terça-feira, 17 de janeiro de 2012

21º Capitulo - Addicted

Ouvi uma porta batendo e abri meus olhos me assustando com um urso enorme que eu estava abraçada. Levantei um pouco a cabeça e a claridade que entrava pela janela fez com que eu fechasse rapidamente meus olhos. Fiz uma careta botando a mão na cabeça que latejava como se alguém estivesse pisando-a. Virei novamente para o urso ao meu lado e em questão de segundos várias imagens da noite passada invadiram minha cabeça fazendo com que ela latejasse ainda mais forte. Fechei meus olhos com força tentando controlar a dor e tentando fazer a imagem do rosto angustiado e machucado de Arthur sair do meu pensamento. 

Senti um enjôo repentino e a única coisa que consegui fazer foi correr para o banheiro e me ajoelhar em frente ao vaso sentindo a garganta arder enquanto colocava pra fora provavelmente tudo que tinha comido nos últimos dias. Algumas lágrimas rolaram por meu rosto por causa do esforço que eu estava fazendo, minha cabeça ao invés de latejar como se estivesse sendo pisoteada, agora parecia que estava sendo esmagava cada vez com mais força. Fiquei algum tempo ajoelhada respirando pausadamente, até que consegui reunir alguma força para me levantar.
Caminhei até a pia e liguei com força molhando meu rosto com as mãos, a água gelada me fez sentir um pouco melhor e a tontura parecia diminuir aos poucos. Me olhei no espelho apenas pra constatar o que eu já sabia, eu estava um trapo. Meus olhos inchados combinavam com as olheiras e o cabelo que parecia que a anos não via uma escova.
Sequei meu rosto e caminhei lentamente até a sala, uma parte de mim queria desesperadamente encontrar Arthur dormindo por ali, outra parte me dizia que era melhor que ele não tivesse, tempo talvez fosse exatamente o que precisássemos.
A sala estava vazia, assim como a cozinha e o quarto de hospedes, fui até o quarto de Diego e vi que ele ainda dormia, só então me dei conta de que ainda eram sete da manhã. Voltei para o quarto e sentei na cama abraçando minhas pernas e me perguntando aonde Arthur teria ido. Pensei em ligar para o trabalho e inventar uma doença qualquer, mas talvez trabalhar até me fizesse bem, me ajudaria a esquecer um pouco as coisas.

Quando o relógio marcou sete e meia fui acordar Diego, dei banho nele e o vesti com a roupa da escola. Deixei-o na sala brincando e fui tomar meu banho, a água morna me fazia sentir mais relaxada, por mim ficaria horas embaixo do chuveiro, mas o trabalho me chamava. Meia hora depois saí de casa e fui levar Diego na escola, seguindo pro trabalho em seguida.


‘Blanco, se você continuar assim serei obrigada a descontar do seu salário as horas que você anda dormindo em serviço!’ Minha chefe passou pela minha mesa gritando quando eu já estava quase entrando em sono profundo.
‘Não, desculpa Margot, foi apenas um deslize!’ Falei me ajeitando na cadeira e sorri falsamente. Ela rolou os olhos e saiu batendo o salto.
Passei a mão pelo rosto dando leves tapinhas pra me manter acordada e levantei pra pegar a vigésima dose de café em menos de duas horas. Quando voltei pra mesa vi que tinha uma mensagem da Sophia no celular.

“Tudo bem entre você e o Arthur?”

Era o que dizia na mensagem.
Ah claro, tudo ótimo, com o único detalhe que ontem ele ia falar tudo o que eu mais quis ouvir em dois anos e eu simplesmente o impedi e nem sei direito o porquê. E pra piorar ele saiu de casa hoje cedo e eu não faço idéia do que fazer quando encontra-lo. Tirando isso? Tudo as mil maravilhas, melhor impossível.

“Tudo bem. Por quê?”

Ah, não queria falar no assunto, depois eu ia contar pra ela de qualquer jeito. Fora que se a Margot me pegasse trocando mensagens ela descontaria do meu ínfimo salário pelos próximos vinte anos.

“Hm...ele tá aqui na casa do Micael e parece meio mal. O Micael tá conversando com ele.”

