segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

20º Capitulo - Addicted

(n/a: aconselho ir botando pra carregar;  Stranger – Secondhand Serenade)

Ouvi uma musiquinha irritante tocar e a cada segundo ela parecia ficar mais alta. Abri os olhos ainda zonza e reconheci o toque estridente do meu celular. Olhei para o lado da cama e percebi que Arthur não estava lá, desviei o olhar pro criado mudo e olhei o relógio constatando que já passavam das nove da manhã. Estiquei o braço com muito esforço e consegui alcançar aquele aparelho com o barulho irritante, nem me dei ao trabalho de olhar o visor.

‘Hm...’ Foi a única coisa que consegui pronunciar.
‘Parabéns, amiga!!’ A voz de Soph chegou até meus ouvidos me fazendo sentir uma pontada na cabeça ao mesmo tempo em que eu lembrava que hoje era meu vigésimo aniversário. ‘Te acordei?’ Ela continuava com a voz feliz e eu esfreguei os olhos.
‘Uhum.’ Minha boca estava seca e eu mal conseguia abri-la para falar. ‘Soph, posso te ligar daqui a cinco minutos?’ Falei com dificuldade e a voz extremamente embolada.
‘Pode sim, preguiçosa!’ Ela riu e eu esbocei um sorriso fraco. ‘Beijo!’ Ela desligou o telefone e eu fiquei deitada na cama na mesma posição.
‘Arthur.’ Tentei falar alto, mas provavelmente ele não me ouviria nem se estivesse no banheiro com a porta aberta. ‘Saco.’ Bufei sentando na cama com o maior esforço e passei meus olhos pelo quarto. Passei minhas mãos pelo cabelo desembolando-os um pouco e prendi em um nó frouxo.

Me espreguicei e finalmente consegui me levantar e me arrastar até o banheiro. Céus, parecia que eu tinha sido atropelada por um caminhão, tudo culpa da minha
querida chefinha que tinha resolvido me passar todas as tarefas possíveis e impossíveis no dia anterior. Por que diabos eu inventei de estagiar naquela empresa mesmo? Ah, lembrei, porque e tenho que sustentar a mim e ao meu filho. Parabéns, Lua, você é um exemplo de sexo seguro.
Ri sozinha com meus pensamentos idiotas e quando cheguei ao banheiro vi que tinha um recado grudado no espelho, reconheci a caligrafia fina e um tanto quanto desajeitada de Arthur.

"Fui até o mercado com Diego, não demoro.
Arthur."


Ah, ótimo. Espero que ele se lembre de comprar veneno pra eu botar no café da minha chefe!
Escovei os dentes e passei uma água pelo rosto para tentar disfarçar minha cara de zumbi. Voltei para o quarto, agora mais acordada e peguei o telefone discando rapidamente o numero da casa da Soph que eu já sabia de cor.
‘Hey!’ Falei animada.
‘Bom dia, aniversariante do diiia!’ Ela cantarolou me fazendo rir. ‘Então, como é ter vinte anos?’ Perguntou rindo.
‘Hm, além das rugas, pés de galinhas, celulites e preocupações que irei ganhar? A mesma coisa de ter dezenove.’ Brinquei.
‘Nossa, Lu, como você é dramática, fala sério!’ Ela bufou. ‘Então, eu ainda não comprei seu presente porque sei como você é chata pra achar alguma coisa que te agrade.’ Sou mesmo, alguma problema? ‘Então tava pensando se você não quer ir ao shopping agora pra você mesma escolher!’ Ela falou animada.
‘Hm, e eu posso escolher qualquer coisa?!’ Fiz voz de criança e Sophia riu.
‘Sem exageros, Lua! Eu sou uma pobre universitária a procura de um estágio e que ainda é sustentada pelos pais!’ Às vezes eu esqueço que ainda somos universitárias e principalmente, sustentadas pelos pais. Tá bom, eu não sou sustentada pelos meus pais, eles mandam uma mesada mensal, mas quem sustenta a mim e ao Diego sou eu. Claro que o Arthur ajuda com o Diego, mas enfim... ainda somos meras universitárias.
‘Ok, vou tomar café e me arrumar. Você passa aqui?’ Perguntei indo até a cozinha e abrindo a geladeira.
‘Passo! Em quarenta minutos tá bom?’
‘Ãhan!’ Respondi botando um waffle na boca.
‘Então, até mais! Beijos!’ Ela falou animada e desligou o telefone.

