quinta-feira, 8 de março de 2012

Capítulo 13 – Fã-fã-fã-fantasma!

- Nossa, é verdade! Ta saindo fumaça da chaminé daquela casa! – Pedro olhava pela janela do banco do passageiro, estavam chegando na casa do Micael.
- A gente vai descobrir hoje quem é que ta aí! Será que o Dean não morreu? – Micael desligando o carro.
- Ou pior... Será que ele morreu e ta assombrando a casa? – Chay falou com cara de sério e Arthur lhe deu um tapinha no braço.


Quando Micael entrou em sua casa com os outros, as luzes estavam apagadas e o silêncio chegava incomodando... O único barulho era dos ventos fortes sacudindo as árvores lá fora, um temporal daqueles estava chegando.
- Cadê as meninas? – Pedro olhava de um lado pro outro, confuso.
- Do jeito que elas são surtadas, devem estar se escondendo em algum lugar! – Micael foi andando pra sala.
- A gente se espalha e procura então... – Arthur foi falando com Micael.
- Wait! Quem vai querer olhar o porão? – Micael perguntou com um olhar desafiador.
- Eu não tenho medo de procurar lá, mas que menina ia se esconder no porão? – falou Chay.
- Não sei, mas... Talvez estejam lá – Micael deu de ombros.
- Eu e Chay vamos ver. – Pedro puxou Chay pelo braço e foram em direção à cozinha, onde num canto perto da porta pro quintal, há uma escada pro porão.
- Vou procurar em algum banheiro lá em cima. – Micael falou pra Arthur, que assentiu com a cabeça.
Arthur ficou sozinho na sala. Olhou pro chão e viu uma caixa, com sua tampa jogada ao lado. Reconheceu que era a mesma que estava no guarda-roupa da Lua. Abaixou-se e pegou uma foto na mão. Os meninos tinham acendido a luz da cozinha, mas a da sala não, então ele resolveu acender a luz da sala porque não conseguiu enxergar as pessoas que estavam na foto. Quando pôde ver, não conseguiu esconder um sorriso. Na foto, estavam Arthur e Lua sujos de sorvete na casa da Soph, ele tinha acabado de grudar uma colher com sorvete de flocos na testa dela depois que ela tinha jogado sorvete e acertado na bochecha dele e foi quando Sophia chegou e tirou uma foto de surpresa dos dois assim. Eles riam apesar de estarem com sorvete no rosto e a foto saiu engraçada... Impossível não sorrir olhando aquela foto, principalmente quando você é Lua ou Arthur. Depois ele viu outra onde ela estava de costas levantando o cabelo e ele de frente, sem camisa, os dois mostrando as tatuagens com desenhos iguais, duas semanas depois que tinham feito. Virou a foto e identificou a letra dela em palavras entre aspas escritas no verso: “You’re still a part of everytinhg I do, you’re on my heart just like a tattoo” guardou essa foto no bolso.


Em algum banheiro lá em cima...

Micael abriu a porta do banheiro de um dos quartos e tomou um susto, Sophia estava lá dentro lavando as mãos.
- Que susto Micael! Como é que você vai abrindo a porta assim de repente?!
- Que susto digo eu! Chego em casa e as meninas sumiram! Onde estão? – ele perguntou entrando no banheiro.
- Estão no quarto da Mel... Me trancaram pra fora, aquelas vacas!
- Vocês se desentenderam? – Micael estranhou e ela riu.
- Não... Num foi isso, é que foi uma brincadeira da Melanie, quem chegasse por último ficava pra fora do quarto – ela explicou e deu de ombros.
- Hum... – os dois ficaram pasmando um pouco e logo se assustaram quando uma corrente de vento passou e fechou a porta com força. Sophia ficou com as mãos sobre o coração e os olhos esbugalhados, Micael levou as mãos pra trás da cabeça.
- Putafodeu!
- Minha nossa! O que foi isso Micael!?
- Eu não sei, mas seja o que for, trancou a gente aqui!
- O QUÊ?
- Essa porta está com problemas, não pode bater assim com tudo.
- OMG! Tenta abrir! Tenta aí!
- Não dá, – Micael se esforçava pra abrir, sem resultados – só por fora...
Sophia fez uma cara de ‘vou-morrer-ali-rapidinho-e-já-volto’, se encostou numa parede e foi deixando as costas deslizarem por ela até sentar no chão. Micael passava os olhos por todo o banheiro, procurando alguma coisa que pudesse abrir a porta.


- É... Não tinha ninguém no porão. – Pedro chegou na sala e Chay vinha logo atrás.
- Oi Arthur, que caixa é essa? Tinha alguém aí dentro? – Chay brincou e Arthur pareceu nem escutar.
- Hum? – Arthur saiu de um transe.
- Ihhh... Aguiarsito não está bem, dude – Pedro cutucou Chay.
- Não eu só... É que eu... Essa caixa tava aqui e... – Arthur apontava para a caixa e se embolava na resposta.
- Ta bom, que seja Arthur... Que seja. Vamos procurar nos quartos que elas devem estar lá. – Chay cansou de observar Arthur se atrapalhar pra falar e foi andando em direção à escada. Pedro foi junto e Arthur terminou de pegar os objetos que estavam pra fora da caixa, colocando as coisas lá dentro e em seguida tampando-a. Depois foi atrás dos outros dois que já subiam as escadas para os quartos.


