sábado, 24 de março de 2012

Capítulo 17 – Um toque, uma palavra...

Depois que Ray voltou pra casa, eles não souberam mais nada daquele motoqueiro. Na verdade, nem sabiam como ele era porque não tirou o capacete. Os casais estavam todos muito bem, obrigada! E a semana passou rápido. Lembrando que as três hóspedes continuavam na casa de Micael. Ele cobrou uma diária bem baixa de cada uma, só pra não dizer que elas ficaram lá de graça, então recebia 10,00 de cada uma por dia.
Arthur e Lua ficavam juntos todos os dias que se viam, mas as sintonias eram diferentes, um estava querendo ir devagar com as coisas pra não se precipitar demais e o outro querendo aproveitar todo o tempo perdido.
Pedro e Rayana também passaram os dias juntos e apesar de não estarem namorando, era como se estivessem. Mas isso era questão de tempo. Logo nos três dias depois do acidente, pela manhã, junto com o jornal (Pedro pagou ao entregador de jornais no primeiro dia), ou de tarde quando ele aparecia por lá, Ray recebia uma caixa de bombons. As meninas estavam considerando algumas hipóteses:
a) Ele quer engordá-la pra ela deixar de ser hot e nenhum cara olhar mais pra ela.
Ou
b) Ele está querendo encher uma piscina com os papeizinhos das embalagens e nadar nu no meio delas...
Melanie e Chay estavam ficando mesmo. Óbvio que ela estava nas nuvens, queria ficar com ele desde que chegou, no começo do mês. Só uma coisinha estava começando a preocupá-la... É que por várias vezes ela o viu conversando com a Jamie. Claro que conversar não dá nada, tanto que na primeira vez ela nem ligou, mas essa cena ficou muito ‘repetida’ por esses dias e a empolgação com que eles sempre estavam falando fez a pulguinha atrás da orelha de Mel ganhar vida.
Sophia e Micael, ou melhor, seu Capitão Fronha – que era como ela (in)felizmente estava chamando-o quando estavam à sós – pareciam realmente ter passado uma borracha em todo aquele passado chato de coisas não ditas e professor Chris! E não era impressão, quando estavam juntos, os dois ficavam umas bestas-master! Mas tudo bem, porque esse era o Micael e essa era a Sophia que Lua sempre conheceu - felizes, como ela já não os via há muito tempo.
Enfim, quando os amigos do Micael aparecem na casa dele, o que pode se dizer que acontece diariamente, a casa fica com 4 casais de pombinhos, resumindo a semana = grude, grude, grude, grude. Eca…


Quinta-feira. Um dia antes da festa que os garotos, suas respectivas acompanhantes e as três novas amigas foram convidados. Todas as meninas combinaram de sair para comprar roupas novas durante à tarde. Lua havia acabado de tomar café da manhã (quase na hora do almoço, vida de férias é outra coisa!) e estava assistindo Acceleracers quando recebeu uma ligação de Arthur no celular. Ele pediu que ela fosse visitá-lo em casa. Lua se sentiu com as pernas bambas após desligar o aparelho.


Lua POV


Garota! Que perninhas bambas são essas minha filha?! Só porque o Arthur pediu pra ir à casa dele dizendo que tem uma surpresa?
Acabei de ajeitar o cabelo, vesti um jeans skinny, blusinha baby look e um tênis branco. Desci e quase atropelei a Sophia no caminho até a porta. O que ela fica fazendo no meio do meu caminho?!
- Vai tirar quem da forca?
- Minha curiosidade, beijos!
- Ta né... Não esquece de voltar logo pra gente ir fazer compras!
Ouvi Soph chiar uma última coisa, mas não dei muita atenção, só respondi um ‘ta’ antes de fechar a porta.
Fui caminhando com passos largos, a casa do Arthur fica uns dez minutos à pé. Mas sabe, as coisas estão indo tão bem ultimamente que às vezes me passa um medo que tudo se estrague de repente. Insegurança? Não... Lei de Murphy! “A luz no fim do túnel, é o trem vindo na sua direção”