Tomei o café tranquilamente e depois corri pro banho. Pensei ter ouvido o barulho da porta batendo, mas quando saí do banheiro a casa continuava vazia, exceto por mim, claro! Me vesti com uma bata azul clara, uma calça jeans e um all star da mesma cor da bata.
Quando estava indo pra sala esperar por Sophia, meu celular tocou e o nome dela apareceu na tela, nem atendi, Soph sempre dá toques pra avisar que já chegou aos lugares. Deixei um bilhete ao lado do telefone falando pra Arthur que tinha ido ao shopping com Sophia e saí de casa.


‘Hey, aniversariante!’ Sophia sorriu quando eu entrei no carro. ‘Iai, como tá sendo o dia do vigésimo aniversário?’ Ela perguntou empolgada e eu arqueei a sobrancelha.
‘Erm... normal?’ Falei na duvida e ela riu.
‘E o Arthur?’ Ela me olhou de rabo de olho e eu dei de ombros.
‘Foi ao mercado com o Diego.’ Falei sem animação. ‘E não me deu nem parabéns no bilhete.’ Falei um pouco mais baixo.
‘Hm, agora entendo o porquê dessa falta de animação.’ Ela balançou a cabeça.
‘Ei, não tem nada a ver isso.’ Bufei cruzando os braços.
‘Ah tá bom, conta outra, Lua!’ Ela riu e eu apenas suspirei alto e preferi ficar calada. ‘Então, já sabe o que vai querer?’ Ela perguntou quando chegamos ao shopping.
‘Nop!’ Falei tentando pensar em alguma coisa.
‘Então vamos rodar esse shopping inteiro, até achar alguma coisa! Só saio daqui com seu presente!’ Ela sorriu e entramos no shopping.

Rodamos durante quase uma hora, até que Sophia achou um vestido que segundo ela tinha sido feito especialmente para mim. Era preto bem curtinho e amarrava no pescoço. Me olhei durante alguns segundos no espelho e me convenci de que ele era realmente perfeito, quando saí do provador ela já estava pagando.
‘Hey, eu ia pagar!’ Falei andando até ela com o vestido na mão e a vendedora logo o pegou para guardar na sacola.
‘Se você pagar, não vai ser um presente meu, dã!’ Ela fez uma cara retardada e eu ri. ‘Agora vamos que eu quero achar um vestido pra mim também.’ Ela pegou a sacola e me puxou pra fora da loja. ‘Parabéns, amiga!’ Ela fez uma voz de criança e me estendeu a sacola que a vendedora tinha acabado de lhe entregar.
‘Ah, um presente? Pra mim?’ Fiz uma cara de espanto. ‘Nem imagino o que seja!’ Peguei a sacola enquanto Sophia ria.

Passamos quase duas horas pra achar algum vestido que agradasse a Soph, ela sempre acabava encontrando algum mínimo defeito e dizia que não tinha gostado do vestido, mesmo que a grande maioria deles tivessem ficado perfeitos nela.
‘Ain, não sei.’ Ela falou se olhando no espelho e eu bufei sentada em um banco. Minhas pernas já estavam começando a doer e eu não agüentava mais a Soph falando sempre as mesmas coisas. ‘Ficou bom mesmo?’ Ela me olhou em duvida e eu rolei os olhos.
‘Ficou ótimo, Sophia.’ Falei sem paciência.
‘Mas Lu, você falou isso em praticamente todos os vestidos que eu experimentei.’ Ela falou fazendo manha e eu tive vontade de bater nela.
‘Talvez porque praticamente todos eles tenham ficado bons em você!’ Respondi me levantando. ‘Vai Soph, esse ficou realmente lindo! Eu não agüento mais entrar em cabines e ver você experimentar pelo menos dez vestidos em cada loja e não sair de lá com nenhum!’ Falei a verdade e ela me olhou com um olhar de culpa.
‘Desculpa, amiga. Hoje é seu aniversário e eu aqui pensando só em meu vestido.’ Ela baixou os ombros.
‘Não é isso, Soph. Você sabe que eu gosto de sair com você, de vir passear no shopping. É só que essa coisa de entrar e sair de tantas lojas realmente me cansa!’ Sentei novamente no banco.
‘Ok! Eu vou ficar com ele então, certo?’ Ela me olhou pelo espelho e eu sorri. Aquele vestido realmente tinha ficado bem nela. Era soltinho e um pouco acima dos joelhos e num tom azul claro.

