sexta-feira, 16 de março de 2012
Capítulo 16 – Borboletas, peixinhos e a caneta da vovózinha
Durante o fim de semana, todos se esforçavam pra não lembrar daquelas imagens da festa - Rose, telhado, etc. Rayana e Pedro não se olhavam mais e nunca estavam num mesmo lugar ao mesmo tempo. Ele sabia que estava sendo exagerado porque, afinal de contas, se ela teve mesmo uma coisa passageira com o Dean o que importa? Mas não, os dois estavam orgulhosos demais pra se aproximarem e ter uma conversa.
- Oi, oi pessoas! – Micael abriu a porta e Pedro chegou na sala, onde estavam todos reunidos assistindo filme.
- Oi Pedro, tudo bem? Como foram as coisas lá na sua casa? – Lua perguntou enquanto cumprimentava-o.
- Ah, você sabe, todo mundo me paparicando, perguntando se eu quero isso ou aquilo outro... – ele fez uma careta engraçada que fez todos rirem, menos Ray. Ela saiu da cozinha enxugando as mãos num pano de prato. Ao ouvir a voz de Pedro lá de dentro ela ficou com o coração acelerado, sua vontade era não sair da cozinha enquanto ele estivesse lá porque toda vez que se topavam ele vinha com alguma ironia pra cima dela, mas estava impossível evitá-lo morando tão perto. Quando chegou na sala, os dois se cumprimentaram com um fraco aceno de cabeça. Mesmo de longe, ela captou o olhar cortante dele, era justamente isso que ela não queria ter visto.
- Vou sair. – ela disse com voz de tédio, desamarrou um avental da cintura e jogou em cima de uma mesinha. Hoje fora seu dia de lavar a louça do almoço... Pedro deu um meio-sorriso sarcástico.
- Algum encontro às escondidas? Quem é o bonitão da vez?
- Mel, onde você guardou aquela lista de compras que a gente tava fazendo ontem? – Se dirigiu à irmã, ignorando a pergunta de Pedro e tentando não parecer tão nervosa.
- Ah, eu acho que ta lá no meu quarto. Quer que eu vá fazer compras com você?
- Se você não se importa de presenciar meu encontro às escondidas com o molho de tomate... – ela falou e já foi caminhando para a porta – te espero lá fora com a lista.
Os olhares se voltaram pra Pedro, que apenas sentou numa poltrona tranqüilamente como se nada estivesse acontecendo. Mel levantou se espreguiçando e subiu para o quarto. Quando estava lá, apenas ajeitando rapidamente o cabelo, Lu e Soph bateram na porta.
- Certo, a situação ta preta! – Lua já foi disparando ao entrar o quarto.
- É errado se meter na vida dos outros, mas a gente PRECISA ajudar! – Sophia cruzou os braços e sentou (lê-se: abandonou o peso) na cama. Melanie fechou a porta e ficou pensando com o queixo apoiado na escova de cabelo.
- Eu acho que não tem nada a ver o Pedro ficar agindo assim! – Lua também sentou na beirada da cama.
- Também acho. A Ray conheceu o Dean? Ótimo, mas já passou e ele ta morto e enterrado, literalmente falando. – Mel voltou à frente da penteadeira pra achar algum enfeite fofo pro cabelo.
- Então a gente pensa com calma e bolamos um plano! – Soph ia falando animada e seus olhos brilharam ao falar ‘plano’ – Adoro planos! Principalmente pra juntar casais, é tão “coisa-de-filme-água-com-açúcar”!
- Ok. Todo mundo pensa com calma e mais tarde a gente se reúne de novo. Agora eu vou lá porque a Rayana já deve estar impaciente.
- É, a gente se encontra aqui no quarto da Mel depois que todo mundo for dormir. Eu vou chamar as outras meninas, elas podem ajudar, são inteligentes! – Lua falou se levantando, Sophia também levantou e as três saíram do quarto já pensativas. As outras meninas que Lua se referiu são Jamie, Stacey e Molly! Elas vieram passar os últimos dias em Bedford na casa de Micael, à convite do próprio, já que a casa de Dean e Rose ficou interditada pela polícia. Molly dividiu o quarto com Ray, Jamie com Lu e Stacey com Mel. O acampamento onde elas deviam estar acabava na última segunda-feira do mês, dia 27, e assim voltariam pra casa.
- Vocês estão sendo infantis. Os dois. – Micael falou encarando a TV, mas sem prestar muita atenção ao que passava.
- Eu já tinha perguntado do Dean pra ela, ta?! E ela mentiu pra mim. – Pedro cruzou os braços em sinal de revolta, os outros apenas assistiam a cara que ele fazia.
- E por que isso é importante? O cara já morreu mesmo! – Arthur deu de ombros e viu Pedro se levantar num movimento brusco.
- Vocês não entendem que não é simples assim?! Ele ter morrido não impede que ela continue gostando dele!
Pedro foi logo embora, não quis ficar discutindo esse assunto com os amigos e também não queria estar lá quando Rayana voltasse. Ele sabia sim que precisava de uma conversa com ela, mas não queria isso agora.
As meninas passaram o resto do dia pensando em planos mirabolantes pra fazer os dois pararem de brigar por aquela bobagem. À noite, depois de jantarem, Lua seguiu discretamente pro quintal e sentou no chão, encostada numa árvore que havia lá desde que ela se entendia por gente. Depois de um tempo, Arthur percebeu a ausência dela e foi procurar.
- Achei você! – ele se abaixou e sussurrou no ouvido dela, estava tão distraída que pulou.
- Você ta mesmo tentando me matar do coração? Porque é o que parece!
- Não... não... to tentando é saber o que se passa nessa cabecinha! Estou te achando meio distante, tem algum problema?
- Tudo bem... É sobre a Rayana e o Pedro! – quando ela falou, Arthur soltou um suspiro como se dissesse ‘É, imaginei’.