Ah, ótimo! Arthur vai falar pro Micael, que depois vai contar pra Sophia, que depois vai me matar por ter mentido pra ela.

“Almoça comigo? Preciso conversar com alguém!”

Não dá pra falar por mensagens de celular né?

“Sabia que tinha alguma coisa! Estarei de esperando meio dia em ponto aí na frente do prédio.”

Como eu posso explicar pra Sophia uma coisa que eu mesmo consigo entender?
Fiquei alguns minutos pensando até ouvir os saltos da Margot se aproximando e fingi fazer anotações alternando meu olhar da tela do computador pro caderno. Ela passou por mim e lançou um olhar de estou de olho em você, sorri falsamente de novo e quando ela virou mandei dedo do meio fazendo com que Jake, um dos meus companheiros de estágio, soltasse um riso abafado.
‘Você não presta, Lu!’ Ele balançou a cabeça e eu dei de ombros rindo.


Os minutos pareciam horas e eu teimava em olhar o relógio de cinco em cinco minutos. A máquina de café me parecia mais atraente a cada minuto, às vezes sentia a impressão de que estava circulando cafeína em minhas veias.
Liguei pra Kat, a babá do Diego, e pedi que ela fosse pegá-lo na escola para que eu pudesse conversar tranquilamente com Sophia. Olhei novamente o relógio no computador constatando que faltavam cinco minutos para o meio dia, nem pensei em mais nada, peguei minha bolsa e saí caminhando apressada.

‘Pontualidade é o seu forte, amiga!’ Soph sorriu pra mim quando eu saí do prédio. Sorri fraco apertando os olhos por causa do sol. ‘Ih, já vi que a coisa foi séria.’ Ela falou num tom de deboche, mas sem sorrir. Eu apenas balancei a cabeça e fui andando até o carro.
Seguimos o caminho até o restaurante em silêncio. Eu porque tinha medo de começar a falar e cair no choro novamente, já Sophia, talvez apenas por ter percebido que eu não queria falar nada naquele momento. Entramos no restaurante e sentamos numa mesa mais afastada, pedi uma água e o garçom sorriu amigavelmente.

‘Então...’ Sophia sorriu me encorajando e eu respirei fundo.
‘Se importa se eu chorar?’ Falei já com lágrima nos olhos. Ela pegou minha mão que estava em cima da mesa e balançou a cabeça negativamente.
‘Ontem... depois que você e o Micael foram embora, nós botamos o Diego pra dormir e o Arthur me perguntou se eu estava com sono. Eu disse que só um pouco e ele me puxou pra sala e botou uma musica super romântica, quando dei por mim já estávamos dançando no meio da sala.’ Sorri lembrando, mas deixei as lágrimas caírem por meu rosto.
O garçom voltou com a água e me olhou estranho, eu balancei a cabeça em agradecimento e ele saiu de perto. Voltei a encarar Soph que me olhava séria.
‘Depois a gente deitou no sofá e ficamos lá, nos beijando, sem segundas intenções e nem nada. Isso é uma das coisas que eu mais gosto nele, sabe? A gente não precisa fazer tudo já pensando em sexo, ele simplesmente deita do meu lado e fica fazendo carinho em mim.’ Falei de uma maneira tão boba que Soph soltou um own me fazendo rir. ‘Até aí tudo bem, mas de repente ele se levantou e começou a falar uma coisas...’
‘Ai meu Deus.’ Sophia soltou minha mão me olhando assustada.
‘Ele parecia nervoso, e começou a falar que esses sete meses que a gente tá junto eram muito importantes.’ Suspirei fechando os olhos e senti o olhar curioso de Sophia sob mim. ‘Soph, ele ia falar, ele ia falar o que eu sempre quis ouvir, e eu... eu...’ Escondi meu rosto com as mãos chorando baixinho. Fiquei alguns segundos assim até sentir Sophia pegar minhas mãos e me olhar séria.
‘Lu, não me diz que você impediu ele de dizer que te ama.’ Confirmei morrendo de medo que ela me desse um tapa na cara ou algo do tipo, mas ela apenas balançou a cabeça bufando e soltou uma risada de descrença.