...Quarto da Mel

- Ai droga! Com a correria pra entrar no quarto eu esqueci minha caixa aberta lá no meio da sala... – Lu bateu na testa com a mão. Estavam as três dentro do quarto e nem se tocaram que os meninos já tinham chegado.
- E se o fantasma do Dean entrar e levar sua caixa embora? – Melanie falou olhando pro nada, Rayana rolou os olhos e deu uma travesseirada nela.
- VOCÊ TA COM ALGUMA TARA PELO DEAN-FANTASMA? JÁ NÃO BASTA GOSTAR DO VAMPIRO EDWARD NÃO? OLHA QUE EU FICO COM CIÚMES! – Ray brincou falando alto o suficiente pra Pedro localizar o quarto onde elas estavam e ficar ouvindo antes de se pronunciar.
- Ei, vocês estão aí? – ele finalmente bateu na porta depois de ter certeza que escutou Rayana falando do Dean pela milionésima vez.
- OI PEDRO! – Rayana abriu a porta sorridente e pulou em cima do menino.
- Puxa... Eu também queria ser recebido assim algum dia em algum lugar! – Chay se fez de triste olhando pro pé. Ouvindo isso, Melanie não pulou em cima dele, mas lhe deu um abraço apertado enquanto tremia ainda de medo e Lua, apesar de estar meio sem graça por toda aquela conversa durante a tarde, fez o mesmo com Arthur.
- Cadê o Micael? – Rayana perguntou se soltando de Pedro.
- Não sei, ele falou que ia subir aqui – Arthur deu de ombros.
- E a Soph, não ta com vocês? – Pedro estendeu o pescoço olhando pra dentro do quarto vazio.
- Não, erm... Ela ficou pra fora – Mel explicou.
- Pra fora? – os três garotos fizeram caras desentendidas.
- Foi idéia da Melanie, a gente tava na sala aí ela veio correndo até o quarto e falou que quem chegasse por último ficava pra fora. – Ray contou.
- Ela deve estar por aí né... – Lu andou pelo corredor, apenas colocando a cabeça pra dentro de cada quarto, não viu ninguém em nenhum deles e foi seguindo o resto do grupo, que ia pra sala.
- Nenhum dos dois estava nos quartos.
- Aonde eles foram? Será que saíram? É que vai cair uma chuva daquelas né... – Pedro observava os ventos lá fora pela janela.
- O fantasma do Dean esteve aqui e levou os dois! Aquela batida que todo mundo ouviu agora há pouco... Foi ele! – Melanie falou meio aérea e com o olhar assustado, todos olharam pra ela – Que foi? Pode ser, não pode?
- Hoje vamos descobrir isso, Mel! – Pedro falou de repente e todos que olhavam pra Mel passaram a olhar pra ele.
- Oh, claro! Só se a gente... – Ray ia falando, mas nem completou a frase ao olhar pra Pedro e ver a expressão estranha que ele tinha no rosto – O que? Você não está pensando nisso, está?
- E por que não? Anda! Vamos colocar um pouquinho de adrenalina nas nossas férias! De quebra já descobrimos o mistério dessa casa, enquanto não fizermos isso não vamos ter tranqüilidade! – Pedro parecia animado.
- Pedro, você não pode estar falando sério! Isso é invasão, podemos ser presos! – Lua tentou jogar água no plano.
- Mas a casa ta vazia! Ou pelo menos, era pra estar... – falou Chay.
- Só que não ta, né Chay! Isso já ficou óbvio! – Mel ficou nervosa e começou a roer unhas.
- Calma, eu vou te proteger! – Chay se aproximou e a abraçou. Naquele exato segundo ele poderia levá-la pra qualquer lugar que quisesse.
- Não tem jeito mesmo? Vocês colocaram essa idéia na cabeça e não há quem tire? – Lua perguntava e os três garotos apenas balançavam a cabeça negando – Ok, vamos logo então!
- O Micael e a Sophia é que são espertos! Fugiram dessa maluquice – Rayana comentou mais pra ela mesma do que para os outros ouvirem. Pedro estava ao seu lado, escutou a menina resmungando e lhe deu um beijo no topo da cabeça.
Saíram de dentro da casa do Micael, e quando estavam pra atravessar a rua, Lua sentiu o braço de Arthur passando por seus ombros. Olhou pra ele, que sorria como se dissesse ‘vamos lá, vai ser legal’, ela retribuiu com um meio sorriso e voltou a olhar pra frente.


De volta ao banheiro...