- E então, vai ficar de enrolação ou vai falar da surpresa? – já fazia um tempinho que eu havia chegado e ainda estava com ele no sofá. É legal ficar pertinho dele, sentindo os lábios dele nos meus e deixando cada contato da pele dele com a minha me provocar um pequeno choque gostoso! Mas eu também tenho um instinto chamado curiosidade! Comecei a ficar curiosa sobre a tal surpresa ué!
- Calma, mas que pressa é essa? Eu to achando que você não gosta de ficar comigo.
- É Arthur, não é por nada não mas... você beija mal pacas. – apoiei a mão no ombro dele enquanto afirmava com a cabeça. Me segurei pra não rir da careta que ele fez.
- Eu não vou falar da surpresa enquanto você não retirar o que disse! – ele apertou mais os braços em volta de mim, tão seguro quanto um cinto de montanha russa.
- Olha que eu não costumo retirar as coisas que eu digo hun!
- Ta bom então você vai ter que me treinar até que eu fique bom! – o Arthur é todo maluquinho, por isso eu gamo nele! Toda vez que ele me pega eu fico sem ar, isso é fato! Mas dessa vez eu achei que realmente não havia mais oxigênio na superfície terrestre quando nos soltamos.
- Eu to melhorando? – ele sorriu com a boca meio manchada de rosa, não deu pra eu ficar sem mostrar meus dentes também. Limpei as manchinhas do meu batom em volta da boca dele e no queixo com meu polegar.
- Progredindo, Arthur… Sou a melhor professora! – dei um beijo rápido nele e levantei do sofá, pensa que eu esqueci?! Never! Quando alguém me diz que tem uma surpresa eu fico até a próxima encarnação com aquilo na cabeça! O puxei pela mão pra levantá-lo, mas ele forçou todo o peso pra baixo, safado!
- Você é muito curiosa, Deus me livre!
- Quem mandou me falar em surpresa?! Agora eu quero saber! Anda, levanta Arthur!
- Taaa! – ele bufou meio rindo, ou riu meio bufando – vai saber - e levantou a bunda do sofá – É que também não é assim uma puuuuta surpresa, é só uma coisinha que eu pensei.
- Ah, não importa! Me mostra onde está!
Me puxou pela mão e a gente subiu as escadas, entramos no quarto dele e eu me lembrei do dia da festa do Pedro, que a gente ficou no closet!
- Aqui. – ele me tirou de pensamentos idiotas me estendendo a mão com a qual segurava um porta-retrato. Lindo. Mas, um porta-retrato?
- Ah, legal... um porta-retrato?
- Não, um fogão. – ele fez aquela cara de demente e eu dei um tapa na cabeça dele, nós rimos porque essa cena acontecia diariamente quando a gente estudava juntos!
- Meio pequeno pra um fogão, não?! Dá pra fazer batata frita aqui?
- Pára vai, eu quero falar sério agora.
- Você que disse que era um fogão!
- Ok então, posso falar sobre o meu fogão?
- À vontade!
- É que o fog... digo, o porta-retratos que está na sua mão é um dos objetos importantes da nossa família sabe. Tipo daquelas coisas que foram de não-sei-quem e de não-sei-mais-quem e de um monte de gente até chegar na minha mão, sacas?
- Sei...
- Então... Eu não sei por qual razão eu coloquei uma foto minha com a Delilah nele. Eu sabia que eu não gostava dela tanto assim pra deixá-la fazer parte de uma coisa que vai durar pra sempre, como esse porta-retrato! Aí eu tirei a foto dela daqui, antes mesmo do fim oficial do nosso namoro. – eu prestava atenção em cada coisa que ele dizia, onde será que ele queria chegar?
- Ah Arthur, não precisa me explicar aquela coisa da foto ter caído no aquário de novo. Tudo bem que o seu peixinho Emo – deixa eu fazer uma observação, esse é um nome totalmente sem criatividade! – deve ter morrido de susto quando a foto dela daquele jeito caiu lá dentro, mas eu já entendi...
- Não Lua, eu to contando isso de novo pra dizer que eu já achei a foto perfeita pra colocar nele! – ele abriu aquele sorrisão que sempre me contagia e se aproximou do criado mundo. Pegou alguma coisa dentro da gaveta e veio com ela escondida atrás do próprio corpo. Preciso mencionar que meu coração dava saltos triplos? Será que era uma foto comigo?
- Erm... o que você trouxe aí?
- Empresta...
Arthur pegou o porta-retrato de minhas pobres mãos tremulas. Abriu um compartimento na parte de trás dele, segurava a foto com a parte branca virada pra mim.
- Será que você pode adivinhar que foto é essa? – ele perguntou antes de colocá-la no porta-retrato. Eu tentei usar meus poderes de mãe Joséfa e apertei os olhos como se isso fosse me fazer enxergar o outro lado da foto. Arthur devia estar gargalhando por dentro da cara que eu fazia. Eu sei. Ele me adora. Anyway... eu não consegui mesmo enxergar o outro lado da foto, mas quando eu já estava pra desistir, vi a ponta de um risquinho de caneta rosa sendo tampado pelos dedos dele! Isso quer dizer que ali tem uma frase. Se realmente for uma das nossas fotos juntos, só pode ser aquela foto que a gente mostra nossas tatuagens, porque eu nunca escrevi de caneta rosa em foto nenhuma, só naquela! E eu acho que ele também não escreveria de caneta rosa... A frase ali dá todo o significado na foto: “You’re still a part of everytinhg I do, you’re on my heart just like a tattoo”, ele realmente vai fazer sempre parte da minha vida, como uma tatuagem no meu coraçãozinho... erm, isso ficou meio brega! Mas hein? Voltando ao foco, ONDE ELE PEGOU ESSA FOTO?
- E-e-eu acho que eu sei. – putz por que eu to gaguejando agora?
- Ah não, você viu esse pontinho, droga! – ele virou a mão com a foto, de modo que conferiu a visão que eu estava tendo, mas sem deixar ainda que eu visse a foto de frente. Pôs a foto no porta-retratos e finalmente virou a frente pra mim. Eu fiquei sem palavras. Minha cara devia estar ridícula! Como foi que ele pegou essa foto[2]?
- Como... como... – eu apontava para a bendita foto e pronto! Até esqueci como se fala!
- Eu explico. Achei jogada na sala, naquele dia que entramos na casa do Dean a primeira vez.
- Ah, sim! Ela ficava numa caixa. Eu deixei tudo desarrumado lá quando subi correndo pro quarto por causa daquela brincadeira das meninas.
- É, eu vi as coisas, arrumei algumas dentro da caixa, mas essa foto eu tive que sequestrar!
- Ficou bem legal... – observei a foto no porta-retrato dele. Era bem bonito, nem parecia coisa antiga. Sou suspeita pra dizer, mas acho que combinou!
- Por enquanto ele vai ficar aqui, – Arthur caminhou até o criado mudo e o deixou ali – mas quando você for pra casa eu quero que o leve contigo!
- Não Arthur, é o seu porta-retrato, da sua família, como eu vou levar?
- Eu prometo que vou buscar em poucos dias, ta?
- Ah sim, então ele vai ser a desculpa que você vai ter pra me visitar?
- Exatamente! – certo. O que que eu faço com esse garoto? Quem foi que deu permissão pra ele nascer com o sorriso mais gamante da Terra? ‘Exatamente’, outra palavra que fica mais gata saindo do meio daqueles dentes. Eu devo ser a menina mais fraca do mundo porque eu tive que agarrá-lo sem aviso prévio! E daí que eu sou fraca? Nunca quis ser forte mesmo... Aff deixa eu parar de pensar porque tenho coisas mais importantes a fazer, com licença.


