quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

26º Capitulo - Addicted

Acordei ouvindo o barulho da chuva batendo fortemente na janela e me encolhi embaixo do cobertor, o quarto estava todo fechado e ainda assim o frio era congelante. Fechei os olhos tentando dormir de novo, até lembrar que Sophia tinha dormido ali comigo. Me sentei percebendo que o lado em que Sophia dormira agora estava vazio e esfreguei meus olhos numa tentativa de despertar completamente. Fui até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes, depois vesti uma calça de moletom e um casaco enorme de Arthur que estava impregnado com o perfume intoxicante dele.

Ouvi um barulho vindo do quarto de Diego e fui até lá encontrando ele e Kat brincando no chão.
‘Bom dia, Kat!’ Sorri educadamente e ela retribuiu. ‘Hey, bom dia meu príncipe!’ Peguei Diego no colo beijando sua bochecha.
‘Bom dia, mãe!’ Ele sorriu com as mãos em minha bochecha e eu ri.
‘Kat, brigada por ter passado a noite aqui com o Diego. Hoje eu vou ficar em casa, então você pode ir!’
‘Brigada, Lu!’ Ela sorriu e saiu do quarto.

Fiquei algum tempo brincando com Diego, mas senti meu estomago roncar e resolvi ir até a cozinha comer alguma coisa. Quando passei pelo quarto de hospedes vi que a porta estava aberta e Arthur não estava lá. Caminhei lentamente até a cozinha e o encontrei tomando café com o olhar completamente perdido.
‘Yey! Bom dia!’ Falei sorrindo fraco e ele me olhou ainda um pouco perdido. Ele devia estar em outra galáxia, só pode.
‘Boa tarde.’ Ele também sorriu apontando o relógio que já passava do meio dia.
Botei um pouco de café na xícara e me sentei ao seu lado na mesa da cozinha.
‘A Sophia saiu um pouco antes de você acordar.’ Ele cortou o silencio e eu concordei balançando a cabeça. ‘O que aconteceu... ontem?’ Ele perguntou um pouco receoso e eu lembrei de James.
‘Nada.’ Falei baixo. ‘Só não tava me sentindo muito bem.’ Encarei seus olhos que tinham um pouco de preocupação e sorri.
‘Preciso te ensinar a beber, Lu!’ Arthur fez uma cara convencida e eu dei língua.
‘Há-há, palhaço!’ Ri. ‘Vai sair hoje?’ Desviei o assunto.
‘Nop, to cansado.’ Ele deu de ombros e eu concordei silenciosamente.
Diego apareceu na cozinha e Arthur o carregou colocando-o em cima da bancada.
‘Tá com fome, campeão?’ Diego concordou freneticamente e eu ri.
‘Esfomeado igual ao pai.’ Falei baixo.
‘Eu ouvi isso, Lua!’ Arthur falou num tom ameaçador me fazendo rir alto. Ele voltou a sentar ao meu lado, dessa vez com Diego no colo e o ajudou a comer um sanduíche. ‘E você, vai sair hoje?’ Ele me olhou e eu neguei com a cabeça.
‘Não to com muito saco.’ Dei de ombros.
‘Quer fazer alguma coisa?’ Ele sorriu e eu tive que me controlar pra não escancarar um sorriso maior que a minha cara.
‘Defina
alguma coisa!’ Falei rindo.
‘Hm, ver filmes idiotas e comer a tarde toda!’ Ele fez uma cara de criança e eu balancei a cabeça sorrindo.
‘Ai céus, eu convivo com duas crianças.’ Ele deu língua. ‘Besteirol americano com pipoca e chocolate?’ Falei sugestiva e Arthur abriu um sorriso imenso.
‘Isso!’ Ele bateu a mão na mesa e eu ri.
‘A gente tem que ir na locadora.’ Falei vagamente e ele concordou. ‘Vou tomar banho.’ Mandei beijos no ar e corri pro quarto.

Tomei um banho rápido e quando voltei pro quarto Arthur e Diego estavam brincando em cima da cama.
‘Yey, demorei demais foi?’ Perguntei olhando o relógio e Arthur sorriu.
‘Nop, eu já tinha tomado banho, só vesti uma roupa!’
‘Ok, deixa eu pegar o moletom.’ Falei pegando novamente o moletom grande de Arthur e vestindo.
‘O
meu moletom por sinal!’ Ele sorriu convencido e eu dei língua.
‘Ele é grande e quentinho!’ Fiz uma voz boba.
‘E tem meu perfume.’ Ele piscou e eu quis enfiar minha cabeça em algum buraco.
‘Besta.’ Dei língua sentindo meu rosto queimar e imaginando o quão vermelha eu estava.
‘Adoro te deixar sem graça.’ Ele deu um risadinha e eu mandei o dedo do meio.