Finalmente saímos da loja com uma sacola e eu senti meu estomago roncar.
‘Ai, to com fome.’ Passei a mão pela barriga.
‘Eu também, vamos almoçar por aqui mesmo?’ Ela falou animada e eu concordei mesmo querendo ir pra casa. Arthur ainda não tinha dado noticia e aquilo me deixava realmente preocupada.
Logo depois que entramos no restaurante o celular de Sophia começou a tocar.
‘Hey, amor!’ Ela atendeu o telefone animada. ‘Ahn, ok.’ Ela fez um gesto me avisando que ia sair rápido e eu concordei, mesmo achando um pouco estranho. Ela nunca se afastava pra falar com Micael, às vezes até botava no viva voz para que eu também ouvisse a conversa.
Minutos depois ela voltou e estendeu o celular pra mim.
‘O Micael quer falar com você!’ Falou mais baixo e sorriu.
‘Hey, Micael!’ Sorri.
‘Parabéns, Lu!!’ Ele falou animado me fazendo rir.
‘Brigada, xuxu!’ Ouvi uma risada de criança e reconheci a voz do Diego ao fundo. ‘Você tá com o Diego?’ Perguntei em duvida e Soph me olhou preocupada.
‘Erm... to sim!’ Ele falou um pouco em duvida. ‘O Arthur veio aqui em casa e trouxe ele.’ O que diabos Arthur tinha ido fazer na casa de Micael, era a pergunta que martelava na minha cabeça.
‘Ahn, ok! E tá tudo bem com eles?’ Perguntei mordendo o lábio em seguida.
‘Tá sim. O Arthur foi lá na cozinha e eu fiquei aqui na sala com o Diego. Você quer falar com um dos dois?’ Mais uma vez ouvi a risada de Diego e sorri sozinha.
‘Não!’ Falei rápido. ‘Só fala pro Diego que eu mandei um beijo.’ Olhei pra Sophia que sorria sentada na minha frente. Micael concordou e eu me despedi entregando o celular pra Soph.
‘O Arthur tá lá com o Micael.’ Falei tentando fingir naturalidade na voz.
‘E você ficou toda afetadinha por isso.’ Ela riu e eu bufei.
‘Claro que não.’ Dei de ombros.
‘Tá bom Lu, finge que me engana que eu finjo que acredito.’ Ela falou rindo e eu afundei na cadeira do restaurante completamente frustrada.
Além de ir pro mercado sem nem ao menos me dar parabéns em uma droga de bilhete, Arthur ainda saía pra casa dos amigos e nem ao menos era capaz de pegar o telefone pra falar comigo.
Tentei tirar esses pensamentos da minha cabeça, pelo menos enquanto almoçava, mas foi inútil. O fato de Arthur não me ligar pra dizer ao menos um
“feliz aniversário” realmente me afetava, e muito. Sophia falava sobre vários assuntos e eu apenas concordava e sorria constantemente sem nem ao menos prestar atenção ao que ela falava.

‘Lu!’ Ouvi Soph falar meu nome um pouco mais alto e desviei meu olhar para ela. ‘Você passou o almoço todo fingindo que tava me ouvindo e agora tá aí em outro planeta.’ Ela falou se levantando e só então me dei conta que ela já tinha pedido a conta e pago tudo.
‘Sophia, não acredito que você pagou a conta sozinha, era pra gente dividir.’ Falei um pouco emburrada e ela bufou caminhando pra fora do restaurante sem nem olhar pra mim. ‘Desculpa, amiga.’ Falei quando consegui caminhar ao seu lado.
‘Tudo bem.’ Ela forçou um sorriso e eu me senti extremamente culpada.
‘Vai, pede qualquer coisa que eu faço!’ Sorri ficando em frente a ela.
‘Qualquer coisa?’ Ela abriu um sorriso discreto arqueando a sobrancelha e eu confirmei mesmo estando com um pouco de medo do que ela iria pedir.
‘Vamos ao salão?’ Ela fez uma voz de criança e eu suspirei aliviada, achei que ela fosse pedir algo muito pior. ‘Mas vamos pra sair de lá completamente renovadas, tem tempos que a gente não vai ao salão juntas e passa a tarde toda lá!’ Ela me puxou pela mão antes mesmo que eu pudesse contestar.
‘Ok, ok. Mas não precisamos passar a tarde toda né?’ Fiz manha e ela deu língua.
‘Ok, só o tempo suficiente pra nos sentirmos extremamente bem com nossas aparências!’ Ela riu e eu concordei sorrindo também.