Lua OFF


Com alguns passos, Lua se aproximou de Arthur e lhe deu um selinho. Afastou os lábios dos dele enquanto passava os braços em torno de seu pescoço, os dois sustentavam os olhares, era como se estivessem trocando idéias com eles.
Aproximaram novamente os lábios, mas as línguas se encontraram antes de selarem as boquinhas. Os dois acharam engraçado, Lua nunca se imaginou dando um beijo de línguas expostas, achava tão nojento... mas esse estava muito bom, obrigada. Pouco tempo depois, as línguas não estavam mais expostas e os lábios já se tocavam com sentimento de saudade, é como se os dois estivessem com a mesma vontade de compensar todos os anos que passaram longe e mais os anos em que eram apenas amigos. Esse beijo começou devagar e suave, estavam mostrando um pro outro o quanto queriam aproveitar o momento, já que em alguns dias as férias terminariam, ela iria pra casa e ele provavelmente logo estaria em alguma turnê. Porém tudo o que começa devagar e suave uma hora se torna mais rápido, ganha energia, vontade... Os lábios dela estavam sendo praticamente sugados agora e ele sentia como se fogos de artifício estourassem dentro de sua barriga. Nada muito desconfortável, só felicidade em excesso.
Lua sentiu Arthur levantar sua blusa e a cada movimento das mãos dele em suas costas, as pernas pareciam amolecer mais. Ela também resolveu explorar o mundo por baixo da camisa de Arthur Aguiar e percebeu que ele contraiu o abdômen, suas mãos deviam estar geladas. Sem mais cerimônias, quando ela foi ver, estava com uma das mãos sobre a bunda dele, por cima da calça. Arthur beijava o pescoço dela no momento que se deu conta disso também. Ele sorriu e lhe deu um chupão que provavelmente deixaria marca. Lua se afastou um pouco rindo e ele aproveitou pra tirar a camisa. Voltaram ao beijo e as mãos dela deslizaram pelo tórax nu, a pele dele estava quentinha e macia naquela região, como se ele fosse alguém que passa 'óleo de amêndoas paixão' todas as noites depois do banho... A blusa dela ainda não havia voado pro chão do quarto, como a dele. Por baixo do tecido, Arthur aproximava cada vez mais aquela mãozinha dos seios dela. Sinal amarelo? Talvez... Ela retirou a blusa e pôde reparar rapidamente que havia uma marquinha vermelha de quatro dedos que estavam apertando sua cintura segundos atrás. Provavelmente sumiria logo. Diferente das marcas de chupões no pescoço que Arthur estava deixando do outro lado agora. Lua começou a desconfiar seriamente que ele pode ser um vampiro, pra gostar tanto de deixar marcas no pescoço dela! Os dois pareceram esquecer como respirar direito, as respirações estavam descompassadas e terminavam em forma de vento nos cabelos do outro. Arthur tinha agora a mão esquerda totalmente em cima de um dos seios dela, sobre o sutiã. Primeiro apertou algumas vezes sem usar força. Teste de consistência? Talvez... Outras horas fazia movimentos circulares. O fato é que cada apertadinha mais forte resultava em uma falha na respiração dela. Lua então percebeu que davam passos lentos e parou de caminhar de repente.
- Arthur… e se alguém entrar aqui? – olhou para a porta do quarto, que estava aberta.
- Não tem ninguém em casa Lua! – ele falou e a voz saiu meio abafada por ele estar com o rosto todo enterrado no pescoço dela. Percebeu que ela continuou meio incomodada com aquela porta aberta e a soltou pra poder ir fechar a porta. Enquanto isso ela tirou os tênis num movimento rápido.
- Melhor assim?
- Aham. – afirmou com a cabeça enquanto tinha um sorriso safado nos lábios. Estava se revelando essa tarde!
- Wow! Gostei das suas meias listradas de branco e vermelho... São do Arsenal?
- Não né... São do Micael, sei lá de que time é!
- Pegou as meias do Micael?
- É porque aquele spice-chato pegou todas as minhas pra lavar de uma vez, aí eu fiquei sem nenhuma!
- Ah, tudo bem, não precisa ficar sem graça por ter pego as meias usadas do Micael! Elas são até bonitas. – Arthur se aproximava dela sorrindo. Ele dava passos lentos, mas Lua teve a sensação que ele vinha como um trem.
- Elas não são usadas! E não fiquei sem graça...
- Ficou sim que eu vi! E acho que você fica muito hot assim sem graça!
Arthur voltou a pegá-la pela cintura e a puxou pra perto de si com certa voracidade, o que fez Lua sentir todas suas estruturas se abalando como num terremoto e assim soltar um gritinho controlado. Mais um beijo pra roubar o fôlego dos quatro pulmões ali presentes.


When you see my face, hope it gives you hell, hope it gives yooooou heeeell.