‘Você se acha muito, Arthur Aguiar. Sua moral não tá tão alta assim!’ Falei já no hall do lado de fora do apartamento e ele arqueou a sobrancelha. ‘Pois é!’ Falei dando de ombros, mas sorri.
‘Então tá, Lu. Você finge que me engana e eu finjo que acredito.’ Ele sorriu.
‘Ah, vai pra merda, Arthur!’ Dei um soquinho em seu braço e ele riu alto.
Fomos o curto caminho até a locadora em silêncio, só se ouvia o barulho da chuva forte batendo no carro.
‘Preparada pra tomar chuva?’ Arthur sorriu e eu olhei em duvida pra Diego. ‘Vamos tomar chuva?’ Ele também olhou pra Diego que sorriu.
Arthur parou o carro o mais próximo possível da porta da locadora. Ele pegou Diego no colo e contou até três pra sairmos do carro correndo.
‘Chuva!’ Diego falou sorrindo quando entramos na loja.

Os poucos segundos que tomamos chuva foram suficientes pra molhar completamente nossos cabelos. Arthur chegou perto de mim e sacudiu a cabeça.
‘AAAI, idiota!’ Comecei a dar tapinhas no braço dele que se defendia rindo com Diego no colo. ‘Vai ter troco!’ Falei tentando ficar séria e ele me deu um pedala fraco.
‘Vamos logo pegar o filme!’ Ele botou Diego no chão que correu pra um pequeno espaço que era reservado pra crianças. Arthur passou um braço por meus ombros e me puxou até a parte de filmes de comédia. ‘American Pie?’ Ele pegou um dvd e eu fiz careta.
‘Nop, já enjoou.’
‘É, também acho.’ Ele sorriu e botou novamente o dvd na estante. Ficamos olhando a imensidão de filmes na nossa frente por alguns instantes. ‘Procurando Nemo!’ Arthur quase gritou.
‘Como se não bastasse suas Tartarugas Ninjas, né?’ Falei rindo.
‘Ah, nem vem, Lu. Eu sei que você também adora as Tartarugas Ninjas!’ Ele sorriu bobo e eu dei língua.
‘Ok, só porque eu gosto da Dorie!’ Falei pegando o dvd da mão dele. ‘Agora escolhe outro que não seja desenho animado.’ Falei com uma cara pensativa.
‘Opa, já sei!’ Arthur deu um risinho safado e quando olhei ele estava indo pra uma parte reservada com uma plaquinha “
Proibida entrada de menores de 18 anos”.
‘Arthur, não!’ Falei baixo controlando meu riso. Ele sorriu pra mim e entrou na área de filmes pornográficos. ‘Arthur Aguiar, sai daí!’ Falei num tom ameaçador sem entrar na área reservada. Ele fingiu que não me ouviu e continuou olhando os filmes fazendo caras e bocas.
‘Olha esse!’ Ele deu um sorriso safado e me mostrou um dvd com duas mulheres nuas se beijando.
‘Aguiar!’ Fiz careta e tentei o puxar pra fora daquela área.
‘Uuuh, esse aqui é melhor!’ Dessa vez ele mostrou um com três mulheres e um homem na cama, todos pelados.
‘Arthur, seu idiota!’ Afastei o braço dele e fechei os olhos. ‘Larga de ser pervertido!!’ Dei um soquinho no braço dele que ria da minha cara. ‘Cara, se alguém me vir aqui, eu juro que te mato!’ Falei olhando em volta, mas a locadora estava vazia.
‘Qual o problema? Somos um casal em busca de novas aventuras!’ Ele deu de ombros.
‘Só se for você em busca de baixarias né? Eu não estou nem um pouco interessada nessas pornografias.’ Balancei a cabeça e ele riu. Cruzei os braços e fiquei o observando olhar algumas capas de dvd’s e rir.