- Relaxa, eles vão acabar se acertando! – deu um beijo no topo da cabeça dela e os dois ficaram em silêncio por um tempo. Ela só queria ficar ali com a cabeça apoiada no peito dele sentindo o perfume. Até que lembrou de uma coisa importante o suficiente pra fazê-la se afastar.
- Arthur, o que uma foto sua com a Delilah fazia dentro de um aquário na sua sala?
- Erm... – Arthur pasmou um pouco.
- Arthur?
- Calma! Não é nada... É só que eu fiquei um pouco chateado na época que a gente terminou então eu peguei o porta-retrato onde pus aquela foto e o guardei pra uma foto que eu goste mais porque ele é muito especial pra desperdiçar com a foto dela! Daí a foto com ela eu deixei ali mesmo em cima da prateleira, um vento deve ter batido e derrubado dentro do aquário que fica logo abaixo...
Lua ficou um tempo com o olhar vago, Arthur pensou até que ela havia ficado chateada ou algo assim.
- AAHHH! JÁ SEI!
- Caraíí, que susto Lu! Num faz mais isso! Eu acho que não tenho mais idade pra ficar levando esses sustos! – Arthur repousava a mão sobre o peito enquanto ela ria.
- Tudo bem Arthur, é que eu tive uma idéia que talvez possa ajudar o Pedro e a Ray.
- Posso saber?
- Primeiro eu preciso falar com as outras meninas, na hora certa você saberá! – Lua deu um selinho rápido nele e se levantou animada.
Como foi o combinado, depois que todos foram para seus quartos, Lua, Sophia, Melanie, Stacey, Molly e Jamie se reuniram pra ter idéias e bolar planos pra ajudar Rayana.
- Silêncio! Parem de piar ao mesmo tempo! Vocês querem que a Rayana acorde? – Lua jogou um travesseiro em cada menina que falava sem parar.
- Quantas vezes eu vou ter que repetir que Rayana dorme como uma pedra? – Melanie cruzou os braços.
- Mas então, quem teve idéias levanta o braço aí. – disse Sophia.
Molly, Lua e Melanie levantaram os braços.
- Fala Lua…
- Olha só Soph! Tive uma idéia hoje conversando com o Arthur. Me responde uma coisa, é impressão minha ou eu já ouvi o Pedro dizer que queria ter um peixinho?
- É, acho que já... – Melanie respondeu pensativa – mas e daí?
- A gente dá um peixinho, de pelúcia, todo cheirosinho com o perfume da Ray!
- Hum... Lua! Olha pra mim frapêzinho, – Sophia se pôs à frente dela, do mesmo jeito que Lua já fez com ela chamando-a de frapêzinho – apesar do Pedro rebolar e parecer uma maritaca falante às vezes, ele não é uma menina pra ficar recebendo bichinhos de pelúcia perfumados!
Todas riram e Lua fez bico.
- Posso falar? – Molly e Mel falaram incrivelmente ao mesmo tempo.
- Ah, fala você vai. – Melanie passou a vez pra ela.
- Ah... Minha idéia era só trancá-los no armário! É blaster legal ficar presa no armário! Eu li uma fic uma vez que... Ahhi! – Jamie lhe deu um tapinha na testa.
- Você não consegue ficar sem falar de fic, Molly?! A GENTE NÃO TA NUMA FIC!
- Fic? Mas que diabos é fic?!
- Minha vez então... – e Mel ajeitou os cabelos animada – Lembram quando a Rayana contou toda empolgada o beijo que ela deu no Pedro aqui na frente, que a borboleta pousou no ombro dela e bla bla bla...
- Eu lembro, mas pensei que você estivesse mais concentrada no brigadeiro do que na conversa aquele dia, Mel – Lua falou e ia receber uma travesseirada na cara, mas se desviou.
- Continua Mel, olha o foco! – Soph chamou a atenção ao ver que Melanie ia ficar tentando acertar Lu até conseguir – O que é que tem a borboleta?
- Ah, sim... A gente faz umas várias borboletinhas de papel, não deve ser difícil. Penduramos na garagem do Micael e marcamos um encontro entre os dois lá!
- Sei... Mas como fazer para que os dois compareçam e não fujam? – Jamie ficou pensativa.
- WAIT! – Stacey deu um pulo de repente que fez todas pularem também – Por que não juntamos as três idéias?
- De que jeito? – Sophia coçou a cabeça em reação natural de dúvida.
- Damos o peixe de pelúcia. – ela falou e logo se virou para Lu – Mas não para o Pedro e sim pra ela! Pedro recebe uma mensagem do Micael pedindo pra ele vir aqui. A gente coloca as borboletas na garagem e o encontro será lá. A gente tranca os dois lá até que tenham conversado!
- CARAÍÍ! Não falei que elas eram inteligentes?
- É, senhorita ‘caraíí’?! Está pegando o Arthur ou as manias dele? – Sophia perguntou fazendo Lua corar levemente. Ela tinha mesmo falado igualzinho a ele. Isso é medonho.
No dia seguinte as meninas já foram colocar tudo em prática. Sophia levou Ray ao shopping dizendo que era pra ela espairecer. Melanie ficou em casa recortando as borboletinhas de papel, já que a idéia foi dela. Stacey, Lua, Molly e Jamie ficaram com a tarefa de ir comprar o tal peixinho de pelúcia como Lua disse, depois ir até a casa do Pedro e passar o perfume dele no peixinho de alguma forma que ele não percebesse. Definitivamente, a tarefa mais difícil!
- Ah, oi Pedro! – disse Stacey quando o menino abriu a porta. Eram onze da manhã e ele nem tinha penteado o cabelo. Mas estava hot, diga-se de passagem.
- Oi! Stacey?! Meninas! O que... o que fazem aqui essa hora da madrugada?
- Ah, a gente te acordou? – Agora Lua surgiu no meio delas.
- Não, eu tava tomando café. Entra aí. – ele deu espaço e as quatro entraram sorrindo, mas estavam super nervosas por dentro.
- Então, o que trouxe vocês até aqui?