Era o celular de Lua tocando no bolso de trás da calça dela.
- Num atende não – Arthur murmurou com os lábios colados aos dela.
Lua não parou de beijá-lo, mas pegou o celular e ergueu à altura dos olhos, atrás da cabeça dele. Abriu um dos olhos e pôde ver o nome “Mel” no visor. Abriu e fechou o celular rapidamente para que parasse de tocar e voltou a guardá-lo onde estava. Os dois continuaram no amasso, nem aí pro mundo. Vez ou outra, um prendia os lábios do outro entre os dentes e logo soltava. Ela mordeu a orelha dele e depois só de vingança, fez marcas no pescoço dele também.
Lua já conseguia perceber o resultado de todos aqueles chupões de pescoço, mãos bobas, carinhos e prendidas de lábios inferiores através do certo volume dentro das calças de Arthur. Ela pensou por alguns minutos enquanto começavam a andar novamente em direção à cama. Será mesmo que deviam fazer isso agora? Estava se sentindo como uma adolescente em sua primeira vez. Mesmo assim prosseguiu porque Arthur é o único cara que a faz ir à lua e voltar com apenas um toque, um olhar, uma palavra, um sorriso e muitos outros ‘uns’... Arthur deitou primeiro na cama e ela por cima dele. Passou uma perna de cada lado do corpo dele e começou a depositar beijos em seu pescoço. Descobriu que ele sentia muitas cócegas por ali porque sorria feito besta. Ela foi descendo o alvo de seus beijos pro ombro, depois no peito, em cima da tatuagem dele, e continuou se movimentando até o abdômen, umbigo... Se perguntava como a pele dele podia ser tão macia a ponto de fazê-la não querer soltá-lo mais. Ele se perguntava se ela estava escutando a bateria de escola de samba com fogos de reveillon dentro dele. Há tanto tempo queria estar com ela e agora parecia até surreal!


When you see my face, hope it gives you hell, hope it gives yooooou heeeell.
When you walk my way, hope it gives you hell, hope it gives you hell.


Tocou de novo o celular. Lua estava prestes a abrir o zíper da calça dele. Arthur bufou e deu um soco no travesseiro ao lado. Lua revirou os olhos e pegou o celular no bolso da calça.
- Joga esse celular fora! Ele me detesta! Eu te compro outro depois. – Arthur foi falando quando viu que ela observava o celular em sua mão, muito provavelmente pensando em atendê-lo.
- É a Melanie de novo, pode ser importante!
Arthur fez uma careta fofa e sentou, sem esquecer de trazer um travesseiro pra posicionar em frente à calça. Esse ato fez Lua abafar um risinho debochado antes de atender.
- Oi Mel.
- Onde é que a senhorita se enfiou, hein? Esqueceu que a gente ia sair?
- Ah é? Mas já? Digo... Agora?
- É Lua… – a outra bufou sem paciência – Aquela amiga da mãe do Micael, dona da boutique que tem os vestidos mais lindos da cidade e sempre dá descontos pra você por ser a prima dele, só trabalha até as três da tarde esqueceu? Precisamos ir logo! Eu e as meninas já estamos saindo. Você pode sair, seja lá de onde estiver e ir direto pro shopping!
- Ah, é verdade... – Lua falou com um certo peso na voz ao olhar pra Arthur ali, todo gato e sem camisa.
- Lua? – Melanie chamou depois de um tempo que Lua ficou muda.
- Hum?
- ANDA! – Lua afastou o celular do ouvido e desligou.
- É que eu e as meninas tínhamos combinado de ir comprar umas roupas hoje pra gente usar amanhã na festa que vai ter. – Lua explicou a situação enquanto guardava o celular de volta no bolso. Sentou na beirada da cama e já sentiu Arthur abraçá-la por trás.
- Viu? Não era importante! – ele sorriu vitorioso, mas antes que pudesse atingi-la com um de seus beijos mortais no pescoço ela se levantou, fazendo-o quase cair da cama.
- É Arthur, elas estão me esperando... E outra, a gente vai junto nessa festa, não vai?
- Sim!
- Então, você quer ser fotografado com uma menina se sentindo poderosa em sua linda roupa nova ou com uma menina de ombros encolhidos e olhar assustado se achando a patinha feia no meio das amigas super bem vestidas? – ela perguntou enquanto andava pelo quarto procurando sua blusinha, tênis e qualquer outra coisa que tenha se projetado pra fora do corpo...
- Primeiro, suas amigas nunca vão estar mais bonitas do que você! E segundo, fodam-se as fotografias todas!
Arthur terminou de falar esticando os braços pra cima e levou no rosto a camisa que vestia minutos antes.
- Vai, me leva pro shopping!
Arthur mostrou a língua pra ela e se deu por vencido, recolocando a blusa.
- A gente pode continuar outra hora... – Lua piscou e saiu correndo do quarto e ele disparou atrás dela. Correram assim até a garagem, fôlego de criança.