‘Pronto?’ Perguntei quando ele me olhou, já fazia uns 10 minutos que estávamos ali.
‘Ok, ok, você venceu!’ Ele caminhou até mim. ‘Duuuude, como você é chata!’ Ele me abraçou forte fazendo com que meu rosto ficasse encostado em seu peito.
‘Cara, porque eu tinha que arranjar um pai pervertido pro meu filho?’ Falei rindo o olhando enquanto ele ainda me abraçava forte e caminhava novamente para a parte de filmes de comédia, me fazendo andar de costas.
‘Você preferia um nerd que fala 10 línguas diferentes, passa o dia lendo livros e fazendo experiências medonhas num laboratório?’ Ele arqueou a sobrancelha me fazendo rir.
‘Ew, não!’ Me soltei dele fazendo careta.
‘Então não reclama.’ Dei língua e ele sorriu.
‘Qual vai ser?’ Perguntei parada em frente e uma estante cheia de dvd’s. Ele suspirou e me abraçou por trás colocando as mãos dentro do bolso do meu casaco.
‘Hm, vejamos...’ Ele olhava atentamente e eu sentia sua respiração bater em meu ouvido fazendo minhas pernas ficarem moles. ‘Todo Mundo em Pânico já encheu o saco. Entrando Numa Fria?’ Ele me olhou em meio a uma careta e eu neguei balançando a cabeça.
‘Tá Todo Mundo Louco!’ Falei alto pegando o dvd. ‘Nossa, eu amo esse filme. É com Mr. Bean!’ Olhei sorrindo pra Arthur.
‘Você já assistiu mais de três vezes?’ Ele perguntou olhando a capa.
‘Mais de dez.’ Fiz uma cara sapeca e ele riu.
‘Tem certeza que quer ver de novo?’
‘Se você quiser, eu vejo.’ Dei de ombros sorrindo.
‘Ok! Pela sua animação ele deve ser bom!’ Eu confirmei sorrindo.
‘Mãããe, Bob Esponja.’ Diego levantou a mão com o dvd do Bob Esponja. ‘Quero ver!’ Ele sorriu e eu peguei o dvd.
‘Oba! Bob Esponja!’ Arthur olhou o dvd sorrindo eu bufei dando risada. Às vezes Arthur consegue ser pior que o Diego. ‘Vamos?’ Ele pegou os dvd’s da minha mão, eu sorri confirmando e peguei Diego no colo.
‘A chuva tá fraca agora!’ Falei olhando pra fora da loja.

As ruas estavam um pouco engarrafadas então demoramos um pouco para chegar novamente em casa. Diego correu pra ligar a televisão e falou que queria ver Bob Esponja logo.
‘Arthur, coloca pra ele enquanto eu troco de roupa!’ Ele confirmou e eu sorri agradecida. Fui para o quarto e troquei a calça jeans pela mesma calça de moletom que eu vestia antes de sair. Apesar de a chuva estar fraca, o frio ainda era cortante. ‘Alguém quer pipoca?’ Falei indo em direção a cozinha e os dois levantaram o braço sem tirar os olhos da tv.
Fiquei sentada no sofá observando a empolgação de Diego e Arthur com o filme, às vezes parecia que eles iam entrar na tela. Eu assisti apenas algumas partes, alternava minha atenção entre uma revista e a televisão.

‘Acabou!’ Diego falou fazendo bico e eu o puxei mordendo sua bochecha e fazendo cócegas. ‘Páára, mãe!’ Ele riu.
‘Quer ver filme com a mamãe e o papai?’ Perguntei parando de fazer cócegas e ele mexeu a cabeça confirmando. ‘Vamos ver Nemo!’ Sorri pra Arthur e ele concordou botando o filme.
Diego sentou entre mim e Arthur, e pra variar no meio do filme senti um peso no meu braço, quando virei minha cabeça vi Diego dormindo profundamente.
‘Arthur!’ O chamei rindo e apontei Diego praticamente babando em meu braço. Ele riu e deu pause no filme.
‘Vou levar ele pro quarto!’ Arthur se levantou e pegou Diego cuidadosamente no colo. Minutos depois ele voltou e sentou ao meu lado no sofá.
‘Ele sempre dorme no meio dos filmes.’ Falei rindo.
‘Não quero mais ver Nemo!’ Ele me olhou e eu rolei os olhos. ‘Quer fazer mais pipoca?’ Ele sorriu.
‘Ai céus, você me dá mais trabalho que o Diego!’ Me levantei e fui até a cozinha enquanto ele ria. Peguei mais um saco de pipoca e botei no microondas, enquanto esperava separei algumas barrinhas de Kit Kat e peguei duas latas de Coca.