Não sei dizer ao certo quanto tempo eu e Sophia passamos enfurnadas naquele salão, o caso “eu ainda não recebi os parabéns do pai do meu filho” ainda me incomodava muito, e eu preferi tentar esquecer e deixar que as horas passassem sem me preocupar.
Meu celular tocou inúmeras vezes, parecia que todo mundo tinha se lembrado do meu aniversário ao mesmo tempo. Era eu desligar o celular e ele já tocava novamente.
Olhei pra Soph que ria de alguma coisa que Sidney, o cabeleireiro escandaloso, tinha dito e percebi como ela estava bonita e feliz. Micael realmente estava fazendo bem pra ela. Seu sorriso era sincero e ela parecia não ter medo, era como se nada pudesse a atingir. Mordi o lábio por alguns segundos pensando em como eu também queria poder me sentir assim, queria ter a certeza de que sempre teria alguém pra me apoiar e me dar forças. Lembrei do dia no parque, de Arthur cantando a musica do The Used e sorri sozinha. Era melhor deixar com que o tempo se encarregasse de tudo. Ele era sempre a melhor solução.

Minutos depois Sophia se levantou e eu reparei em como seus cabelos estavam brilhando. Sorri quando ela passou na minha frente.
‘Como eu estou?’ Ela deu uma voltinha e eu reparei que ela tinha cortado um pouco o cabelo e repicado a franja.
‘Linda!’ Falei sincera e ela sorriu.
‘E você não fica pra trás! Amei seu cabelo assim.’ Ela falou passando a mão levemente pela minha franja e eu agradeci. ‘Vamos?’ Concordei e saímos do cabeleireiro.
Só quando saímos da garagem do shopping fui me dar conta de que o sol já tinha desaparecido. Peguei meu celular na expectativa de ter alguma ligação perdida, mas não havia nada. Bufei jogando o celular em minha bolsa e percebi um pequeno sorriso no canto da boca de Soph.
‘Que foi?’ Arqueei a sobrancelha e ela riu.
‘Nada, oras.’ Deu de ombros sem desviar a atenção das ruas.
Voltei meu olhar para as casas que passavam lentamente pela janela do vidro. Uma chuva fraca começou a cair fazendo com que os pingos batessem no vidro do carro e eu me perdesse olhando as gotinhas escorrerem como se disputassem uma corrida até o final do vidro.
Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa senti Sophia estacionar o carro e quando olhei pelo vidro percebi que estávamos paradas em frente ao meu prédio. Ela soltou do carro com um guarda chuva e correu até a minha porta abrindo-a fazendo com que o guarda chuva protegesse nós duas. Sorri agradecida e logo depois andamos depressa pra dentro do prédio.


Enquanto esperávamos o elevador, Sophia pegou o celular e digitou uma mensagem rápido ainda com um sorriso misterioso no rosto. Subimos em silêncio e quando chegamos na porta do apartamento parei um pouco tentando ouvir algum barulho, mas tudo estava silencioso e a luz estava apagada, Arthur ainda devia estar na casa de Micael.
Abri a porta e me assustei quando dei de cara com Arthur, Diego e Micael sorridentes e segurando um pequeno bolinho com uma vela acesa. Olhei para Sophia que caminhava até Micael sorrindo, ela o abraçou de lado e me olhou.
‘Parabéns, amiga!’ Ela riu e eu balancei a cabeça mordendo o lábio.
‘Parabéns, Lu!’ Micael me abraçou com um sorriso imenso no rosto.
‘Não acredito que vocês planejaram tudo isso, é um complô?’ Perguntei sorrindo ainda abraçada a Micael e os três riram.
‘A gente não ia esquecer de você!’ Ele piscou. Senti Diego abraçar minhas pernas e me agachei ficando em altura.
‘E você também né pirralho, armou contra a mamãe!’ O abracei.
‘Parabéns, mamãe!’ Ele falou sapeca e eu o apertei contra mim. ‘Você tá linda!’ Ele passou as mãozinhas por meu cabelo e eu senti meus olhos encherem de lágrimas. Dei um beijo em sua testa e depois ele correu até Micael que estava no sofá com Sophia.
Me levantei suspirando e observei Arthur caminhar até mim sorrindo. Cruzei os braços fingindo estar emburrada com ele e balancei a cabeça.
‘Você achou que eu ia esquecer do seu aniversário?’ Ele perguntou segurando meu rosto com as duas mãos e eu sorri sem graça confirmando, ele riu baixo e me deu um selinho demorado. ‘Eu não ia esquecer da minha velhinha cheia rugas e pés de galinha.’ Ele brincou e eu resmunguei baixinho o abraçando pela cintura.
‘Vamos jantar?’ Micael falou animado e Arthur me olhou.
‘Tá com fome?’ Ele sorriu e eu confirmei balançando a cabeça. Ele me deu um selinho rápido e me puxou pela mão até a mesa arrumada.
‘Comida japonesa!!’ Falei sorrindo e fiz uma cara de criança.
‘Sua preferida!’ Arthur falou com um sorriso bobo.