O dia da festa na casa do Kyle chegou finalmente. O motivo da comemoração é o aniversário da banda. Integrantes de outras bandas e fotógrafos de revistas estariam presentes. O pessoal não estava assim muito, muito animado pra ir, talvez só um pouquinho. Festas se tornaram um pouco traumatizantes.
A maioria das meninas na casa de Micael já estavam se preparando. Agora que havia meninas a mais, elas precisaram organizar uma ‘fila pro banho’ desde cedo, pra ninguém se atrasar, já que apenas dois chuveiros podiam ser ligados ao mesmo tempo na casa. Lua terminou seu banho e foi a vez de Jamie ir pro chuveiro. Quando Lua terminou de secar o cabelo, fechou os olhos por um instante e apertou um pouco mais o roupão macio contra o corpo. Se aproximou da cama e se jogou nela sorrindo. ‘Por que é que quando eu fecho os olhos aparece o rosto do Arthur? Será perseguição? Ah, ta bom vai, chega de pensar nele, é só um cara... que eu conheço (e gosto) há muito tempo, mas mesmo assim, um cara. Pode parecer coisa de desenho animado da Disney isso que eu vou dizer agora, mas me sinto nas nuvens! Será que é pelo Arthur ou é porque esse roupão é muito macio?! Ah, abafa! Piadinha mais sem graça...’
A roupa de Lua estava estirada ao lado dela em cima da cama. Ela olhou e sorriu mais uma vez, era um vestido tomara que caia de comprimento até o joelho, muito meigo com flores na saia.