‘Kit Kat!’ Os olhos de Arthur brilharam quando ele entrou na cozinha.
‘São meus!’ Peguei as barrinhas que estava em cima da mesa e as abracei. Olhei pra Arthur que estava fazendo bico, confesso que quase derreti quando ele fez aquela carinha de menor abandonado pedindo esmola na rua. ‘Tá, te dou uma!’ Estendi uma barrinha pra ele.
‘Só uma? Que egoísta!’ Ele pegou a barrinha da minha mão reclamando. Arthur fez menção de se aproximar pra pegar as outras barrinhas da minha mão e eu me afastei. ‘É melhor começar a correr!’ Ele deu um risinho.
‘NÃO! De novo não, nem vem!’ Falei alto rindo e ele arqueou a sobrancelha. ‘Por favooor!’ Fiz voz de criança e ele balançou a cabeça negando. ‘Ai, merda!’ Falei antes de começar a correr e ele vir atrás.
Contornei o sofá da sala e voltei pra cozinha. Eu mal enxergava as coisas na minha frente de tanto que eu ria, enquanto Arthur falava coisas ameaçadoras como
“vou comer todos” ou “você vai perder”.

‘Há!’ Ele conseguiu me agarrar pela cintura e me levantou no ar.
‘Arthur, me solta! Deixa meus chocolates em paz!’ Falei rindo fazendo-o rir também. Ele me abraçou por trás tentando pegar os chocolates enquanto eu me encolhia fugindo das mãos dele. ‘São meeeus!’ Eu ria mais do que falava, meus olhos já estavam cheios de lágrimas.
‘Já sei!’ Ele gritou e na mesma hora me deu uma rasteira me derrubando no chão e caindo em cima de mim, por sorte eu consegui cair de joelhos, senão teria esmagado todos os chocolates.
‘Não vai pegar!’ Falei tentando morder seu braço que ainda tentavam alcançar os chocolates.
‘Aaaai!’ Ele gritou rindo quando sentiu meus dentes em sua pele. ‘Agora vai ter troco!’ Num movimento rápido ele conseguiu pegar quase todos os chocolates de minha mão.
‘Te odeio, Aguiar!’ Falei deitando no chão ainda tentando parar de rir.
‘Há, eu sou foda!’ Ele levantou as mãos com chocolates e eu dei língua. ‘A pipoca!’ Ele se levantou rápido e correu pra cozinha.
Eu continuei deitada no chão observando o teto com minha respiração descompassada.
‘Lu, me ajuda aqui!’ Arthur gritou da cozinha e eu me levantei para ajudá-lo.

Minutos depois já estávamos os dois sentados no chão da sala com um imenso balde de pipoca e chocolates espalhados pelo chão.
Arthur toda hora tinha uma crise de risos com o filme, e eu apesar de já ter visto incontáveis vezes também acaba rindo, às vezes mais por causa da risada dele, do que pelo que acontecia no filme.
‘Minha barriga tá doendo de tanto rir!’ Ele falou já quase no final do filme.
‘Sua barriga tá doendo é de tanto comer, Arthur!’ Ri da careta que ele fez.
Voltei a prestar atenção no filme, até uma pipoca voar em minha direção. Dei um risinho e joguei uma pipoca em Arthur também. Ele riu baixo e de novo jogou outra pipoca em mim. Parecíamos duas crianças.
‘Pára, bestão!’ Falei rindo. Ele ao invés de parar encheu a mão de pipoca e jogou na minha cabeça. ‘Aguiar! Não acredito que você fez isso!’ O olhei boquiaberta e ele riu alto.
‘Agora seu cabelo vai ficar com um cheirinho bom de pipoca e manteiga!’ Ele ria descontroladamente e eu comecei a dar tapas nele em todos os lugares que eu podia.
‘Te odeio! Te odeio! Te odeio!’ Eu falava e dava tapas nele que já estava todo encolhido e ainda assim ria. Peguei o braço dele e mordi com força.
‘AAAAAAAAI! Cara, sua mordida dói!’ Ele passou a mão pelo braço.
‘É a intenção!’ Falei dando língua. ‘O filme acabou!’ Apontei pra tv que estava passando os créditos.
‘Você me fez perder o final!’ Ele fez uma voz de criança e eu dei de ombros me levantando.
‘Bem feito!’ Ri e fui pra cozinha levando a bacia de pipoca vazia e os papéis de chocolate. ‘Me ajuda aí, ô inútil! Trás as latinhas!’ Falei alto e ele entrou na cozinha.
‘Você vai ver quem é o inútil!’ Ele falou rindo num tom ameaçador.
‘Ah, não! Nem vem com essa de correr atrás de mim!’ Ri e ele me deu um pedala.