- OLÁÁÁÁÁ! – Micael continuava dando trancos na maçaneta da porta, ainda sem sucesso. Enquanto Sophia gritava sentada no chão mesmo.
- SOCORRO POR FAVOOOOR! Ah Micael, ninguém vai ouvir! Eles devem estar na sala.
- É... O jeito é esperar que alguém passe por aqui. – Micael parou de esmurrar a porta e se colocou de frente pra Soph, que agora colava a testa nos joelhos – Você ainda tem aquele problema?
Ele se referia à claustrofobia dela.
- Bem... Eu tive uma grande melhora! Se fosse um tempo atrás, eu já estaria sem ar agora e já teria dado a luz umas cinco vezes!
- Que bom! Porque eu não sei fazer partos, já vou logo avisando! – ele brincou meio sem graça e os dois sorriram um pouco nervosos.
Sophia não sabia se estava mais tensa por estar presa ou por estar COM MICAEL.
- Mas eu to ficando um pouco estranha já, to com medo de ter uma recaída e começar a tremer. É horrível.
- Calma! Logo vai passar alguém pra abrir a porta por fora! Tem um monte de gente lá na sala, uma hora alguém vai precisar de um banheiro e com sorte vai vir nesse! – ele se sentou ao lado dela no chão, falando coisas pra acalmá-la.
- Ta, é só eu me distrair... Conversa comigo, sei lá... Como é que foi lá na casa do Chay?
- Foi divertido, você sabe como aquelas beechas são engraçadas né! A gente zuou, bebeu, até fofoca nós fizemos... Me senti num banheiro feminino. – fez uma voz meio fina na última frase e arrancou um sorriso de Sophia. Se distraiu por alguns segundos observando, fazia tempo que ele não via aquele sorriso tão de perto.
- Hum... Fizeram fofoca é? Posso saber de que, ou melhor, de QUEM falaram?
- Ah, nada demais... O Pedro contou que ficou com a Rayana! E parece que ele gosta mesmo dela, tava todo bobo.
- Ouuun que lindo! Ela também falou dele aqui!
- Vocês também ficaram por aqui fazendo fofoca?
- Óbvio, né Micael?! Que pergunta... Se até vocês tiveram tempo pra isso!
- Claro... Devem ter fofocado muito mais que a gente!
- É. Talvez... O Chay falou alguma coisa... Erm... De mim?
- Falou que vocês dois se parecem bastante.
- É, acho que isso é verdade! Sabe, eu encontrei nele um amigo pra todas as horas! – deu um leve ênfase à palavra amigo.
- Ele sente o mesmo, pode acreditar. Se me dissessem um dia que eu ia ter um amigo que é a versão masculina da menina que foi meu amor de adolescência eu não ia acreditar! – aquelas palavras mexeram com Sophia, ‘amor de adolescência’. Não sabia se tinha achado ruim, por dar a impressão de ser uma coisa que ficou no passado, ou se tinha achado bom, por ele ter chamado de amor. Ela passou alguns segundos sem dizer nada e a cada segundo de silêncio, Micael se arrependia x4 de ter falado aquilo. Saiu tão naturalmente e quando foi ver...
- Você me amou, Micael? – Sophia finalmente disse sem pensar muito.
- Como?! – estava olhando pro nada e se surpreendeu com a pergunta.
- Você ouviu... Perguntei se me amou mesmo. – é, ele tinha ouvido, só quis ganhar tempo.
- Amei. Mesmo que você não merecesse. – Ai! Essa doeu.
- Eu sei que eu fui um lixo. Pode chutar.
- Erm... Isso já faz muito tempo, ok? Vamos deixar esse assunto pra lá.
- Não dá! Não consigo, não sai da minha cabeça esse arrependimento que eu sinto todos os dias!
- É, mas se arrepender não adianta de nada.
- Eu sei, se adiantasse você já tinha me desculpado.
- Eu já desculpei, já esqueci, e... Como eu disse, isso faz muito tempo.
- Não desculpou nada! Eu vejo isso quando você me olha. Ou melhor, quando você não me olha!
- Quer saber?! Ta bom, eu não perdoei mesmo. Sofri muito por tua causa garota, me deixou descobrir através de outra pessoa o que você não teve a capacidade de falar... Eu não tenho vergonha de admitir, eu tava mesmo todo iludido e do nada descubro que não passei de um otário na sua mão. Custou pra eu acreditar que você foi mesmo capaz de me enganar daquele jeito.
Sophia passou um tempo sem dizer nada, apenas ouvindo e abraçando os joelhos. Sentia o rosto ir esquentando e uma vontade de chorar invadindo os pensamentos. Não queria revelar sua voz embargada, se a porta estivesse aberta seria a hora de sair correndo.
- Eu ia contar. – ela falou baixinho.
- Quando?! Ah, já sei! Uns três anos depois, quando você ia descobrir que o Chris é casado e você não poderia ficar com ele, então ia correr pro seu estepe de plantão aqui! – ele falou com todo o seu tom raivoso e sarcástico. Sophia não foi capaz de segurar duas lágrimas que desceram tão sincronizadas como se estivessem treinadas...
- O que foi? Ta chorando por causa dele? Ele não quis largar a mulher pra ficar com você?
- Ta me achando com cara de que? Você me conhece Micael, sabe da história do meu pai e que eu não faria isso por que eu nunca vou ser igual a mulher que levou meu pai de mim.
- Aí é que você se engana, porque eu não te conheço! Eu conhecia uma menina linda por quem eu era apaixonado! Essa Sophia que ta aqui a seqüestrou e deixou presa desde aquele dia na sorveteria.
 - Não seja por isso... Oi, prazer, me chamo Sophia Abrahão, tenho 20 anos. Um dia, quando eu tinha 17 encontrei o que eu julgo ter sido o amor da minha vida, po-porque aquilo foi o mais próximo disso que eu já senti, s-se não era amor eu não sei o que era então. Mas na época eu não me dei conta porque eu ti-nha um ídolo também, desde os doze anos. Me deixei confundir por causa do sentimento que eu tinha por aquele cara... Ídolos são pessoas mais imaginárias do que reais, a gente cria na cabeça um ser que não existe, dif-erente do que aquela pessoa realmente é. Enquanto que o ca-cara que eu amava não, eu sabia que ele não era perfeito e amava cada def-eito dele! Eu só demorei um pouco pra descobrir tudo isso porque meu cérebro não sa-sabe interagir com o coração. Lá no fundo meu inconsciente já sabia disso e tentava gritar toda vez que eu te via ou até mesmo quando ouvia seu nome, m-mas o cérebro não queria escutar... Quando a Lua falava de você era como se acendesse alguma luzinha aqui dentro, e quando eu tava com você, virava uma decoração de natal! Meu cérebro fechou os olhos e tampou os ouvidos pra tudo isso, acho que ta faltando algum fiozinho, um plug, t-tomada, sei lá – Sophia ia falando algumas bobagens, mas era tudo que ela sentia e falava um pouco rápido pra evitar os soluços que eram por vezes inevitáveis – Voltar no tempo é uma coisa impossível, mas eu não pensaria duas vezes se eu pudesse voltar lá e fazer a coisa certa.
 - Você pode voltar no tempo, finja que é Sophia . Qual é a coisa certa que você diz tanto que faria?
- Eu, erm...
- Fecha o olho, imagine onde você queria estar agora... – ela fechou os olhos e abaixou levemente a cabeça; mais um par de lágrimas escorreu.
- Eu queria ter tido coragem naquele dia que a gente se encontrou numa praça. Foi a primeira vez que ficamos juntos depois da festa. Eu não queria acreditar no que estava acontecendo comigo, passei a semana inteira com você na minha cabeça. Devia ter dito que tinha um compromisso com outra pessoa naquele momento, mas que tudo ia se resolver porque aquela pessoa já não significava nada pra mim depois que você apareceu e me deixou incapaz de amar mais alguém a não ser você mesmo. – sim! Ela estava extremamente romântica e inspirada! Conseguiu tocar Micael com suas palavras, ele a olhava falar e falar sem parar com os olhos fechados como se estivesse querendo ser calada de uma forma agradável. Ela abriu os olhos devagar e continuou a falar – eu já imaginei tantas vezes como teria sido se eu tivesse agido certo, mas isso não adianta! Eu já falei tudo que eu tinha pra falar e mesmo que você continue me tratando com toda a indiferença do mundo, pelo menos eu to me sentindo mais... – ela não teve tempo de falar a palavra ‘leve’ porque Micael a interrompeu com um beijo. Ele achou a maneira ultra-agradável para calar Sophia, que agora apenas correspondia ao beijo que os dois esperaram tanto. Um beijo com força e urgência. Todas aquelas sensações voltando, o ritmo dos batimentos cardíacos deles poderia dar num agitado psy-trance! Eles realmente conseguiram voltar no tempo aquela hora, se sentiam como naquela festa, assustados, mergulhando numa coisa nova que nenhuma outra pessoa já os fizera sentir antes.
- Vamos começar do zero! – Micael já estava ofegante e quebrou o beijo, segurando o rosto dela com as duas mãos.
- Jura Micael? É o que você quer?
- Mesmo que eu tenha passado por maus momentos, não vale a pena ficar preso no passado! Não vou viver meu presente se continuar assim e não quero um futuro longe de você! – ele sorriu com o rosto ainda bastante próximo ao dela. Sophia tinha o seu olhar preso nos olhos castanhos de Micael à sua frente – eu quero começar do zero agora que nós dois somos livres e desimpedidos! Você não me quer mais? Porque eu não te esque...
- Micael... É o que eu mais quero!
- Sem passado;
- Sem Chris;
- Nós vamos ser felizes.
 - Uhum, porque eu amo você 
- Eu também! – eles falavam tudo quase ao mesmo tempo e se beijaram outra vez.


Na (ex-)casa do Dean...