- Ai Pedro, é que eu acho que você ficou com uma caneta minha... Não a encontro em lugar nenhum desde o dia que vocês deram autógrafos pra gente! É só uma caneta simples, mas ela tem um imenso valor sentimental pra mim, eu não viria buscá-la, não viria te atrapalhar se fosse uma caneta qualquer! – nessa hora Jamie começou a fazer uma cara triste – Ela foi dada pela minha avó quando eu estava na quinta série! Comprou na última viagem que fez à Veneza... Ela achou Veneza tão linda, mas não teve tempo de voltar porque teve câncer. – Jamie já tampava a boca com uma das mãos e as meninas estavam abismadas com a interpretação dela. Pedro foi abraçá-la e ela deu um sorrisinho tipo “como estou me saindo?” pelas costas dele. As outras três seguraram as risadinhas que queriam soltar.
- Olha, ela pode ter ficado na minha roupa, em algum bolso eu não sei... eu sempre esqueço! Se eu fiquei mesmo com a sua caneta, não ia ser a primeira vez sabe! Mas não que eu goste de roubar as canetas dos meus fãs, é que eu esqueço de verdade e se eles não pegam depois... – Pedro se soltou do abraço e disparou a falar num tom de desculpas.
- Tudo bem, Pedro! Será que a gente pode procurar a caneta dela no seu quarto? – Lua pediu.
- Claro! Querem que eu ajude?
- Não precisa – Molly respondeu rápido – Pode voltar a tomar seu café, a gente não veio com a intenção de te incomodar!
- Ok... Precisando de ajuda me chama.
- OMG! Vocês acham que ele desconfiou? Eu dei mole agora! Eu sei. Desculpem... – Molly falou depois que Jamie fechou a porta cuidadosamente.
- Ta tudo bem Moozinha, relaxa na graxa. – Lua respondeu já tirando o peixe de dentro da bolsa gigante.
Havia vários perfumes em cima da penteadeira. ‘Qual será o que ele usa quando vai ver a Rayana?’ Era o que todas se perguntavam... Resolveram escolher simplesmente o que achassem mais gostoso e depois de quase cinco minutos chegaram num acordo.
- Ai, espirra logo nele todo! A gente demorou demais escolhendo, daqui a pouco Pedro vem aqui! – Jamie dizia impaciente sacudindo as mãos enquanto Stacey espirrava o perfume no peixinho de pelúcia nas mãos de Lua. Molly colou o ouvido na porta pra avisar se escutasse passos.
Elas terminaram, foram só umas quinze espirradinhas... Lua voltou a guardar o bichinho na bolsa, Jamie abriu a porta com o mesmo cuidado com o qual havia fechado e elas saíram. Quando chegaram ao fim da escada, encontraram com Pedro, que já ia subir.
- E então, acharam a caneta?
- Achei! Ela rolou pra baixo da sua mesinha de computador! – Jamie respondeu sorridente, mais uma vez com sua atuação perfeita.
- Que bom! Peço mil desculpas por isso!
- Imagina Pedro! Nós é que temos que agradecer por você deixar que a gente viesse procurar assim no meio das suas coisas... Eu juro pra você que não mexemos em nada, só procurei a bendita caneta no chão e nos bolsos das roupas que você jogou em cima das coisas.
- Tudo bem... Nem tinha nada pra mexer lá, só essa bagunça mesmo!
- Certo, então ta tudo resolvido e a gente já vai. – Lua passou interrompendo o papo de Jamie e Pedro, enquanto empurrava levemente as outras duas com as mãos escoradas em suas costas. Pedro franziu a testa, fez uma cara estranha e discretamente curvou o pescoço pra cheirar o próprio ombro. As meninas se entreolharam.
- Pedro? Que foi? – Stacey perguntou apreensiva.
- Ah, não, nada... É que eu não me lembrava de ter passado perfume hoje! Ah, é bobeira minha, esquece! – ele sacudiu a cabeça e abriu a porta para elas.
Quando elas voltaram pra casa, Melanie já estava com as borboletinhas feitas. Chay chegou, ficou por dentro da situação e estava lá ajudando a prender fios de nylon em cada uma para que pudessem ser penduradas no teto. Na hora de pendurar, Micael também prestou sua solidária ajuda para as meninas.
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahii ateeeeeende o telefoooooone aíííííííííí.
Celular de Melanie tocando afetadamente alto, era Sophia que estava ligando e quase fez o pobre do Micael cair da escadinha com o susto, mas tudo bem...
- Oi Soph! O que foi?
- Ah Mel, como é que vai a coisa aí? É porque a Ray já quer voltar sabe... Ela foi ao banheiro agora, por isso eu liguei pra ver né!
- Ah, a gente ta pendurando as borboletas no teto e está ficando lindo! Mas não chegamos nem na metade ainda... – e Melanie suspirou olhando pra cima – Você vai ter que segurar aí, pelo menos um pouquinho.
- Que jeito... Ela ta vindo. Tchau e vê se agiliza! – Sophia falou depressa e desligou sem nem dar tempo pra Melanie dizer tchauzinho.
- Pronto Soph, já podemos ir! – Rayana chegou onde a amiga estava sentada com as sacolas das comprinhas que fizeram.
Sophia não conseguiu lembrar de nada pra falar que precisavam fazer ainda, simplesmente porque já tinham feito tudo! Já tinham feito lanche, passaram no mercado, nas lojas...
- Ai! Ai eu não to me sentindo muito bem. – Sophia levou a mão rapidamente até o estômago, foi a única maneira que ela achou pra enrolar mais um pouquinho.
- O que foi menina?! Está me assustando!
- Acho que eu comi demais e fiquei enjoada! Vou ao banheiro!
- É amiga, realmente você passou dos limites hoje! Eu nem ia falar nada, mas... – Rayana foi seguindo Soph até o banheiro do shopping. Sophia havia comido bastante mesmo, mas essa sempre foi uma característica dela, às vezes parecia o Taz, (Tasmanian Devil) em pessoa e nunca passava mal por isso. Nem sequer engordava.