Ficamos em silêncio durante alguns minutos, Sophia girava nervosamente o anel que estava em seu dedo, enquanto eu ainda soluçava baixinho.
‘Soph, fala alguma coisa, pelo amor de Deus.’ Pedi olhando pras minhas próprias mãos.
‘O que você quer que eu fale?’ Ela perguntou depois de algum tempo. ‘Desculpa, Lu, mas agora eu realmente não posso te consolar. E pára de chorar e vê se acorda pra vida.’ Ele pegou em minha mão sacudindo.
‘As senhoritas vão querer fazer o pedido?’ O mesmo garçom de antes parou em nossa mesa e sorriu.
‘Eu quero o prato do dia.’ Sophia sorriu de volta para ele que balançou a cabeça confirmando e depois olhou pra mim.
‘Tô sem fome.’ Dei de ombros forçando um sorriso e ele se afastou sem fazer nenhuma objeção. Acho que minha cara não estava exatamente amigável naquele momento.
‘Vai se fingir de coitada agora? Vai parar de comer e morrer de anorexia?’ Sophia falou com ironia e eu a olhei séria.
‘Vai pra merda, Sophia.’ Bufei e ela cruzou os braços.
‘Não costumo freqüentar os mesmos lugares que você.’ Ela olhou pras próprias mãos e segundos depois olhamos uma pra cara da outra e começamos a rir.
‘Ainda não tinha ouvido essa, inventou agora?’ Falei sem parar de rir e ela mandou dedo.
‘Pára de rir sua retardada, sua situação é séria.’ Ela tentou ficar séria e eu balancei a cabeça concordando.
‘Eu sei, mas eu precisava dar risada. Meu estoque de lágrimas tá quase acabando.’ Dei de ombros.

Ficamos conversando até o almoço de Sophia chegar, olhei pro prato dela tentando não fazer careta quando meu estomago deu uma volta.
‘Que foi?’ Ela arqueou a sobrancelha e eu forcei um sorriso.
‘Nada. Amiga, eu já volto ok?’ Peguei minha bolsa e ela me olhou estranho.
‘Você vai me deixar almoçando sozinha?’
‘É rápido, prometo!’ Sorri e sai rápido do restaurante. Aquele cheiro de comida e todos aqueles pratos sendo servidos não estavam me fazendo bem.
Corri para o banheiro mais próximo e novamente me ajoelhei em frente ao vaso sentindo minha garganta doer por causa do esforço.
Cuspi algumas vezes e me certifiquei de que não iria fazer tudo de novo e então me levantei saindo da cabine. Fui até a pia e limpei minha boca passando uma água pelo rosto. Ajeitei meu cabelo e suspirei antes de voltar pro restaurante.

‘Viu, foi rápido!’ Sentei em frente à Sophia e vi que ela já tinha praticamente terminado o almoço. ‘Ou talvez nem tanto.’ Sorri sem graça.
‘O que houve?’ Ela me olhou preocupada.
‘Nada!’ Falei naturalmente, evitando olhar pro prato dela. Sophia deu de ombros concordando e voltou a almoçar tranquilamente.
‘Vamos lá pra casa? Daí depois a gente vai pra faculdade juntas!’ Falei sorrindo quando o garçom recolheu o prato de Sophia.
‘Tudo isso pra não correr o risco de Arthur estar em casa e você ficar sozinha com ele?’ Ela arqueou a sobrancelha e eu senti meu rosto arder.
‘Não, claro que não.’ Disfarcei. ‘Claro que não é por isso, Sophia. É apenas pra irmos pra faculdade juntas.’ Dei de ombros e ela riu.
‘Ok, eu vou. Mesmo achando que é por causa do Arthur.’ Ela deu língua. ‘Vou lá pagar.’ Ela se levantou.
‘Paga minha água? Depois eu te dou o dinheiro.’ Sorri.
‘No dia que eu tiver que te cobrar por uma água eu vou preferir pedir esmola na rua, Lua.’ Ela riu e foi até o caixa.