- OMG! Tenho mesmo que fazer isso? Eu to de minissaia Arthur! – Lua tentava se livrar de ter que pular a janela pra entrar na casa.
- Eu viro pra lá e não olho nada, ok! Vamos, todos os outros já entraram, só falta a gente!
- Ta... Ta bom, vou ver o que eu posso fazer. – ela ia tomar um impulso com os braços apoiados na janela quando Pedro apareceu.
- Hey! Venham seus moles! Eu abri a porta por dentro!
Lua abriu um sorrisão e foi logo até a porta.
- Ah dude, você nem me deixou tentar ter uma visão interessante! – Arthur cochichou ao passar pelo amigo, que riu.
- Ei, eu escutei essa, Mr. Arthur-Quero-Ver-A-Lu-Pagar-Calcinha-Aguiar! – Lua gritou e ia começar a distribuir uns tapinhas nele, mas ficou embasbacada ao entrar na casa, era simplesmente lindo ali dentro, apesar de uma poeira acumulada sobre os objetos, dava pra ver que era uma casa realmente bonita!
Logo no enorme hall de entrada eles puderam ver o que restou de um lindo e grande lustre espatifado no chão. Lembraram da noite que ouviram barulhos de vidros quebrando e constataram que foi isso. Caminharam mais um pouco e chegaram numa sala, bastante agradável até. Lá estava a lareira! Chay caminhou até ela.
- Rá! Mas olha... É por controle remoto! – Chay apertava os botõesinhos do controle como uma criança encantada vendo a lareira acender e apagar.
- É, deve estar com mau-contato e ligou sozinha! Estão vendo meninas?! Não há com o que se preocupar! – Arthur fez sua melhor pose de Chapolin Colorado.
- Certo... Mas e o telefonema? – Rayana o lembrou como se estivesse querendo dizer ‘responde essa agora, gostosão!’
- Erm... – Arthur coçou a cabeça – Vai ver é um telefone moderno que disca, passa trotes e pede pizza sozinho! – falou a primeira idéia que lhe veio à cabeça, provocando risos. O grupo continuou andando e chegaram à biblioteca.
- Nossa... O Dean não parecia o tipo de cara que gostava de ler! – Pedro se admirou com o tamanho das estantes repletas de livros.
- Por que? Só por que ele era bonitão? Que preconceito! – Rayana se aproximou dele sorrindo e lhe deu um tapinha no ombro. – Olha... – ela falou baixinho olhando num ponto fixo e indo pra um canto do cômodo. Pedro foi atrás.
- Que foi? – chegou perto dela, que estava parada.
- Esse livro de psicologia é ótimo, meu professor recomendou! Falou que tem umas coisas legais e se você prestar atenção pode até descobrir como hipnotizar de verdade! – ela pegou um livro grande e pesado de capa vermelha.
- É meio antigo, né? – Pedro examinava o livro nas mãos dela.
- É... Mas psicologia não muda porque as nossas mentes também não! E aí é que ta o bom da coisa – ela deu uma piscadinha, em seguida sorriu e olhou pra ele, que devolvia o olhar com uma carinha fofa. Os dois aproximaram os rostos e quando tinham os lábios a alguns centímetros, Ray fez uma cara meio estranha ao perceber uma coisa – Pedro, você ta ficando corcunda?
- Hum? – ele tava meio fora das órbitas e sacudiu a cabeça.
- É... Parece que você ta ficando mais baixo!
- E você também! – os dois estavam abaixando devagar e sem perceber. O quadrado onde eles estavam com os pés era uma espécie de elevador. Quando se deram conta e começaram a chamar a atenção dos outros, já estavam com os ombros na altura do chão!
- Hey, olha! É areia movediça! – Chay apontava para o casal praticamente sendo engolido no chão.
- OMG! Me da a mão Rayana! – Mel estendia a mão pra ela, mas não tinha forças pra puxar.
- Não dá, Mel! – Ray desistiu de tentar se puxar pela mão da irmã.
- Não se preocupem, a gente vê o que tem aqui em baixo e procuramos a saída pra voltar pra sala ou pro hall! – Pedro falava e dava pra ver apenas seus olhos agora. Quando aquela plataforma onde eles estavam em pé encostou no chão do andar de baixo, outra substituiu o quadrado que ficou aberto no chão lá no andar de cima. Foi uma substituição rápida, de repente um outro piso igualzinho surgiu de lado e cobriu aquele espaço... Os que estavam lá em cima ficaram olhando pro chão perplexos.
- O que foi isso?! – Lua perguntou meio que em estado de choque – O que acionou essa coisa?
- Não sei e sinceramente não quero descobrir! Só quero a minha irmã de volta pra gente sair logo daqui! – Melanie cruzou os braços e estava realmente assustada.
- Vamos esperá-los no hall? – Arthur.
- Mas e se eles saírem na sala, ou em outro lugar? – Chay.
- Vamos continuar andando então, uma hora eles aparecem. – Arthur.


No andar de baixo.

- Aai meu pé! – Pedro acabava de pisar no pé da Ray.
- Desculpa, é que ta escuro!
- Tudo bem... Tem um celular ou alguma coisa com luz aí?
- É o que eu to tentando achar. – Pedro procurava por todos os bolsos de sua calça, até que achou o celular e acendeu o visor dele.
- Isso é uma passagem secreta? – Rayana observava o que conseguia ver com aquela baixa iluminação.
- É o que parece...
- Mira no teto pra gente ver se tem luz aqui.
- Nem tem! Droga! – Pedro não achou uma lâmpada sequer no teto, mas ficou feliz ao ver uma mesinha com várias lanternas em cima – Mas olha o que eu achei!
- Puxa! Tem até aquele capacete com luzinha! Sempre quis usar um desses, me sinto num filme! – Rayana se empolgou um pouco (muito) com um daqueles capacetes. Pedro ignorou o surto da outra e pegou uma lanterna pra ele. Rayana ficou com o capacete e os dois foram andando pelo corredor que não tinha nenhuma entrada, mas para cada distância de aproximadamente dez passos eles podiam encontrar agrupamentos de uns 5 degraus, formando pequenas escadinhas e suavizando assim o que parecia ser uma leve subida pelo caminho.


No andar de cima

- Ounwnwn – Melanie choramingava – Eu queria estar em casa assistindo Gossip Girl!
- Shhh! Agarra no Chay e fica quieta aí! – Lua impaciente.
 - Agarrar?! Gostei dessa idéia... VEM CÁ MEL! – Chay besta.
- Shhh, bicha escandalosa! Eu mereço viu... Erm... Lua, por que a gente ta aqui mesmo, hein? – Arthur assustado!
- Esqueceu por que estamos aqui? Procurando o aparelho de telefone dessa casa pra tentar descobrir como ele pode ter ligado pra casa do Micael, se era só apertar um botão, talvez alguma coisa tenha caído em cima dele, enfim! Encontrar uma explicação. – Lua respondeu, eles haviam subido a grande escada que começava no hall de entrada e terminava num corredor de quartos.
- É... Se não tinha nenhum lá embaixo, deve ter nos quartos. – Chay ia na frente de todos, que seguravam seus celulares pra iluminar o chão.