Ela se fechou em uma cabininha e deixou que os minutos fossem passando... Doze minutos depois Rayana batia na porta euforicamente. Sophia então saiu, fingiu uma cara abatida, foi lavar o rosto e ali enrolou um pouco mais.
Ao chegarem na casa do Micael, Arthur esperava por elas lá na frente. Puxou assunto e conseguiu dar ao pessoal que pendurava borboletas na garagem mais uns dez minutos. Logo depois, Ray entrou pela sala e foi direto ao seu quarto tomar banho. Assim que Lua ouviu que ela já estava com o chuveiro ligado, entrou no quarto e deixou uma caixa cinza, de tamanho mediano em cima da cama. Ficou ajeitando um lacinho rosa na tampa dela e levou um pequeno susto que fez o coração dar um pulinho dentro do peito ao sentir duas mãos envolvendo sua cintura por trás.
- Assustei você? – ele sussurrou perto do ouvido dela, que encolheu um pouco o pescoço, sentindo cócegas.
- Não, imagina... Eu só estava aqui concentrada na minha missão secreta de arrumar esse lacinho! – ela se virou de frente pra ele sorrindo, ainda envolvida pelo abraço dele.
- Estou tão orgulhoso de você! Ray realmente não poderia ter amiga melhor!
- Claro! Aqui é serviço de primeira! – Lua deu uma piscadinha e Arthur aproximou seu rosto num movimento rápido, tão rápido que quando ela foi perceber já estava com seu lábio inferior preso nos dentes dele. Se ela pudesse ficar mais arrepiada que aquilo, até os cabelos da cabeça ficariam em pé.Arthur soltou o lábio dela de seus dentes, colocando a língua pra dentro da boca dela em seguida e apertou mais os braços em volta dela, vendo que ela cedeu completamente ao beijo. Eles esqueceram que uma coisinha chamada Rayana poderia sair do banheiro a qualquer momento e ficaram de pegação ali mesmo. Se separaram ofegantes quando escutaram um barulho exagerado vindo de dentro do banheiro, seguido de um ‘Caraaalho!’ e Lua escondeu o rosto no pescoço dele abafando um riso. Nesse momento a porta do banheiro abriu e os dois olharam assustados vendo Ray sair de lá. Ela não poderia vê-los ali, pois iria descobrir que foram eles que deixaram a caixa e essa definitivamente não era a intenção.
Arthur e Lua respiraram aliviados quando viram que ela vinha com os olhos tampados por uma toalha.
- Mas que espécie de anta ainda deixa cair shampoo no olho com uma idade dessas, hein Rayana? – ela resmungava achando que estava sozinha. Lua se prendia pra não rir e puxou Arthur pela mão pra fora do quarto.
- Já entregou a encomenda da Ray? – Soph se aproximou de Lu e Arthur, que desciam as escadas.
- Entregadíssimo. – ela respondeu e quando pôs o pé no último degrau, pisou numa bolinha de ping-pong. Arthur segurou-a pela cintura e então Lua não caiu. Ficaram se olhando porque Lua começou a sentir uma coisa estranha, tipo como se o conjunto de todos seus órgãos internos estivesse dançando funk. Quanto mais ela viajava olhando aqueles olhos castanhos e sentindo os braços que a seguravam, mais confirmada ficava a certeza que ela achou a tampa da panela! Arthur tinha um leve sorriso nos lábios, se segurou pra não pegá-la no colo e carregar pra casa. Esse momento todo durou menos de três segundos, mas pareceu bastante para eles. Só foi interrompido quando Melanie falou.
- Vocês não ficaram de pegação lá em cima correndo risco de botar tudo a perder, ficaram?
- Que pergunta Mel! Que tipo de gente você acha que somos? – Lua se pôs de pé novamente, ajeitou a blusinha e deu um tapa no braço de Melanie, depois um sorrisinho à Arthur.
Micael já enviava o sms para Pedro.
Duuuude! Passe aqui em casa RIGHT NOW!
ps: entre pela garagem porque eu perdi a chave da porta da frente
E agora era só esperar os dois entrarem na garagem para trancá-los. Fácil assim.
- Oun, que coisa mais linda! – Ray abraçava o peixinho fazendo o maior escândalo. [hunpf... coisas de Rayana]. Ela sentiu o perfume de Pedro exalando de cada fibra de tecido do peixinho de pelúcia e instintivamente apertou-o mais contra o peito. ‘Que falta eu sinto daquele orangotango! Será que ele mandou isso pra se desculpar ou qualquer coisa assim?! SERÁ QUE ELE ESTÁ AQUI? DEUSDOCÉU!’ Se levantou rápido largando o peixe em cima da cama e correu pra frente do espelho. Se maquiou bem rapidamente e voltou pra pegar o peixinho nos braços outra vez. Reparou que havia um pequeno papel azul no chão, perto da cama. Estava em cima da tampa da caixa, mas voou quando ela a abriu euforicamente sem nem vê-lo.
Queria te ver... Na garagem.
Era o que dizia.
‘Micael está cada vez mais louco! Onde já se viu perder a cópia da chave da própria casa? Pelamor!’ Pedro pensava ao chegar na frente da casa do amigo. O portão da garagem estava meio aberto, ele se curvou um pouco e passou. Micael observava do outro lado da rua, escondido entre uns arbustos. Estava se sentindo o próprio Agente 007 com o poderoso controle do portão na mão. Assim que Pedro entrou, o portão começou a se fechar e a escuridão anunciava que tomaria conta do local.
- Ray! Aonde vai? – Lu estava sentada no sofá da sala e perguntou como se não soubesse a resposta quando a viu descer as escadas como um foguete. Rayana trazia o peixe pendurado na mão pela nadadeira.
- Ah, vou aqui! – fingiu diminuir o entusiasmo e já rumou em direção à porta na parede lateral que ligava o hall com a garagem da casa dos Borges. Lua soltou um meio sorriso e um sinal com a cabeça para que todos saíssem de trás dos armários/cortinas/sofás/etc...