Enquanto eu lavava algumas coisas que estavam na pia ele sentou na bancada e ficou me olhando.
‘Que é?’ Arqueei a sobrancelha já sentindo meu rosto arder.
‘Nada!’ Ele sorriu fofo e continuou me olhando.
‘Pára! Não gosto que fiquem me olhando!’ Falei sem graça e ele riu. ‘É sério!’ Joguei um pouco de espuma nele e acabou voando mais do que eu esperava.
‘Lua, não acredito!’ Ele desceu da bancada com espuma até no cabelo e eu comecei a rir. ‘Vai rindo, vai!’ Ele chegou perto de mim e passou espuma no meu nariz. Eu nem consegui xinga-lo de tanto que ria. Arthur pegou mais um monte de espuma e passou pelas minhas bochechas.
‘Não, Arthur!’ Afastei meu rosto rindo. Me encostei na bancada com a mão cheia de espuma tentando inutilmente limpar meu rosto. ‘Sai, não me suja mais!’ Falei me encolhendo quando Arthur chegou perto de mim.
‘Vem cá, bestona!’ Ele pegou meu rosto delicadamente e começou a passar um pano limpando.
‘Brigada!’ Falei sorrindo fraco.

Eu sentia ele passar o pano carinhosamente por meu rosto enquanto sua outra mão segurava em meu queixo me fazendo ficar com o rosto erguido e encarar seus olhos. Tive a impressão de sentir seu rosto cada vez mais próximo ao meu, e só consegui confirmar quando senti seu nariz tocar o meu.
Respirei fundo fechando os olhos e segundos depois senti sua boca encostar na minha. Botei minhas mãos cuidadosamente em volta de seu pescoço, enquanto ele me abraçava pela cintura me prensando mais contra a bancada. Sua língua passou pela minha boca pedindo permissão e eu a abri devagar sentindo novamente o gosto dele fazendo com que o velho formigamento percorresse meu corpo.
Arthur levantou um pouco o meu moletom e acariciou minhas costas me fazendo soltar um gemido baixinho. Eu brincava com seus cabelos ao mesmo tempo em que acariciava sua nuca e percebia ele sorrir.
Ficamos nos beijando por minutos e mais minutos, e em momento nenhum passamos disso, estávamos fazendo tudo devagar, sabíamos o que sentíamos um pelo outro e acima de tudo havia respeito entre a gente.

Me afastei lentamente sentindo ele morder levemente meu lábio inferior e sorri quando ele voltou a me beijar me impedindo de quebrar o beijo. Arthur levou uma das mãos até meu rosto e acariciou minha bochecha com o polegar, eu o puxei pelo cós da bermuda fazendo com que nossos corpos ficassem ainda mais colados, o que antes me parecia impossível.
Ele novamente mordeu em meu lábio, depois me deu um selinho e foi beijando minha bochecha até chegar um meu ouvido e dar uma mordidinha fraca. Eu o abracei forte e ele encostou a testa em meu ombro.
‘Senti sua falta.’ Falei sincera e ele suspirou. Acariciei seu cabelo até ele levantar o rosto e me olhar sorrindo fraco.
‘Você é linda!’ Ele falou botando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha me fazendo sorrir boba.
‘Você que é o cara mais incrível do mundo. Eu devo ter feito alguma coisa muito boa pra merecer você, se é que eu realmente mereço.’ Abaixei um pouco minha cabeça e ele riu baixinho. ‘Você faz minha vida valer a pena, Arthur. Você e o Diego!’ Mordi o lábio olhando em seus olhos e ele sorriu.
Os olhos dele brilhavam de um jeito diferente que me vez ficar os encarando e não querer nunca mais parar.
‘Brigada por ter entrado na minha vida, e não ter nunca desistido de mim!’ Ele segurou meu rosto com as duas mãos e eu sorri. ‘Você é a melhor coisa que já me aconteceu!’ Ele me deu um selinho demorado e nós ficamos nos encarando durante longos minutos.
Olhar nos olhos dele era como entrar em outra dimensão, era como descansar em um lugar calmo e tranqüilo onde a gente era feliz e nada mais importava. Eu me sentia presa e ao mesmo tempo segura quando encarava seus olhos, mesmo que eu nunca soubesse o que Arthur estava pensando, eu sentia uma onda de sentimentos me invadir, eu percebia que era ali o lugar que eu pertencia e que nada nem ninguém mudaria aquilo. Ele sorriu fraco como se estivesse lendo meus pensamentos e eu acordei dos meus devaneios percorrendo meus olhos por todo seu rosto.

