ele não falou nada, apenas encostou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos.
'Amor, vamos também?' Sophia perguntou vendo Micael concordar.
'Então vamos todos!' Pedro falou rindo.
Nos despedimos e entramos cada um em seus devidos carros. Diego pegou no sono logo depois que o carro começou a se movimentar. A chuva tinha se intensificado um pouco e o som do carro estava ligado em alguma estação, mas estava tão baixo que a musica se tornou irreconhecível. Observei os faróis acesos dos carros que passavam e depois virei pra Arthur lembrando que ele me devia uma resposta.
'É em mim que você pensa?' Perguntei baixo e ele demorou alguns segundos para me olhar sorrindo.
'Sempre.' Ele beijou minha mão, entrelaçando na sua e eu encostei minha cabeça em seu ombro fechando meus olhos e deixando o sono tomar conta de mim.

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