Fui o caminho inteiro até em casa mentalizando que Arthur não estava lá. Quando cheguei em frente ao prédio vi o carro dele estacionado e meu coração começou a disparar.
‘Arthur tá em casa.’ Sophia comentou receosa e eu apenas concordei.
Quando abri a porta de casa Diego veio correndo me abraçar, Arthur estava no sofá vendo tv junto com Micael.
‘Amor, não sabia que você estava aqui!’ Sophia sorriu dando um selinho em Micael.
‘Erm... eu e o Arthur almoçamos juntos, daí acabamos vindo pra cá depois.’ Ele sorriu um pouco sem graça.
‘Hey, Micael!’ Dei um beijo na bochecha dele.
Olhei pra Arthur, e quando nossos olhares se encontraram ele voltou a olhar a tv. Senti meu coração despencar de uma altura incalculável quando reparei em seu olhar magoado. Sophia me puxou pra quarto deixando-os junto com Diego na sala.

‘Céus, o que é isso?’ Sophia perguntou assustada quando viu o enorme urso que Arthur tinha me dado em cima da cama.
‘O Arthur me deu de aniversário.’ Sorri fraco e ela me olhou boquiaberta. ‘Eu só soube depois que já tinha feito a besteira, ok?’ Sentei na cama abraçando os joelhos.
‘Ai, Lu, ele é lindo!’ Ela falou olhando pro urso e eu estendi o cartão que Arthur tinha escrito. ‘E sabe o que é mais estranho?’ Perguntei depois que ela terminou de ler. ‘Uma vez eu disse pra ele que meu trauma de infância era nunca ter recebido um urso gigante.’
‘E o que tem de estranho nisso? Vai ver ele quis curar seu trauma.’ Ela riu.
‘Eu falei isso pra ele antes do acidente, Soph.’ A olhei séria e ela ficou alguns segundos estática me olhando.
‘Você acha?’ Ela olhou de urso pra mim e eu dei de ombros.
‘Merda, de novo não.’ Falei depois de alguns minutos e corri pro banheiro. Terceira vez em menos de 8 horas.
‘Lu!’ Sophia correu pra me ajudar e segurou meu cabelo. ‘Diz pra mim que você não tá forçando.’ Ela falou baixo.
‘Não to! Essa já é a terceira vez.’ Falei sem pensar e me arrependi logo depois.
‘Foi isso que você foi fazer quando me deixou almoçando sozinha?’ Ela perguntou num tom de indignação e eu balancei a cabeça confirmando. ‘Lu, pelo amor de Deus.’ Ela se abaixou ao meu lado quando eu consegui controlar a ansia. ‘Me diz que não existem chances disso ser outra gravidez.’ Ela falou em tom de suplica.
‘Não tem.’ Respondi balançando a cabeça e ela suspirou aliviada.
‘O que diabos você comeu hoje?’ Ela se levantou me puxando junto.
‘Hm... umas 20 doses de café?’ Falei em duvida.
‘Lua Blanco, você não comeu nada hoje?’ Ela falou alto e eu neguei fazendo uma cara inocente. ‘Meu Deus, Lu. Você parece uma criança. Vai mesmo seguir minha idéia de morrer anorexica?’ Ela falou séria, mas mesmo assim eu ri. ‘Não é pra rir sua idiota.’ Ela me deu um pedala enquanto eu limpava minha boca.
‘Deixa pra lá!’ Dei de ombros. ‘Vamos logo senão vamos nos atrasar pra faculdade.’ Ia sair do banheiro quando ela me puxou de volta.
‘Faculdade? Tá doida que eu vou deixar você ir pra faculdade assim?’ Sophia pegou meu braço e me levou até a cama. ‘Você vai ficar deitadinha aí enquanto eu vou lá pegar alguma coisa pra você comer. E não ouse reclamar!’ Ela apontou o dedo na minha cara quando eu abri a boca para contestar. Balancei a cabeça concordando e ela saiu do quarto apressada.