Rayana entrou no cômodo e fechou a porta atrás de si. Logo Arthur se aproximou da porta e a trancou, abrindo em seguida um sorrisão maior que a boca para os outros que observavam mais distantes e estes logo trataram de diminuir a distância para colar os ouvidos na porta, juntamente com Micael, que entrava novamente em casa.
[n/a: frases em itálico são falas escutadas por eles do outro lado da porta.]
Pedro estava com os braços estendidos, pra ver se achava o interruptor. Rayana fazia exatamente a mesma coisa. Tateavam a parede onde estava o interruptor e o encontraram ao mesmo tempo. Quando acenderam a luz, os dois encolheram um pouco os olhos e Pedro permaneceu com a mão sobre a mão dela por alguns segundos.
- Erm…Ray? – ele desviou o olhar para um lado qualquer e pôs as mãos nos bolsos da calça.
- Oi... UAU! – agora ela olhou pra cima e viu as dezenas de borboletas coloridas penduradas no teto, umas mais baixas, outras mais pro alto... Estava sorrindo com cara de boba.
- Quem... – Pedro também teve perda temporária de palavras, até sacudir levemente a cabeça e recobrá-las – quem fez isso?
- A mesma pessoa que me entregou isso? – perguntou como se fosse óbvio, sorrindo levemente e erguendo a mão com a qual segurava o bichinho de pelúcia. Pedro encarou o peixe azul com nadadeiras roxas e boquinha amarela. O pegou um pouco rápido da mão de Rayana fazendo-a estranhar aquela reação. Com o movimento rápido, ele sentiu uma nuvem de seu próprio perfume passando rapidamente pelo olfato e aproximou o peixinho do nariz.
- Ray… Quem te entregou isso?
A menina bufou soltando um risinho incrédulo.
- Pedro… Foi você! Quem mais ia me entregar um bichinho de pelúcia com o SEU perfume, oras?
- Claro que não fui eu e aliás...
- QUEM FOI QUE USOU O MEU PERFUME NUM PEIXE IDIOTA?
O pessoal que estava encostado na porta ouviu esse grito. Lua apertou os olhos.
- PARE DE GRITAR SEU BRONTO! NINGUÉM TA GRITANDO COM VOCÊ AQUI!
Rayana também elevou a voz e os dois ficaram por instantes em silêncio. Respiravam um pouco rápido. Pedro deixou o peixe em cima de uma mesinha onde estavam alguns objetos e passou a olhar pro lado como se houvesse algo profundamente interessante na vida da joaninha que andava na parede.
- Como você pode ser tão fofo num instante, dizendo que queria me ver aqui e quando eu chego se transformar num rinoceronte briguento?
- Mas hein? Eu nunca disse que queria te ver, muito menos aqui. E rinoceronte é a sua...
- PEDRO! Eu não acredito que me deixei levar… Eu estava quase acreditando que você podia ser um pouco descente!
- Descente?! Eu sou muito descente se quer saber, nunca me envolvi com pessoas casadas. Ao contrário de outras aqui nessa garagem.
- Então é isso?! Nunca vai esquecer esse assunto?
- Que assunto?
- Não me irrita, garoto! Você quer que eu fale do Dean? Ótimo, vamos falar dele então, o que você quer saber?
- Eu? Nada... Eu nunca fui interessado nele!
- Pára de ser infantil... Essa é a última vez que eu tento conversar com você. E pelo visto, já percebo que não vai dar.
- Ah, é a última vez. E depois você vai sumir?
- Você quer que eu suma? Pensei que aquela criança que ficou comigo embaixo de uma cama tinha dito que me adorava e tudo mais... Acho que ouvi errado.
- Uma criança que você enganou com muita facilidade.
- Enganar?! Certo. Me diz então onde foi que eu te enganei.
- Em tudo, desde o começo. Parecia a garota perfeita, mas foi só aparecer a Rose pra te desmascarar. Ela queria acabar comigo pra se vingar de VOCÊ! Sabe, depois que eu pensei melhor fiquei até preocupado, será que vão aparecer muitas outras esposas neuróticas querendo se vingar de você? Coitado do cara que estiver contigo porque sinceramente...
- CHEGA, TA LEGAL?! EU QUERIA SABER POR QUE É QUE VOCÊ IMPLICA TANTO COM ISSO! A GENTE NEM TAVA JUNTO QUANDO EU CONHECI O DEAN, MAS QUE DROGA PEDRO!
- QUANDO EU TE PERGUNTEI SE VOCÊS TINHAM SE CONHECIDO VOCÊ DISSE QUE NÃO, MAS EU SABIA QUE VOCÊ GOSTAVA DELE!
- Ainn Micael, acho melhor você abrir o portão ou esses dois vão se pegar na porrada! – Lu roía as unhas de nervosa. As outras meninas também estavam nervosas, então o plano tinha sido um fracasso?
- EU VOU TER QUE REPETIR QUANTAS VEZES QUE EU NÃO GOSTAVA DELE?
- Aaaíh... Eu não acredito que vocês nunca viram o gostoso do Dean pegando o jornal de manhã! – Pedro fazia trejeitos exagerados procurando imitar Ray – Ele se abaixava assim tão sexy, minha vontade era pegar na bunda del... – Pedro não pôde terminar a última letrinha de sua fala porque levou um tapa naquela bochechinha macia. Rayana respirava mais rápido que antes e tinha os olhos úmidos, como se o tapa tivesse doído mais nela. Nem perceberam que a claridade do dia começava a invadir aos poucos o cenário, era o portão da garagem se abrindo vagarosamente.
- Eu não quero mais te ver Pedro Cassiano.
Pedro não disse nada, apenas repousava a mão sobre o local atingido. Voltou a colocar as duas mãos nos bolsos, deu meia volta e se curvou novamente para passar pelo portão que ainda não estava totalmente aberto. Ray sentiu que ia começar a soluçar e não conseguiu segurar. Depois de uns três soluços, olhou para o peixinho de pelúcia em cima da mesinha e o pegou com uma certa raiva.