Lua POV


- LU ME AJUDA AQUI!
Escutei a Rayana bater na porta falando alto igual uma louca. Jamie terminava de fazer o lacinho aqui nas costas do meu vestido, esperei ela acabar e fui abrir a porta curiosa.
- O que foi mulher?
- A panguona da Melanie ta choramingando lá no quarto dela, não quer nem abrir a porta!
- Ué, mas por quê?
- Parece que não gostou do vestido! – mas hein?! Rayana começou a andar em direção ao quarto da Melanie e eu fui atrás. Nem vi se a Jamie ficou no quarto ou se veio atrás também. Mas como pode cara?! Eu vi quando ela provou aquele vestido lá, ficou com a maior cara de boba se olhando no espelho... Não é por nada não, mas às vezes eu acho que ela se acha! Isso fica em off, certo? Certo.
- Mas ela provou lá! – falei indignada com uma das mãos nos quadris.
- É, não sei o que está acontecendo...
Melanie continuava dentro de seu quarto, encarando o espelho grande e torcendo a boca.
- Mel… Abre aí vai. – Ray pediu com calma batendo suavemente na porta.
- Nãão.
- Por que não? – perguntei.
- Por que eu não vou mais!
- COMO ASSIM?! Você era quem tava mais animada pra ir e ver o Kyle! Fez a gente ir comprar vestidos e o caralho a quatro! AGORA ATACA DIZENDO QUE NÃO VAI?! – Rayana estressou fácil.
- Pega leve pô! Aí é que ela não vai abrir nunca! – Sophia surgiu atrás de mim e Ray colocando uma mão no ombro de cada uma, abrindo espaço pra ficar entre a gente.
- Aconteceu alguma coisa, Melanie?
- Aconteceu tudo, Soph!
- Tem a ver com o vestido que você comprou ontem? Aquele rosa?
- Não.
- Tem a ver com o que então? – Sophia dialogava calmamente com ela. Provavelmente assim conseguiria saber de alguma coisa, muito melhor do que na base do berro!
- Com um vestido preto!
- Hum? – nos olhamos sem entender lhufas. Acho que todo mundo lembra bem que Melanie comprou um vestido rosa muito cute ontem.
A porta do quarto foi se abrindo devagar, era Stacey abrindo pra gente. Entramos e logo vimos Melanie sentada na cama, com o queixo apoiado nas mãos e os cotovelos apoiados nas pernas, que estavam posicionadas de um jeito torto, mais abertas do joelho pra baixo, com os pés um tanto entortados pra dentro. Posso falar? Pra mim parece pose que emo tira foto!
- O que aconteceu? E que roupa é essa? – Rayana pôs as mãos nos quadris e analisou a irmã.
- Essa... foi a roupa que veio na caixa!
- Mas como? Não foi esse vestido que você comprou! – andei até a caixa em cima de uma mesinha e observei melhor a notinha que encontrei ao lado dela. Parecia diferente, o nome do vestido era outro, preço também... Então até a notinha que está aqui foi trocada! Estranho.
- É! Aquela atendente burra e iniciante deve ter trocado o meu pacote com o daquela outra perua burra que estava lá pagando também na mesma hora que eu!
- Cará... – eu já ia dizendo o famoso ‘caraíí’ do jeito que Arthur sempre faz, mas não terminei de falar porque Sophia tampou minha boca antes e me fez rir que nem besta! É tudo culpa dele... Será que ele já pegou alguma mania minha também?
- Levanta aí pra gente ver como ficou! – Ray estava sentada ao lado da irmã e deu um tapinha em seu ombro. Mel torceu um pouco a boca e levantou. Todo mundo que estava ali presente no recinto sentiu seus queixos indo até o umbigo. O vestido ficou incrível, de parar o trânsito. Único problema era o comprimento... [fig]
- Isso está mais curto do que roupa de criança! Com a diferença que crianças não são chamadas de minivacas! – Melanie bufou e cruzou os braços.
- Mas ficou lindo! – comentei parada ao lado dela no espelho.