Jantamos entre risos e zoações, o alvo da noite era eu, claro! Só porque pensei que meus amigos tinham esquecido de mim no meu próprio aniversário.
Já passavam da meia noite quando Sophia e Micael foram embora. Diego ainda estava no sofá, praticamente dormindo sentado.
‘Yey, vamos dormir, príncipe!’ O peguei no colo e fui até seu quarto com Arthur logo atrás de mim. Ficamos algum tempo lá observando enquanto Diego rapidamente entrava em um sono profundo. Senti Arthur passar as mãos pela minha cintura me abraçando apertado e seu queixo ficou apoiado em meu ombro.
‘Tá com sono?’ Ele perguntou baixo e eu balancei a cabeça.
‘Só um pouco.’ Respondi no mesmo tom.
Ele pegou minha mão e me levou novamente pra sala. Sentei no sofá enquanto ele estava em frente ao aparelho de som escolhendo algum cd.
‘Arthur, já passam da meia noite, tá meio tarde pra ouvir musica não?’ Falei brincando, mas ele não respondeu.
Fiquei o observando de costas enquanto ele parecia concentrado em achar algum cd. Fechei os olhos encostando minha cabeça no encosto do sofá e respirei fundo tentando não pensar em nada por alguns instantes. Ouvi a introdução de uma musica e abri os olhos a tempo de ver Arthur sorrindo e estendendo a mão.
‘Arthur, o que é isso?’ Falei rindo baixinho enquanto aceitava sua mão. Ele sorriu e pegou minhas mãos entrelaçando em seu pescoço, depois me abraçou pela cintura. (n/a: botem a musica pra tocar!)


" Turn around
( Vire-se )
Turn around and fix your eye in my direction
( Vire-se e fixe seus olhos na minha direção )
So there is a connection
( Então existe uma ligação )
Now I can't speak
( Agora eu não posso falar )
I can't make a sound to somehow capture your attention
( Não posso fazer algum barulho para chamar a sua atenção )
I'm staring at perfection
( Eu estou admirando a perfeição )

Take a look at me so you can see
( Me olhe então poderá ver )
How beautiful you are
( Como você é bonita ) "


Eu sentia a respiração quente de Arthur bater em meu pescoço enquanto nossos corpos se movimentavam lenta e sincronizadamente. Ele acariciava minhas costas passando os dedos suavemente por ela enquanto eu estava com a cabeça encostada em seu ombro respirando seu perfume intoxicante.

" You call me a stranger, you say I'm a danger
( Você me chama de estranho, você diz que eu sou perigoso )
But all these thoughts are leaving you tonight
( Mas todos esses pensamentos estão deixando você esta noite. )
I'm broken, abandoned; you are an angel
( Eu estou quebrado, abandonado; você é um anjo )
Making all my dreams come true tonight
( Fazendo todos os meus sonhos virarem realidade esta noite ) "


Senti Arthur me dar um beijo na bochecha e sorri levantando meu rosto para olhá-lo. Ele retribuiu meu sorriso e encostou a testa na minha me abraçando mais forte.
‘Brigada.’ Sussurrei sorrindo com a boca próxima a dele. Ficamos com os rostos praticamente colados e apenas nos movimentando no ritmo lento da musica. Arthur soprou levemente em minha boca e eu ri baixinho vendo-o sorrir também. Ele passou o nariz por minha bochecha fazendo carinho e eu suspirei sentindo um arrepio bom passar por todo meu corpo.