- HEY! LEVA ESSE TROÇO FEDORENTO PRA SUA CASA! – Ray saiu da garagem e foi pro meio da rua de repente. Pedro já estava alguns passos à frente, na calçada do outro lado. Viu o bichinho cair perto de seus pés e só então virou na direção dela.
- RAYANA OLHA A MOTO!
POV Lua
- Foi o Pedro gritando? – Soph franziu a testa e olhou pra cada um de nós.
- Acho que sim, mas eu nem entendi. – dei de ombros... Provavelmente respondeu a algum insulto da Rayana! Parece que ele disse algo com... copo...
- Eu entendi! Ele disse ‘Olha a foto!’ – Melanie disse sorridente e confusa ao mesmo tempo – Ah, mas por que ele iria falar pra ela “olhar a foto”?
- Erm... pessoas... eu acho que ele não disse foto, mas sim moto! – Micael estava em pé na porta e virou o rosto pra gente fazendo uma expressão assustada. Eu fiquei com medo.
- Moto?! Olha a... MOTO! OMG! – Mel se levantou rapidamente do degrau da escada, onde estava sentada e deu uns passos até a porta, Micael deu espaço e ela já saiu com as mãos na boca. Eu e todo o resto da cambada também corremos para a porta. Um frio gelado me cortou por dentro quando eu vi a situação ali.
Uma moto caída no meio da rua, Pedro debruçado sobre uma criatura imóvel, que pode ser chamada de Ray, um capacete prateado, e um macacão preto jogado por ali também, cujo “recheio” pode ser chamado de motoqueiro distraído.
- Ai meu Deus ai meu Deus – parece que a Melanie tinha esquecido como falar outras palavras e só falava essas três enquanto se aproximava do local do acidente.
Micael retornou logo ao interior da casa para ligar chamando uma ambulância. Pedro observava atentamente se ela estava respirando, dava pra ver que suas mãos tremiam feito gelatina. Eu também me tremia toda, nunca tinha visto um acidente assim tão “próximo” em todos os sentidos, digo, estando fisicamente perto e tendo ligação próxima com a pessoa acidentada. Senti Arthur me abraçar por trás de repente, acho que ele deve ter percebido que eu estava meio chocada... Não sei o que seria de mim se ele não estivesse aqui passando uma força! O ouvi sussurrar docemente na minha orelha ‘se acalma, ela vai ficar bem!’, em seguida apoiou o queixo na minha cabeça. Me segurei com força nas palavras dele, perder a Ray seria como perder uma irmã de quatro anos, porque afinal de contas, é mais ou menos esse o tempo que o pai da Rayana se casou com a minha mãe e me deu essas irmãs de brinde! Eu reconheço que elas fazem umas merdas de vez em sempre, mas são muito importantes pra mim. Isso sem dúvida!
- Ray… – Mel falava baixo perto dela enquanto dava leves cutucadas em seu ombro. Não tinha marcas de sangue nem nada, mas ela bateu a cabeça no chão, isso sim é preocupante.
- Chegam em cinco minutos. – Micael veio falando. Não demorou muito e Rayana parecia movimentar os dedos, que estavam entrelaçados aos dedos da irmã. Ela estava mesmo acordando, depois de um tempinho abriu os olhos.
- Ray! Como você ta se sentindo? Quer que chame o pai?
- Calma aí Mel... – ela respondeu e um sorriso fraco se formou em seu rosto. Parecia estar achando graça do estado de sua irmã.
- Espera Ray, num se mexe não. É melhor ficar parada, você não sabe se quebrou alguma coisa! – Pedro pesou a mão sobre o ombro dela quando ela fez menção de levantar. Rayana voltou a encostar a cabeça no asfalto e manteve o olhar na direção dele, ainda com o sorriso fraco nos lábios.
- E ele, será que morreu? – Chay se aproximou do motoqueiro, me toquei de como a gente foi cruel, nem demos atenção pra ele! Cheguei mais perto também. Me tranqüilizei um pouco ao ver que Ray estava pelo menos falando e pude me soltar dos braços de Arthur. Não que estivesse ruim, mas... Ah, vocês entendem! Não dá pra fazer o Arthur de chaveirinho também né, pelamor!
- nhounainuai! – o cara tava gemendo umas coisas que ninguém entendia.
- Hein, o que que foi? Você ta legal cara? Pode se mexer? – Sophia se abaixou perto dele.
- yokigofuaorraé! – ele resmungou mais uma vez. Cara estanho! Será que é grego?
- Erm... Já chamamos a ambulância, daqui a pouco eles chegam! – tentei ser simpática né, apesar de não saber o que ele falava...
- TIRA ESSA PORRA DO MEU PÉ! – o sujeito gritou de repente. Me assustei, fact! De onde ele tirou força pra gritar daquele jeito se até agora parecia que tava miando?! Deve ser ninja...
- Eita, merda! – Sophia viu que era uma parte da moto que havia ficado sobre o pé dele. Micael foi tirar. Graças aos céus aquela coisa não esmagou o pé do coitado. Seria feio de se ver, sabe!
Quando eu fui prestar atenção na Ray de novo, ela já estava sentada e com as mãos na cabeça. Se dizia tonta e a voz saía fraca. É, pelo menos o motoqueiro tinha seu capacete! Rayana parece ter ficado pior que ele.
O barulho das sirenes pôde ser ouvido logo. Em menos de quinze minutos estávamos todos no hospital de Bedford.
Lua OFF
POV Arthurx
- Por que as meninas e aqueles dois enxeridos foram na ambulância com ela e eu não pude ir também? Mas que droga cara... – Pedro resmungava enquanto passava as marchas de má vontade, aplicando mais força que o necessário. Comecei a ficar irritado com ele falando sem parar. Mas até que eu entendo o lado dele, ele gosta (mesmo) da Ray e se tivesse acontecido isso com a Lu eu estaria surtando também.