- É mana, você tem boas pernas! Quase como as minhas! – Rayana permaneceu sentada e Melanie jogou uma piranha de cabelo na direção dela.
- Ray, num provoca a menina não porque o momento é crítico! – Sophia falou virada para Rayana e logo encarou Melanie – Ficou realmente lindo em você, Mel!
- Mas o problema é o Chay gente! E se ele implicar?
- Vocês estão ficando há uma semana, ele ainda não ta no direito de escolher suas roupas! – Stacey falou com o curvex preso aos cílios.
- Ela ta certa, o Chay não é seu namorado. Não vai pegar no seu pé! – abanei o ar fazendo aquela cara de ‘relaxa na bolacha, darling’. Ah, é! O Arthur já pegou essa mania de mim! Que lindo...
- Será que não? Anteontem ele não gostou do short que eu estava usando aqui dentro de casa! Falou que tava curto... Mas eu estava com ele porque os outros não estavam lavados! E ele não gostou mesmo assim, falou que se chegasse outro menino ia ficar olhando, bla bla bla e eu devia jogar fora aquele short!
- Ah, mas agora é diferente, aquele short é feio! É brega, laranja e verde com um troço doido pendurado, parece short de baranga... E esse vestido não, é lindo! Vai, chega de paranóia! – Rayana se levantou e bateu palmas como quem quer espantar morcegos. Eu ri com isso e todas as meninas sorriram também, até Melanie, que agora já estava achando o vestido bonito. Estava se olhando e sorrindo, eu já falei que ela se acha?! Brincadeira...
Então a Mel resolveu ir mesmo com o vestido, e como todo mundo já estava pronto, a gente desceu. Micael e Arthur estavam lá na sala conversando sobre algo que eu não consegui prestar a mínima atenção porque fiquei pasmando no visual do Arthur! Dessa vez ele botou um tênis surrado, porque hoje eu não estava lá pra ajudá-lo... Calça jeans escura e uma camisa cor vinho de manga comprida... Tipo básico, mas muito gato!.
A gente ia em três carros, o do Micael, do Arthur e do Chay, que inclusive deve estar chegando e trazendo o Pedro.
- Eu sempre torci pelo Frajola, aquele pinto amarelo não me engana! Só pode ser gay! – Micael falava e levantou os braços. Os homens (principalmente o Micael) às vezes se empolgam falando de assuntos infantis. Acho isso engraçado e bizarro ao mesmo tempo... Coitada da Sophia!
- Hey, cadê os outros meninos? – Soph andou até Micael e o abraçou.
- Lu! Como você ta hot! – Arthur andou até mim com aquela carinha de criança e eu tive que rir pra ele.
- Oi Ray! – Pedro gritou e acenou da porta da cozinha, com um copo de água na mão. Todo mundo olhou pra ele porque achamos que ele não tinha chegado ainda, quer dizer, ele viria com Chay, mas se ele já estava lá então é porque Chay também já estava.
- E aí Pedro! – Rayana foi até ele e quase derrubou algumas pessoas pelo caminho. Desorientada.
- Erm... Então o Chay já chegou? – Melanie perguntou pra Micael.
- Aham, tem uns cinco minutos já, mas eu não o vi entrar aqui, só vi o enxerido do Pedro!
- Ah... Vou lá fora ver. – Melanie saiu andando e eu reparei que Jamie não estava ali com a gente... Ok, tive um mau pressentimento agora! Mas não que eu esteja com medo da Jamie! É que eu já peguei umas conversas, ouvi falarem que ela é Suede de corpo e alma e bla bla bla... Talvez ela seja muito fã dele e queira tentar alguma coisa com ele! Veja bem, ela ficou naquela casa só pra vê-lo...
- Chay… – a voz de Melanie não saiu muito alta. Quando abrimos a porta vimos Jamie muito próxima de Chay, os dois encostados no carro dele. Parece que iam se beijar ou sei lá. Só sei que eu fiquei paradona lá. Como é que a Jamie faz isso, cara?! A gente confiou nela... OK! SERÁ QUE AGORA ALGUÉM PODE ME DIZER QUAL DESSAS TRÊS É A AGUIAR?!