" I'm confident
( Estou confiante )
But I can't pretend I wasn't terrified to meet you
( Mas eu não posso fingir que estava apavorado em conhecer você )
I knew you could see right through me
( Eu sabia que você poderia ver através de mim )
I saw my life flash right before my very eyes
( Vi minha vida passar rapidamente diante dos meus olhos )
And any chance what we turn into
( E qualquer chance que nós tivemos de tornar isso realidade )
I was hoping that you could see
( Eu esperava que você pudesse ver )
Take a look at me so you can see
( Me olhe então poderá ver )


You call me a stranger, you say I'm a danger
( Você me chama de estranho,você diz que eu sou perigoso )
But all these thoughts are leaving you tonight
( Mas todos esses pensamentos estão deixando você esta noite. )
I'm broken, abandoned; you are an angel
( Eu estou quebrado, abandonado; você é um anjo )
Making all my dreams come true tonight
( Fazendo todos os meus sonhos virarem realidade esta noite )

You are an angel
( Você é um anjo )
Making all my dreams come true tonight
( Fazendo todos os meus sonhos virarem realidade esta noite )

Take a look at me so you can see
( Me olhe então poderá ver )
How beautiful you are
( Como você é bonita ) "

Arthur beijou o canto da minha boca e sorriu. Entrelacei meus dedos em seu cabelo ao mesmo tempo em que ele mordia meu lábio inferior e o puxava levemente com os dentes, me fazendo soltar um gemido baixinho. Lentamente ele encostou a boca na minha e eu senti uma fraqueza nas pernas, sorri antes de abrir a boca calmamente dando passagem para que nossas línguas se encontrassem e eu sentisse as borboletas fazendo uma festa em meu estomago. Uma sensação gostosa passou por todo meu corpo me fazendo sentir segura e relaxada.

" Your beauty seems so far away
( Sua beleza parece tão distante )
I'd have to write a thousand songs
( Eu teria que escrever milhares de músicas )
To make you comprehend how beautiful you are
( Para te fazer entender como você é bonita )
I know that I can't make you stay
( Eu sei que eu não posso fazer você ficar )
But I would give my final breath
( Mas eu gostaria de te dar meu último suspiro )
To make you understand how beautiful you are
( Para te fazer entender como você é bonita )
Understand how beautiful you are
( Entenda como você é bonita )

You call me a stranger, you say I'm a danger
( Você me chama de estranho, você diz que eu sou perigoso )
But all these thoughts are leaving you tonight
( Mas todos esses pensamentos estão deixando você esta noite. )
I'm broken, abandoned; you are an angel
( Eu estou quebrado, abandonado; você é um anjo )
Making all my dreams come true tonight
( Fazendo todos os meus sonhos virarem realidade esta noite )

You call me a stranger
( Você me chama de estranho)
You say I'm a danger
( você diz que eu sou perigoso )
You call me a stranger
( Você me chama de estranho) "





A musica terminou e nós continuamos no meio da sala, não prestávamos atenção em mais nada a nossa volta. Não existia pressa e nem segundas intenções nos beijos e nos toques, estávamos apenas nos deixando levar pelo momento.
Arthur constantemente dava leves mordidas em meu lábio inferior me fazendo sorrir. Senti ele me empurrar lentamente até o sofá e aos poucos ir me deitando e ficando por cima de mim, sem partir o beijo. Ele encaixou as pernas entre as minhas enquanto acariciava minhas costas por debaixo da blusa e não fez mais nada, ficamos apenas ali, deitados, nos beijando e aproveitando a companhia um do outro.
Parti o beijo sorrindo e encarei os olhos de Arthur bem de perto, nossas respirações estavam lentas e pesadas. Ele rolou pro meu lado no sofá e me abraçou pela cintura, deitei minha cabeça em seu ombro observando seu peito subir e descer rapidamente. Ficamos alguns instantes em silencio, fechei os olhos enquanto ele acariciava minhas costas fazendo desenhos imaginários com os dedos.