Casa do Micael, banheiro abafado...

Enquanto isso, Micael e Sophia se curtiam no banheiro... Nem se lembravam mais que estavam presos. Estavam de pé e ele praticamente prensava-a contra a parede enquanto prendia os dois pulsos dela, um de cada lado de seu rosto no azulejo frio e distribuía-lhe beijos no pescoço ouvindo-a respirar forte com a boca próxima à orelha dele. Ele parou de prender os pulsos de Soph na parede, segurou a cintura dela e desgrudaram da parede sem parar o beijo. Giraram e ela percebeu que suas costas encostavam na pia agora. Micael então deu um impulso pra Sophia se sentar na pia e assim se ajeitar entre as pernas dela.
- Aie Micael!
- Que foi?
- Nada... Me bati na torneira – e os dois soltaram risadas estranhas porque estavam sem fôlego pra rir normalmente. Ele se reaproximou e voltou com os beijos no pescoço dela enquanto soltava um lacinho na parte de trás da blusa que ela vestia; quando soltou o lacinho e mais três botõesinhos, a blusa deslizou e antes de desabotoar o sutiã, Micael se afastou um pouquinho e tirou sua camisa também. Depois os dois ficaram se olhando, observando como o outro respirava rápido e como aquele banheiro parecia abafado!
Micael começou a tirar o cinto da calça e ela logo deslizou pelas pernas, ficando embolada nos pés. Cruzou os braços novamente em torno da cintura de Soph fazendo os corpos parecerem mais colados do que antes. Ele tentava desabotoar o sutiã dela de uma forma desastrada enquanto recebia mordidinhas na orelha. Sophia passou ao pescoço dele e sorria cada vez que arrancava um arrepio dele com seus beijinhos e chupões na nuca. Micael por fim desabotoou o sutiã, fazendo as alças deslizarem devagar pelo ombro dela. Se afastou um pouco observando-a terminar de retirar a peça.
- Você tem certeza? Digo... Vamos seguir em frente?
- Micael, eu esperei você por três anos! – Sophia passou a mão pelo contorno do rosto dele enquanto o olhava nos olhos com a mesma doçura que tem num pudim de leite – Não vem me perguntar agora se eu tenho certeza!
Ele riu de novo e a ajudou a descer da pia pra poder abrir uma das gavetas. Pegou uma camisinha de lá.
- Quer dizer que você tem camisinhas escondidas pela casa toda? – ela perguntou rindo e deu um tapa no ombro dele.
- Claro... A gente nunca sabe quando vai ficar trancado no banheiro com uma gata dessas! – Soph deu risada e ele ia se aproximando de novo.
- Ah, espera! Apaga a luz aí! Eu sempre quis fazer isso num banheiro escuro em uma noite que estivesse chovendo com relâmpagos! – esse comentário fez Micael gargalhar virando o rosto pra cima.
- Você que manda! – ele apagou a luz e voltou pra perto dela. Foi beijar a boca e acertou o nariz, depois acertou a boca. Apenas as luzes dos relâmpagos iluminavam tudo de vez em quando. Sophia foi desabotoando a calça que vestia enquanto os dois davam passinhos pra trás, mesmo sem nem saber onde estavam querendo chegar. Micael tropeçou na calça, que ainda estava embolada em seus pés e os dois caíram dentro da banheira sem água.
- Owch – Sophia bateu a cabeça na parede, sem muita força. Não se feriu gravemente e só sabia rir.
- Minha nossa, você bateu a cabeça! Desculpa, eu tropecei na calça! Está doendo? Se sente bem? Quer que eu chame o Batman, o Homem-aranha, o Wolverine, um médico? Fala!
- Ai! – risos e mão atrás da cabeça – Tudo bem, tudo bem Micael! Foi de leve, não precisa chamar ninguém, você mesmo resolve!
- Hum... Como eu resolvo? – perguntou com um risinho safado.
- Dá beijinho que passa!
Micael sorriu enquanto trocavam selinhos e Sophia segurou levemente o lábio inferior dele com os dentes, quando ele foi se afastar pra falar.
- Tem certeza que está bem? Não vá perder a memória ou algo assim! – eles se posicionavam de joelhos na banheira, um de frente pro outro.
- Eu to bem, mas se eu perder a memória você pode me conquistar de novo! Você faz meu tipo e beija bem! – Sophia passou os braços em volta do pescoço dele, viu que ele mordeu o próprio lábio inferior com força a ponto de deixá-lo sem cor por uns segundos e o beijou de novo.


De volta à casa do Dean





- Achei! – Lua gritou dentro de um dos quartos, onde achou um aparelho de telefone sem fio.
- Certo... Mas cadê a base? – Chay se aproximou dela e cruzou os braços.
- Deve estar por aqui, estamos chegando lá! – Lua começou a procurar pela base do telefone.
- Parece um telefone normal, Aguiar! E não do tipo que pede pizza sozinho... – Mel zuou Arthur, que apenas devolveu um – HAHA, sem graça!