Lua OFF


Melanie se aproximou deles, Chay olhava pra ela e Jamie olhava para os lados. Ela vestia um sobretudo branco e sapatos brancos também.
- Nossa Melanie, você vai assim? – Chay já foi falando antes mesmo que a menina chegasse mais perto.
- Boa noite pra você também Chay. E sim, essa é minha roupa. Estou bem?
- Está bem... bem descoberta!
- Hm... Ficou legal né! – ela tinha um sorriso falso de quem está na verdade P. da vida. Esse sorriso costuma anunciar uma briga feia!
- Qual é Mel! Você só pode ta brincando comigo... Anda, vai lá procurar o resto do seu vestido!
- Por que você não vai procurar o resto da sua vergonha na cara?
- Hum?! Do que você ta falando agora?
- ‘Qual é’ digo eu, Chay! Você começou falando logo do meu vestido só pra inverter o jogo que eu sei!
- Jogo?! Ficou maluca menina?
- É! Eu até ia deixar passar porque a gente não tem nada sério e tal, mas como foi você que começou a implicar comigo agora eu vou falar!
- Falar o que? E a propósito... a gente não tem nada a sério?!
- Para de se fazer de besta! A GENTE TA FICANDO CHAY E VOCÊ PENSA QUE EU NÃO VI QUE QUANDO ABRI A PORTA VOCÊ ESTAVA NO MAIOR CLIMÃO COM A JAMIE?! – Melanie quase berrando na calçada e à essa altura, os amigos já estavam observando. Lua se aproximou e parou ao lado dela, mas ficou em silêncio.
- QUE CLIMÃO? NÃO VIAJA MELANIE!
- Não é de hoje que eu ando desconfiando de vocês, eu não sou besta.
- Você fica vendo coisas onde não tem! Eu e a Jamie somos amigos, fala pra ela Jamie!
- É... Mel…
- Não quero nem saber! Você pode ficar quietinha aí que a conversa contigo é depois!
- Hey, não precisa crescer pra cima dela não, o que é que há?! Eu e a Jamie estávamos conversando!
- Ta bom então, será que precisa chegar tão pertinho pra conversar?
- Ah, sabe do que mais?! Agora eu é que acho que você está querendo inverter as coisas aqui! Eu ainda não engoli esse seu vestido, isso deve caber nas Barbies da minha irmã!
- Não seja imbecil... Passei uma tarde inteira comprando roupas pra você me ver e elogiar e olha o que você faz!
- Sei... Você não me engana, escolheu esse vestido pensando no Kyle!
- Mas o que é que eu tenho a ver com o Kyle, Chay? Eu só pedi um autógrafo pra ele, gosto do The Click Five!
- Você gosta é do guitarrista deles! E agora escolheu esse vestido de puta só pra ver se ele te pega!
Melanie sentia cada gota de seu sangue se acumulando na cabeça. Lua teve medo de como isso poderia continuar e pôs as mãos sobre os ombros de Mel, virando-a para caminharem em direção ao carro de Micael que estava parado mais à frente.
- Já chega, né?! Vamos sair logo porque a festa lá já começou faz tempo.
- Pegou pesado cara... – Arthur comentou baixo com Chay quando passou por ele. Micael entrou em seu carro também e junto com ele foram Sophia e Melanie. Arthur entrou no seu carro com Lua e Stacey. Chay foi com Pedro, Ray, Jamie e Molly. Chay dirigiu em silêncio o caminho inteiro...

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