Fiquei encarando o teto durante alguns minutos até ela voltar uma bandeja na mão.
‘Soph, eu não quero comer.’ Falei manhosa e ela nem respondeu, apenas botou a bandeja na minha frente.
‘Só saio daqui depois que você comer tu-do. Nem que eu tenha que enfiar goela a baixo.’ Ela falou séria e eu fiquei com medo.
Comecei a comer emburrada enquanto Sophia me olhava de braços cruzados parecendo até a minha mãe.
‘Posso entrar?’ Micael perguntou batendo na porta e botando apenas a cabeça pra dentro do quarto.
‘Pode, amor!’ Sophia sorriu.
‘Ei, o quarto é meu, quem tem que autorizar sou eu!’ Falei séria e Micael parou aonde tava. ‘Tô brincando Micaelzinho! Claro que você pode entrar!’ Dei risada e ele sorriu aliviado.
‘Hm... então a anoréxica resolveu comer?’ Micael perguntou rindo.
‘Sophia!!’ Falei num tom de reprovação e ela riu. ‘Não acredito que você falou isso!’
‘Ah, foi brincadeira, eles sabem disso.’ Ela abanou o ar.
‘Eles? Você falou isso pro Arthur também?’ Perguntei indignada.
‘Ah, ele foi o primeiro a perguntar o que você tinha e ficar todo preocupado.’ Ela deu de ombros e eu senti meu estomago revirar. Arthur tinha ficado preocupado comigo?
‘Hm... acho que já tá bom, né?’ Falei afastando a bandeja e Sophia me olhou feio. ‘Sério Soph, eu já comi umas quatro torradas e já tomei o suco quase todo. Por favor!’ Fiz cara de criança e Micael riu.
‘Tá bom, mas só porque eu já to atrasada pra faculdade!’ Ela se levantou pegando a bandeja. ‘Amor, me leva na faculdade?’ Ela sorriu e Micael concordou lhe dando um selinho.
‘Awn!’ Falei olhando os dois que ficaram sem graça.
‘Bom, vou indo. Nada de fazer esforço e nem de ficar sem comer de novo, entendeu?’ Ela me olhou séria e eu concordei.
‘Se cuida, Lu!’ Micael beijou minha testa e eu sorri agradecida.

Quando eles saíram do quarto, me levantei e fui até o armário trocar de roupa. Botei um short básico e uma camisa enorme do Arthur.
‘Mamãe?’ Diego entrou no quarto.
‘Diga, meu amor, meu príncipe lindo!’ Carreguei ele lhe dando um beijo na bochecha.
‘Brincá!’ Ele falou a palavra certa e eu sorri.
‘Agora a mamãe não pode, meu amor. Vou dormir um pouco e prometo que mais tarde brinco com você, tá bem?’ Sorri e ele concordou balançando a cabeça.
Arthur entrou no quarto e eu senti meu coração quase sair pela boca. Ele foi até o armário, pegou alguma coisa e saiu sem olhar pra mim.
Suspirei mordendo o lábio enquanto Diego me olhava.
‘Vai lá ficar com o papai, meu amor. Ele tá precisando de você!’ Sorri colocando-o no chão e ele correu pra fora do quarto.
Deitei na cama sentindo meu corpo cansado e abracei o grande urso com o perfume do Arthur. Fiquei algum tempo encarando o nada sem vontade de dormir, mas meu corpo precisava de um descanso e antes mesmo que eu pudesse controlar, caí num sono profundo.


Ouvi um barulho fraco e abri meus olhos lentamente dando de cara com Arthur que estava colocando uma xícara no criado mudo. O olhei ainda um pouco zonza e ele coçou a nuca sem graça.
‘Erm... chá de gengibre gelado, dizem que é bom pra enjôo.’ Ele sorriu sem graça apontando pra xícara e eu sorri agradecida. Ficamos alguns segundos nos olhando até ele botar as mãos no bolso e balançar a cabeça. ‘Eu não sou muito bom em fazer chá, então não sei se tá bom.’ Falou dessa vez sem me olhar.
‘Brigada, Arthur.’ Falei baixo me sentando na cama. Ele sorriu fraco e saiu do quarto.
Tomei o chá em silêncio deixando a escuridão tomar conta do quarto. O sol já tinha desaparecido por completo. Me levantei para levar a xícara até a cozinha e quando passei pela sala vi Arthur e Diego brincando com alguns carrinhos.
‘Vem brincá, mãe!’ Diego pediu quando eu voltei pra sala. Fiquei na duvida de sentava ali com eles ou sentava no sofá, mas Arthur foi mais rápido e deu um beijo na cabeça do filho sentando no sofá em seguida. Suspirei antes de sentar chão com Diego e começar a brincar com ele sentindo constantemente o olhar de Arthur sob mim.

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