No corredor

- Ué! O corredor acabou...
- É... Percebi. – Pedro respondeu desanimado, eles se depararam com uma parede.
- OMG! É o Dean-bonitão! E de terno! Que lindo! – Rayana teve um ataque apontando para um quadro na parede. Era um retrato em tamanho grande, colocado em uma moldura branca e dourada; estavam na foto o Dean com a mulher ao lado e na frente dos dois, o bolo de casamento.
- E essa era a mulher dele, que sumiu.
- Bonita também. – Ray falou meio sem graça pelo ataque de segundos antes. Parou de olhar fixamente o quadro para olhar Pedro de rabo de olho, viu que ele olhava pra direção oposta ao rosto dela e sentiu uma pequena pontadinha de "Oops! Eu e minha boca grande!".
- É.
- Hum... Será que foi ela mesmo Pedro? Que matou o Dean?
- Não sei... – e os dois ficaram meio pensativos.
- Mas e essa escadinha? Por que ela está aí se não há lugar nenhum pra subir aqui? Só tem o teto lá em cima. Que coisa mais estranha! – Ray mudou o assunto, percebendo um clima estranho ali e passou a encarar uma escada de madeira encostada na parede, aparentemente sem nenhum motivo pra estar ali.
- Caralho... Mais uma estante de livros!
- Livros! – os dois falaram juntos e se entreolharam, sorrindo sem graça depois.
- Me empresta esse livro aqui. – Pedro pegou o livro que Rayana ainda carregava e os dois observaram que havia uma vaga perfeita pra encaixá-lo ali.
Pedro olhou pra Rayana de novo, meio que pedindo aprovação e ela concordou em silêncio. Quando Pedro encaixou o livro lá, um quadrado igual àquele outro se abriu no teto e os dois sorriram. Ray subiu a escadinha primeiro.
- Ouch! – ela bateu a cabeça.
- O que está vendo aí? – Pedro perguntou quando ela pôs a cabeça pra fora.
- Definitivamente não é a sala... E o teto é baixo! Bem baixo! Muito ba...
- Ta bom já entendi! É baixo! – e ele riu – Hum... Então termina de subir que eu to ficando agoniado aqui, vai que essa coisa fecha!
Ray subiu e engatinhou até um canto pra dar espaço a ele, não dava nem pra ficar de joelhos com o tronco ereto ali. Ela retirou o capacete da cabeça e o deixou no chão com a luz acesa. Pedro terminou de subir e também pagou o mesmo mico que Rayana, bateu a cabeça por conta da empolgação de sair, o que fez a menina rir. O que eles não perceberam é que aquilo não era um teto baixo. Acontece que haviam saído embaixo de uma cama! A cama tinha sua lateral esquerda encostada a uma parede, assim como a cabeceira. Encostado ao final dela estava um baú, deixando como única passagem a lateral direita. Os dois ficaram um tempinho pensando em como aquele ‘quadrado’ iria se fechar. Não viram nenhuma alça pra puxá-lo, nem mesmo um botãozinho, então chegaram na conclusão que aquele espaço provavelmente permanecia aberto enquanto o livro estivesse na estante. Não era automático igual ao outro, que se fechou sozinho. Se eles quisessem mesmo descobrir como funcionava o esquema das portinhas no chão, teriam que analisar mais, mas essa não era a prioridade do momento.
- A gente pode olhar outro dia como funcionam esses esquemas das portinhas, deve ter todo um mecanismo interno... Mas agora vamos sair logo desse teto baixo, ta me dando agonia! – Pedro falava baixo e começou a engatinhar.
- Será que foi o Dean que fez? – Rayana comentou no mesmo volume de voz, engatinhando devagar ao lado dele
- Acho que não. Foi alguém muito mais inteligente. – podia-se perceber uma pontada de irritação na voz dele.
- Ta chamando o Dean de burro, Pedro? De novo?
- Não. Disse que ele não parecia inteligente o suficiente pra isso.
- O cara morreu, é feio falar mal de quem já se foi!
Eles foram engatinhando mais um pouquinho até tocarem no lençol branco da cama, que encostava no chão. Ray o suspendeu e eles passaram por ele, porém continuaram a engatinhar, enquanto discutiam sobre o nível intelectual do Dean.
- Eu não falei mal, caramba! – Pedro respondeu com a voz rouca de quem cochicha, porém querendo falar alto.
Chegaram quase no meio do quarto e foi quando descobriram que já podiam ficar de pé. Olharam ao redor e riram da própria burrice por não perceberem que tinham saído em baixo de uma cama!
Foram parando de rir quase ao mesmo tempo, voltando aos poucos à expressão normal. Tinham os olhares fixos um no outro, mas Ray abaixou o olhar.
- Que bom que você está aqui. Nada seria engraçado se eu estivesse sozinha.
- Hey... – Pedro se aproximou e tocou seu queixo, fazendo os olhares se ligarem de novo – Eu vou estar sempre aqui.
Ele fez uma referência encostando levemente o dedo indicador sobre a região onde provavelmente se encontra o coração dela. Rayana sorriu sentindo uma enorme vontade repentina de abraçar aquela criatura fofinha, e foi o que ela fez, agarrando-o subitamente e enterrando o rosto no pescoço dele.
- Pode ter certeza disso Pedro, você vai estar sempre aqui. Apenas você e mais ninguém. – deu ênfase à última palavra pra ver se consertava o incômodo que ele sentiu ao vê-la falando do Dean.
- E você aqui! – Pedro se afastou do abraço sorridente, segurou uma das mãos dela e a fez espalmar sobre seu peito. Rayana pôde ver que ele também ficava com o coração acelerado perto dela e gostou de saber que não é só ele que causa efeitos nela.
Ray deixou que sua mão fosse deslizando por cima da camisa de Pedro até chegar ao abdômen e afastou a mão. Ela fixou o olhar em algum ponto imaginário enquanto mordia o lábio inferior e sentia o olhar dele sobre si.
- Você o conheceu? Digo... O Dean... Vocês... – Pedro cortou o silêncio de forma desajeitada.
- Não. – Ray balançou a cabeça freneticamente. Preferiu ocultar os detalhes que não valiam a pena, teve medo do risco estragar as coisas com Pedro por causa de umas conversinhas com o Dean e um beijo sem importância. Pedro deixou um meio sorriso tomar conta de seus lábios.
- Eu já soube que você ia povoar meus pensamentos depois do dia que eu te conheci. – Pedro falou depois de um tempo. Eles sustentavam um olhar cheio de brilho e logo foram aproximando os rostos. Fecharam os olhos e encostaram as testas.
- Essas velas por aqui te deixaram romântico! – Rayana sussurrou enquanto sorria com os olhos fechados ainda.
- Eu sou romântico, você que não percebeu! – Pedro respondeu baixinho, sorrindo também, mas interrompeu o sorrisinho e abriu os olhos repentinamente.
- Que foi? – Rayana percebeu que ele descolou a testa da dela e afastava devagar o rosto.
- Você ta percebendo uma coisa?
- O que?
- O quarto ta claro e nós nem precisamos mais das lanternas, certo? – ele falou desligando a lanterna e deixando-a em cima da cama.
- Aham. – ela fez menção de tirar o capacete, mas ao tocar nos cabelos, lembrou que já havia deixado-o embaixo da cama.
- E isso é por que temos velas aqui, certo? – haviam velas acesas em vários cantos do quarto, em cima dos móveis.
- Aham.
- Mas... Velas não ficam acesas por mais de quatro meses o tempo inteiro sem derreter completamente, ficam?
- Kakam! – já tinha um certo tom de medo na voz da menina.
- E... Alguém acendeu, certo?
- Aham.
- E certamente não fomos nós, né?!
- KAKAM! – ela falou meio desesperada e se atirou de volta pra baixo da cama.
- OMFG! – ele a seguiu.
- Pedro, quem acendeu essas velas? – Rayana sussurrava morrendo de medo.
- Não sei Ray... E acho que não quero saber! – ele respondeu no mesmo volume.
De repente uma música começou a tocar baixinho.