- Relaxa aí cara. Micael e Chay foram com elas e nós de carro, o que é que tem nisso?! E vê se dirige direito. Não queremos mais acidentes...
- Eu vou me sentir muito mal se ela não ficar bem! VOCÊ NÃO ENTENDE QUE FOI TUDO CULPA MINHA?
- Hey! Se acalma e presta atenção na droga da rua, caraíí! Quer que eu dirija?
- Não... – ele suspirou e parecia estar se acalmando. Agradeci mentalmente por isso!
- Não foi nada culpa sua, seu burro. Pode tirar essa idéia ridícula da cabeça. – falei mesmo! Ué? Não foi culpa dele! Era só o que faltava ele ficar com essas idéias de culpa e não sei mais o que...
- Eu só queria vê-la e queria ficar bem com ela de novo. – ele falou cabisbaixo e nós escutamos uma buzinada um tanto ignorante.
- Olha o sinal, mula – eu falei rindo e Pedro acordou pra vida. É engraçado ver o Pedro assim apaixonadinho, nunca pensei que estaria vivo pra vê-lo desse jeito!
- Mas que porra de trânsito...
- A GENTE JÁ TA PRATICAMENTE NA RUA DO HOSPITAL PEDRO, SE CONTROLA FANDANGO SALTITANTE! – às vezes eu preciso segurar o braço do meu amigo e dar uns berros. Ele é meio atacado sabe... mas hein? Qual é a do fandango saltitante? Acho que to andando muito com a Lua, ela que diz essas coisas gays assim!
- É que esse caminhão de bosta – era o caminhão de lixo – não sai da minha frente, e por que diabos não tem nenhuma floricultura aberta nessa porra? Vão se foder! – eu vou dar um sabão daqueles de coco pro meu amigo lavar a boca! Só pra constar...
- Se quando a gente entrar no hospital você continuar falando alto esse monte de maluquices, eu vou fingir que não te conheço. – cruzei os braços e Pedro respirava fundo enquanto me encarava. A gente já tinha chegado no estacionamento e o faniquito dele já estava me preocupando, de verdade.
- A Rayana vai ficar comigo. Não vai?
- Vai cara! – dei uns tapinhas no ombro dele. É claro que eles vão voltar a ficar juntos sim, os dois são meio lunáticos, perfeitos um pro outro! Devem ser do mesmo planeta ou sei lá... Tudo bem, parei! Eu gosto do meu chapa, ok? Só eu posso falar que ele é lunático/atacado/gay! Vocês não.
Entramos no hospital e Pedro já parecia um garoto normal de novo. Ainda bem, porque um monte de gente SABE que eu o conheço, então nem daria pra fingir... Fomos até o balcão perguntar pelo quarto da Ray e todas essas coisas; a mulher que estava lá disse que a Rayana e também os nossos amigos estavam no segundo andar. Começamos a andar em direção ao elevador, mas de repente notei que Pedro não estava mais do meu lado. Olhei pra trás e vi o safado do Pedro chegando perto de uma garota. Ela segurava um vistoso arranjo de flores e... hey? Espera aí! O que ele vai fazer? Não... ele não vai fazer isso! Não seria capaz! Erm... COOOORREEE!
Pedro veio correndo na minha direção com aquele buquê soltando pétalas pra todos os lados e nós dois corremos numa direção qualquer. Eu juro que eu mato esse filho da puta! Catou o buquê da menina, cara! E ela ainda tentou correr atrás da gente, mas nós somos fodas!
- Por que... você fez... isso... seu filho... da... puta?! – falei meio sem fôlego dentro do elevador. Será que eu to precisando malhar mais? Ou talvez fazer mais shows?
- Eu precisava... de um buquê... ué! – ele deu de ombros e a gente começou a rir.
- Ladrão de flores! – dei um pedala naquela cabeça parada à minha frente. Pedro virando delinqüente. Sem comentários.
- Eu não roubei, você não viu o bolinho de dinheiro que eu joguei pra ela no chão?
- Assim... Não era mais fácil você perguntar se ela QUERIA vender?
- Ah, tipo 'Oi moça, eu sou um pobre cara que não encontrou uma floricultura aberta, dá pra me vender essas flores aí ou tá difícil?' – Pedro torceu a boca de um jeito engraçado e eu ri dele. Maluquinho de tudo... Saímos do elevador e logo avistamos o quarto que nos informaram.
- Vai lá que eu fico aqui. – dessa vez eu sorri pra ver se encorajava Pedro. Ele agora parecia estar se cagando. Alguém pode me dizer como é que ele roubou aquelas flores na maior moral e na parte mais fácil - que eu acho que é entregar as flores, né?! - Ele fica com aquela cara? Hunpf... coisas de Pedro!
Arthur OFF
Pedro entrou no quarto de número 205. Numa mão as flores e na outra o peixe de pelúcia, que ele fez questão de trazer. Rayana estava lá apenas aguardando resultados de exames que fez da cabeça, alguns raios-x, etc. Ela estava em pé, observando a rua pela janela quando Pedro encostou a porta e ela se virou.
- Oi.
- Oi Ray, o que ta fazendo assim de pé?
- Eu to bem, Pedro. Foi só uma queda.
- Eu vi o acidente! Vi como você ficou lá parada! Não é como se você simplesmente tivesse caído da cama! – Pedro foi andando pelo quarto e sentou no leito do hospital. Bateu no colchão para que ela sentasse ao lado dele.
- Eu trouxe o Jão.
- Jão?
- Jorjão! – Pedro abriu um largo sorriso e ergueu o peixe de pelúcia na direção dela. Rayana sentou e o pegou nos braços.
- É... tem cara de Jão. São minhas? – ela olhou agora para as flores.
- Ah sim! Comprei especialmente para você! – cara de pau.
- São lindas! Mas... – ela diminuiu um pouco o sorriso ao reparar bem nas flores, elas estavam meio ‘desmanchadas’.
- Mas o que?
- O que aconteceu? Elas parecem... erm, meio bagunçadas!