Arthur passou o nariz no meu e depois por minha bochecha me fazendo rir baixinho. Eu tentava entender os sentimentos de dele por mim através de seus gestos e suas palavras, e por mais que eu tentasse encontrar alguma palavra que pudesse definir tudo aquilo, apenas uma martelava em minha cabeça:
amor.
Ele afastou o rosto do meu e me analisou por alguns segundos, foi exatamente como se ele soubesse o que eu tinha pensando.
"Será que eu pensei alto demais?" pensei sentindo meu coração gelar.
'Eu queria saber o que você pensa quando fica assim calada demais.' Arthur falou rindo e eu senti um alivio percorrer meu corpo.
'Nada demais.' Dei de ombros desviando de seu olhar, eu me sentia tão vulnerável à ele que ficava com medo dele conseguir adivinhar meus pensamentos só olhando em meus olhos. 'Só tentando entender.' Falei mais baixo e ele arqueou a sobrancelha.
'Entender o quê?'
'Eu mesma.' O olhei novamente. 'E você também, e tudo isso.' Arthur me encarou por um breve momento e depois desviou o olhar para um ponto qualquer na parede da cozinha.
O abracei pela cintura como se tivesse medo que a qualquer momento ele fugisse e senti seus braços em volta de mim também. Ele suspirou fraco, mas não respondeu nada, senti vontade de perguntar o que ele estava pensando, mas mordi meu lábio pra controlar minha ansiedade.

'Sabe...' Ele me olhou e pensou por alguns segundos. 'Eu acho que já desisti de entender faz tempo.' Sua voz saiu baixa e eu nem tive tempo pra pensar no que ele tinha acabado de dizer, seus lábios já estavam novamente colados nos meus enquanto seus braços me apertavam contra si.
Senti Arthur me puxar fazendo com que eu e desencostasse da bancada e calmamente ele foi me empurrando pra fora da cozinha. Quando nós encostamos no sofá, ele fez com que eu deitasse me segurando pela cintura e depois deitou por cima de mim voltando a me beijar. De tempos em tempos sentia seus dentes puxarem levemente meu lábio inferior me fazendo soltar um gemido baixo.
Eu sabia que Diego poderia aparecer por ali a qualquer momento, mas meu corpo implorava pelo dele. Arthur encaixou uma de suas pernas entre as minhas e segurou forte em minha coxa descendo os beijos pra meu pescoço enquanto minhas mãos desceram até a barra de sua camisa e eu a puxei desajeitadamente pra cima jogando-a em um canto qualquer da sala. Menos de trinta segundos depois a minha camisa também foi jogada em algum canto da sala. Suas mãos passearam livremente por meu corpo e eu o puxei levemente pelo cabelo fazendo com que nossos lábios se encontrassem novamente.
Minha calça de moletom provavelmente seria a próxima peça a voar pela sala, se o barulho do telefone não tivesse preenchido o silêncio. Arthur não pareceu se importar já que continuou me beijando. Um toque. Dois toques. Três toques. Quatro toques. Cinco toques. Seis toques. Secretária eletrônica.

"Arthur, seu merda, celular existe pra quê? Larga de ser inútil e responde minhas ligações, eu preciso falar com você, me liga quando puder!"

A voz de Micael ecoou pela sala e Arthur encostou a testa em meu ombro com a respiração ofegante.
'Merda.' Ele reclamou e eu bufei xingando até a milésima geração do Micael.
'Vai logo, Arthur.' Falei irritada o empurrando pelo peito e ele me olhou por alguns segundos.
'Maldito Micael.' Ele me deu um selinho rápido e se levantou pegando o telefone e indo pro quarto de hóspede.
Fiquei alguns minutos na mesma posição tentando fazer minha respiração voltar ao normal e quando consegui me levantei vestindo minha blusa e peguei a de Arthur que tinha ido parar em cima da televisão.
Quando cheguei na porta do quarto dele o observei caminhar de um lado para o outro enquanto escutava Micael falar qualquer coisa, joguei a camisa pra ele que afastou um pouco o telefone do ouvido e sussurrou um
"desculpe" seguido de mais um dos seus sorrisos fofos. Sorri fraco e me virei em direção ao meu quarto imaginando se aquele telefonema de Micael não tinha realmente evitado que eu fizesse uma besteira.
 'Maldita Perola.' Bufei fazendo careta e fechei a porta do quarto me jogando na cama em seguida.

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