Four letter word just to get me along
It's a difficulty and I'm biting on my tongue and I
I keep stalling, keeping me together
People around gotta find something to say now


- AIMEUDEUS! PEDRO! De onde vem isso?
- Shhhh! Não sei Ray! To me sentindo num filme de terror, quero sair daqui!
- É, parece aqueles filmes que tem umas vitrolas da *época-que-vovó-beijava-na-boca*, que sempre ligam sozinhas numas músicas estranhas! Essas cenas nunca terminam bem!
- Rayana...
- Que?
- Eu te adoro – ele falou com uma voz meio chorosa e muito fofinha que fez Ray segurar uma das mãos dele.
- Ounn! Também adoro você Pedro!
- Eu só queria que ficasse sabendo, caso aconteça alguma coisa comigo! – ele sorriu e apertou mais forte a mão dela. A música continuava, aumentando o volume cada vez mais...

…ame, ame, ame

They call me 'hell'
They call me 'Stacey'
They call me 'her'
They call me 'Jane'
That's not my name
That's not my name
That's not my name
That's not my name

They call me 'quiet girl'
But I'm a riot
Maybe Jolisa
Always the same
That's not my name
That's not my name
That's not my name
That's not my...


Até que alguém chegou, eles só puderam ver os pés, era um par de All Star vermelho. Essa pessoa pegou o aparelho que tocava e o fez parar, era um celular.
- Alô. – parecia a voz de uma adolescente e ela falava baixo – Oi Hannah! É, é... Continuamos na casa em frente a casa do Micael ainda, mas você não sabe o que aconteceu! Não, não... Deixa eu falar poia! Eles entraram aqui! Como quem cabeção?! Eles! Os Mcguys e algumas garotas, Lua, Rayana e uma que não sei o nome ao certo, mas chamam sempre de Mel, deve ser Melanie, ou sei lá... Só o Micael que não veio, nem ele e nem a ficante, ou ex-ficante do Chay.
Os queixos de Pedro e Rayana caíam cada vez mais, eles nem tinham reação! Como alguém podia saber tanto e conhecer todos eles, inclusive saber até os nomes das meninas e a relação de cada uma com todos eles?!


- Será que a base ta no outro quarto? Eu vou ver. – Lua saiu daquele quarto onde acharam o telefone sem fio e já tinham revirado tudo atrás de uma base idiota. Ela foi em direção ao último quarto que faltava olhar. Quando chegou na porta e olhou pra dentro do quarto...

- AAAAAHH! – Ela gritou ao ver uma menina em pé falando ao celular, deixou até o telefone sem fio que segurava cair no chão. Arthur, Chay e Melanie ouviram o barulho e foram ver, ao chegar na porta, encontraram uma Lua-estátua e uma menina-estátua-com-um-celular-na-mão!
- Q-quem é você? – Chay perguntou e a menina continuou totalmente parada.
- Ela é um f-f-fantasma! – Melanie começou a puxar Chay pela roupa pra fora do quarto.
- Mas... Fantasmas não falam ao celular! – Arthur falou.
- E NEM TÊM AMIGAS COM NOME DE HANNAH! – Pedro e Rayana saíram de baixo da cama gritando – E nem usam All Star vermelho também! – Ray completou apontando o pé da garota, que finalmente se moveu pra olhar pra baixo.
- Não?! – ela se perguntou confusa observando o tênis vermelho que usava.
- Pedro! Rayana! Como é bom ver vocês! – Lua também saiu do seu estado de estátua.
- Oi... Meu nome é Jamie – a garota sorriu tímida, passando os olhos por todos eles.
- Certo, Jamie. Você é alguma fantasma? – Melanie insistia na história do fantasma, parece até que ela queria que fosse.
- Que eu saiba não, mas eu sou fã de vocês!
- Da gente? – perguntou Mel apontando pra si.
- Do McFLY! – uma voz falou no corredor e os que estavam na porta se viraram pra ver. Outras duas meninas foram entrando no quarto e se juntando a Jamie.
- Molly.
- Stacey. – as duas se apresentaram.
- Mas espera aí! Alguém pode explicar que diabos está acontecendo aqui? – Chay se irritou.
- A gente explica. – Molly ia falar, mas Jamie viu que ela estava muito desesperada pra qualquer coisa.
- Deixa Molly, deixa que eu falo. – Jamie deu um passo à frente dela – Primeiro, queríamos pedir desculpas. A gente sabe que não foi legal assustar vocês, mas não era essa a nossa intenção!
- É, não foi legal mesmo não, FOI PÉSSIMO! VOCÊS SÃO DOIDAS CARAÍÍ? – Arthur quase avançou pra cima delas e Chay segurou seu braço.
- Segura sua onda aí dude!
- Então eram vocês que estavam aqui o tempo todo? Foram vocês que ligaram pra casa do Micael? – Lua perguntou.
- É... Olha, não foi por mal, a gente achou o número na lista e só ligamos pra confirmar se era o número do Micael, aí ninguém teve coragem de falar nada quando ele mesmo atendeu e desligamos. Depois quando ele retornou, ninguém quis atender porque ficamos com vergonha... – Jamie respondeu.
- Vocês invadiram essa casa? Como chegaram aqui e como souberam que ela estava abandonada? – Melanie disse.
- A gente tava de férias, – Stacey começou – Estivemos no último show do McFly...
- Nós vamos em todos! – Molly a cortou.
- Somos muito fãs... – Stacey continuou – E um dia viemos passear aqui na rua onde o Micael mora. A gente não sabia qual era a casa direito, mas passamos um tempo visitando esse parque que tem no final da rua. Estávamos indo embora e já tínhamos ficado felizes por ter simplesmente passado pela rua que Micael passa todo dia.
- Aí... – Jamie continuando a história – Nós nos escondemos atrás de umas árvores quando vimos um carro chegar e o Micael saiu de dentro de uma das casas sorrindo, ele gritou ‘LUA’ e ela, – Jamie apontou pra Lu – saiu correndo do carro e o abraçou.
- Foi assim que descobrimos qual era a casa do Micael – Stacey voltou a falar, todo o resto prestava atenção em cada palavra delas – Logo depois que todos entraram na casa do Micael, olhamos pra essa casa aqui. Percebemos que estava abandonada e entramos no quintal pra ver.