- Ah, é que tava ventando muito lá fora... – cara de pau ²!
- Oh, tudo bem! Adorei mesmo assim...
- Erm... Ray, me desculpa.
- Pedro…
- Espera! É sério Ray! Por tudo! O acidente foi culpa minha, eu fiquei com medo de você não querer me ver!
- Você não teve culpa, eu que saí no meio da rua...
- Mas você não teria saído se não estivesse discutindo comigo! Eu te falei pra sumir, mas hoje eu vi mais uma vez nessa vida que eu preciso ter muito cuidado com o que peço quando to estressado! Olha, eu fiquei chateado com toda aquela história do Dean, mas isso ficou muito minúsculo perto do medo de não te ver mais! – Pedro passou a mão pelo rosto de Rayana. Ela manteve o olhar em algum ponto qualquer e ficou pensativa por segundos.
- O que te deixou tão perturbado nessa história com o Dean, Pedro?
- Ah eu sei lá... Eu acho que eu tive ciúme, não sei.
- Mas é isso que eu não entendo! Como pode ter ciúme de um PRESUNTO? Em outras palavras... ele já morreu, né Pedro!
- Eu sei, mas... eu tenho ciúmes do jeito como você fala dele, do jeito como você lembra dele, do jeito como você pensa nele, do jeito como você ainda gosta dele e sente saudades!
- Hey, hey pode ir parando! Quem disse que eu sinto tudo isso?
- Não precisa dizer, isso ficou claro pra mim depois de tantas vezes que eu ouvi sua voz pronunciando o nome dele de um jeito que não pronuncia o nome de mais ninguém. E o que eu vejo nisso tudo é que você nunca vai gostar de mim como gostava dele!
- Você é péssimo em ficar adivinhando pensamentos, sabia?! O tempo todo não era nada disso... Eu admito que me encantei quando vi o Dean pela primeira vez, mas quando ele me deu aquele beijo de repente não foi nem metade do que eu esperava. Eu acredito naquela coisa de borboletas no estômago, lombrigas sapateando, levitar do chão e tudo isso que parece impossível, mas que realmente pode acontecer e basta estar com quem a gente gosta. Não teve nada disso com o Dean e eu já pude perceber nos primeiros dez segundos de beijo que ele não era quem eu procurava.
- Mas e todas aquelas vezes que eu te vi falando dele como se fosse um rei e tal?!
- Eu tava brincando com as meninas... Ainda tava tentando assimilar que já tinha achado o cara que superou qualquer expectativa que eu tivesse. O cara que trouxe as borboletas pra dentro do meu estômago!
- Então você achou o cara é?
- É, achei! – estavam sorridentes e se aproximavam com pequenos pulinhos.
- Mesmo que ele tenha gritado com você e chamado o Jorjão de idiota? - e Pedro apertou o rosto do peixinho com a palma da mão.
- Aham. Mesmo assim, as borboletas continuam todas aqui!
Ray parecia caçar alguma coisa no fundo dos olhos dele. Estavam bem próximos quando alguém abriu a porta e os dois voltaram a se afastar. Era o médico que a atendeu. Disse que estava tudo bem com ela, os exames deram ótimos resultados. Nem Ray e nem o motoqueiro precisaram de internação. Aliás, o motoqueiro permaneceu no hospital por menos de dez minutos. Logo saiu andando como se nada tivesse acontecido. Todo o restante dos amigos estavam numa sala de espera. Sophia, Melanie e Lua estiveram com Rayana antes de Pedro chegar. Arthur se juntou a eles e as meninas explicaram que Ray fez uns exames e parecia bem normal.
Sophia estava sentada no colo de Micael e começou a rir de repente.
- Que foi Soph?
- É que seu celular ta vibrando aí no bolso, me fez cócega poxa! – ela falou rindo e todos começaram a rir da cara dela. Não demorou muito pra passar uma enfermeira de cara feia pedindo silêncio.
Micael se afastou por uns minutos pra conversar e logo voltou sorrindo.
- Quem era? – Lua quase pulou em cima dele.
- Pra que quer saber?
- Ah, pra nada... Pensei que fosse algum show!
- Não vou contar pra você.
- Vai contar sim!
- Arthur, manda a sua garota sentar senão eu não conto pra ninguém!
Arthur abraçou Lua e a fez sentar em seu colo.
- Era o nosso amiguinho dos clicks, o Joey.
- Ah, e o que ele queria? – perguntou Chay.
- Convidando pra uma festa, sexta-feira.
- Eba, festa! – Melanie suspendeu os braços – A gente ta precisando de uma festa pra esquecer o desastre que foi a última!
- Concordo! Mas a gente precisa saber como é que a Ray vai estar, né... - Lua lembrou desse detalhe e todo mundo ficou pensativo... Será que Rayana e Pedro estavam finalmente se entendendo ou não?
#Quarto 205#
- Então a senhorita está liberada a partir desse momento. – o médico dizia enquanto examinava uma última vez os olhos de Rayana com aquela luz irritante. – Foi sorte não ter acontecido nada, o seu acidente não foi tão leve assim!
- É doutor, mas ainda bem! – Pedro estava lá dentro ainda e sorriu pra ela. O médico entregou a ele a receita de um antiinflamatório e se retirou dizendo que ela poderia ir embora a qualquer instante e passar na recepção. Pedro segurava a receita e o agasalho pra ela e passou na frente para abrir a porta, mas Rayana segurou seu braço.
- Pedro…
- Hum? – ele se virou.
- Só me responde uma coisa.
- Diga!
- Me diz que aquele não foi o último amo você que te escutei falar.
Pedro sorriu e encostou a testa na dela, sem desviar o olhar dos olhos dela.
- Olha Ray... Aquele foi o último sim. Daquela semana!
Lua POV
Abri a porta e vi o que todo mundo queria ver, o casal de pombinhos no maior agarramento lá! Posso falar? Arrepiei!
Lua’ OFF
Arthur POV
Pedro pegador… RÁ! É dos meus!
Arthur OFF
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