‘Lu.’ Ele falou de repente sentando no sofá e eu abri os olhos um pouco assustada.
‘Oi.’ Falei baixo sentando ao lado dele e abraçando meus joelhos.
‘Eu preciso falar uma coisa.’ Ele passava as duas mãos nervosamente pelo cabelos e eu arqueei a sobrancelha. ‘Eu... não sei como dizer isso. Eu nem sei se eu já falei isso pra você.’ Ele suspirou e eu senti meu coração gelar, ele não ia falar o que eu estava pensando, ia?
‘Já fazem sete meses desde que eu saí do hospital e bem, fazem também praticamente sete meses que a gente tá junto.’ Ele falava devagar como se estivesse escolhendo as palavras e eu sentia meu coração acelerar. ‘Esses sete meses têm sido os mais importantes da minha vida. Saber que eu tenho um filho e que eu tenho você aqui do meu lado, é uma das coisas que mais me faz feliz.’ Ok, ele definitivamente estava indo longe demais. Meu coração estava prestes a sair pela boca e a cada segundo que passava eu tinha mais certeza do que ele estava prestes a dizer.
Arthur segurou meu rosto com as duas mãos e encostou nossas testa respirando fundo.
‘Lu, eu...' Ele suspirou fundo e me olhou nos olhos. 'Eu te...’
‘Arthur, não.’ Implorei baixinho ainda sentindo sua respiração bater em minha boca. ‘Não faz isso.’ Continuei falando antes mesmo que meu cérebro conseguisse processar qualquer coisa.
Senti as lágrimas chegarem aos meus olhos, eu nem sabia por que eu tinha dito aquilo. Afinal, eu não esperei dois anos pra ouvir aquelas palavras? Arthur se afastou lentamente e eu o olhei atordoada tentando entender tudo aquilo. Seu rosto tinha uma mistura de angustia e duvida.
Balancei a cabeça me encolhendo ainda mais no sofá e deixei algumas lágrimas rolassem livres por meu rosto.
‘Não é justo com você, eu não posso...’ Solucei alto e de repente as palavras fugiram da minha mente, a frase incompleta dele era a única coisa que martelava em minha cabeça e eu procurava uma justificativa pra tudo aquilo, pra minha reação.
Imagens do nosso passado vieram na minha cabeça, todas as vezes que Arthur saía e só voltava no outro dia de manhã, todas as vezes que eu atendi o celular dele e ouvi uma voz feminina do outro lado da linha. Eu não podia privar ele daquela vida, aquela era a vida dele, não era?
‘Lu, sai da minha frente.’ Arthur implorou baixinho com os cotovelos apoiados na perna e as mãos cobrindo o rosto.
‘Arthur, por favor, eu só...’
‘Sai, Lua.’ Ele falou num tom machucado e ao mesmo tempo com uma raiva controlada. Eu solucei e o observei durante alguns segundos, a sala em completo silêncio, por alguns instantes achei que estivesse ouvindo meu próprio coração, ou talvez o dele.
Me levantei calmamente e andei até o quarto, me apoiando nos móveis.
Quando abri a porta me assustei ao encontrar um enorme pacote em cima da cama. Fechei a porta e caminhei lentamente até a cama. Minha vista estava embaçada por causa das lagrimas que caiam sem controle. Observei o cartão grudado no pacote e reconheci a caligrafia de Arthur.

“Não sei por que, mas ele me lembrou você. Talvez você se sinta mais jovem com ele! Espero que goste.

Com amor,
Arthur.”





Abri o embrulho com pressa e sorri quando me deparei com um enorme urso de pelúcia segurando um coração. Lembrei de uma vez que comentei com Arthur sobre nunca ter ganhado um urso enorme na infância e isso ter se tornado um trauma pra mim.
Mas... quando eu falei isso pra ele, não foi antes do acidente? Senti meu coração começar a bater mais rápido novamente e reli o cartão.
“Não sei por que, mas ele me lembrou você”. Não podia ser.
Me encostei no armário e deslizei até o chão cobrindo meu rosto com as mãos e chorando alto sem me preocupar com quem pudesse ouvir.
Nem sei quanto tempo fiquei ali no chão, me levantei completamente tonta e sentindo que minha cabeça podia explodir a qualquer momento. Caminhei desajeitada até a cama e deitei encarando o teto por alguns instantes.
“Lu eu... eu te...”, aquela frase martelava em minha cabeça e eu sentia meu coração ser esmagado cada vez mais. Suspirei tentando controlar um pouco o choro e me agarrei ao grande urso que estava ao meu lado na cama. Ele tinha o cheiro do Arthur, e talvez por isso eu tenha adormecido tão rápido.

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