Play Stacey’s Flash Back

- Papai podia comprar essa casa... Já pensou como deve ser morar de frente pra um McGuy? – Jamie dizia empolgada, observando a ampla sala. Eu olhei pra Molly, a nossa prima, ela também olhou pra mim e nós olhamos pra Jamie. Então eu joguei um verde.
- Jamie... Hoje era o primeiro dia daquele acampamento, certo? A gente devia estar lá agora, não é?
- É! Mas nós somos fodas e despistamos os caras no primeiro dia! – Jamie se largou no sofá rindo, acho que ela não tinha entendido a intenção ainda, ela é meio lerda.
- Nossos pais foram viajar ontem à noite, junto com os pais da Molly, não é? – eu comecei a caminhar pela sala com a mão no queixo, dando uma de pensadora!
- Saquei aonde você quer chegar! – Molly sorriu e nós olhamos pra Jamie, ela continuava com cara de bunda, mal de Jones... Então nós gritamos e sorrimos juntas pra ela – Vamos ficar aqui!
- Oh Gosh! Vocês estão malucas! Essa casa pertence a alguém!
- Mas Jamie, você mesma concordou agora pouco que ela deve estar abandonada! – Molly tentava convencer minha querida irmã.
- Eu sei, mas também não é só isso, como vamos ficar aqui?! Essa casa não tem luz, não tem comida, não deve ter água também...
- Comida a gente tem, e de sobra! – Apontei para as nossas mochilas – Temos lanternas, água pra beber... E na hora de tomar banho a gente pode ir pro acampamento, que não é longe daqui! Depois fugimos de novo e voltamos pra cá!
- Isso! Genial Stacey! – Molly era a mais animada com a idéia depois de mim – Aproveitamos e pegamos comida por lá também, caso falte aqui!
- Hum... Ai não sei não! Isso não parece certo... O que vamos ficar fazendo aqui o dia todo nessa casa estranha?
- A gente fica olhando a casa do Micael! Vai dar pra tirar várias fotos, totalmente inéditas! E com certeza os outros guys da banda devem passar por aí todo dia! – falei e ela já parecia que ia topar.
- TA BOM! Não vai adiantar falar nada mesmo né! Mas se der confusão...
- Não vai dar confusão e essas férias vão ser inesquecíveis, ok? – Molly passou um braço pelo ombro da Jamie e o outro braço no meu ombro. Nós três ficamos sorrindo feito bestas. Nós TEMOS problema e gosto disso, obrigada!

Stop Stacey’s Flash Back

- E pronto, essa é a história de como viemos parar aqui, o resto vocês já sabem...
- Hum... Se vocês soubessem que um cara foi assassinado nessa casa, não iam querer nem entrar aqui! – Rayana falou e já estava um pouco mais descontraída com as meninas.
- Ah, nós não temos medo dessas coisas! – Jamie abanou o ar.
- Você devia tomar umas aulas com elas! – Arthur cochichou pra Melanie, que deu um tapa nele.
- Vocês são corajosas, ficaram nessa casa enorme sozinhas! Não tem mais ninguém com vocês? – Lua também já estava mais a vontade com elas.
- Não, somos só nós três mesmo... – Molly falou e entrelaçou os braços com os braços das outras duas, que sorriram.
- Escuta... – Mel começou a ficar pensativa – Por acaso foi alguma de vocês que um dia à noite colocou a cabeça na janela da sala do Micael?
Elas se entreolharam e Stacey dedurou.
- Foi a Jamie! – ela apontou sorrindo. A acusada lhe deu um soco no braço e ficou sem graça. Enquanto Melanie se sentia tremendamente aliviada.
- Err... Bem, eu percebi que vocês ficaram assustados com a ligação e os meninos voltaram pra dormir aí, então eu esperei ficar bem tarde e apareci na janela pra tirar umas fotos, estavam todos dormindo na sala, tão bonitinhos... Com um dos flashs, você acordou – e Jamie apontou pra Mel, que lembrou daquela luz rápida.
- Então deve ter sido um flash desses que o Micael também viu – Pedro falou sorrindo e se lembrando do susto que o amigo levou.
- É, provavelmente! – Jamie sorriu – Ele se assustou muito? Nós vimos que ele ficou lá na calçada apontando a lanterna pra cá!
- Ele se borrou! – Arthur respondeu e todos riram descontroladamente.
- Erm... Se não for pedir muito, será que vocês podem autografar nossos CDs e DVDs? – Stacey pediu depois que parou de rir.
- Hum... Ok! – Chay pensou um pouco, depois concordou sorrindo e cutucou Arthur, que se fazia de irritado, mas abriu um sorrisão.
- Claro, ta tudo certo agora. – ele falou e todo mundo olhou pro Pedro.
- Well... Vocês chegaram a tirar alguma foto de mim só de boxers aí na frente da casa?
- Não! A droga da câmera tava sem bateria naquela hora... – Molly deu um soquinho no ar e Pedro respirou aliviado.
- Então ta bom!

O grupo saiu do quarto e logo estavam de volta à sala. As meninas buscaram seus CDs, DVDs e tudo mais que tinham do McFLY. Eles autografaram contentes, e Ray, Lu e Mel também assinaram alguma coisa nas agendas delas.

- Bom, melhor nós irmos então, ainda precisamos procurar o Micael! Ele sumiu e... – Chay falava depois que todo mundo terminou de distribuir autógrafos, mas Rayana o cortou de repente.
- Espera! Pedro, sexta-feira é seu aniversário!
- Uhum! E...?
- E daí que você ainda não planejou nada, não é?
- Pior que não... Estávamos pensando em dar uma festa na casa do Micael mesmo.
- Ray, o que você ta pensando aí? – Mel olhou pra Rayana, que fazia uma carinha sapeca.
- Essa casa é tão grande... A gente podia arrumá-la e dar a festa aqui! O que acham? – quando ela acabou de falar, todos se entreolharam e sorriram... Por mais maluco que parecesse, eles gostaram da idéia.
- Será que conseguimos arrumar essa casa até sexta? Contando a partir de amanhã, temos três dias só! – Lua comentou analisando como havia pó em todos os cantos.
- Se for só esse o problema, não precisa se preocupar! Somos um grupo grande, se contar com as nossas novas amigas, que o Pedro vai convidar é claro, ficaremos em onze pessoas! Com certeza vamos conseguir! – Arthur falava otimista e as meninas sorriram radiantes ao serem convidadas.
- Aah, a gente ajuda sim! – Jamie sacudia a cabeça freneticamente.
- Agora só falta saber o que o aniversariante achou! – Chay falou e todos voltaram seus olhares para Pedro, que se fazia de sério.
- Eu... ADOREI ESSA IDÉIA! Nós podemos deixar a decoração meio que halloween fora de época, tudo meio sombrio...
- Como no clipe de Transylvania! – Stacey completou sorrindo e eles concordaram.
- Então podem ir pra casa do Micael pra procurá-lo, nós vamos começar a limpar as coisas por aqui! – dizia Molly.
- Beleza! Amanhã nós viremos cedo, ok?! – Ray falou com Lu e Mel, que concordaram.
Todos eles foram pra casa do Micael, mas já nem lembravam que tinham de procurá-lo! Arthur, Pedro e Chay ficaram um tempo lá, conversando animados sobre o que aconteceu e como eles foram infantis ao pensar em fantasmas, sobre a festa, decoração, convidados, etc e depois foram pra suas casas. Lu, Ray e Mel foram para seus quartos tentar dormir cedo. Micael e Sophia dormiram dentro da banheira!

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