sábado, 25 de fevereiro de 2012

Diário de uma Anoréxica – Capítulo 3 – Uma crise



Quando entramos na sala, havia várias peças de roupa (femininas) espalhadas. Eu olhei pro Arthur, assustada sem entender nada. Ele tambem estava assustado, mas não surpreso.

- Lu, espera aqui tá bom? Já volto – ele disse indo em direção ao corredor que levava aos quartos. Fiquei algum tempo olhando ao meu redor, eu não queria acreditar que aquilo era o que eu estava pensando, o Arthur mentiu pra mim? Mas, ele jurou pra mim que não sabia de nada, e se ele souber? E se ele estiver acobertando aquilo?

Fui despertada do meu do meu transe, quando ouvi algumas vozes baixas conversando em um dos quartos

“Mas eu não te disse que a Sophia já tinha chegado!! Eu te disse pra não durmir com ninguem que eu ia chamar as meninas pra competição! Como você quer conversar com ela, sendo que agora ela tem certeza de que a história da Luiza é verdade? – eu ouvi uma voz, que sem duvida era do Arthur”

- Luisa? Então é verdade... o Mica tava traindo a Soph, e o Arthur sabia disso o tempo todo, ele ajudou o Micael a esconder isso – eu sussurrei num tom dificil até pra mim ouvir

Caminhei rapidamente pelo corredor, sem pensar, só pra confirmar o que eu já sabia. Quando abri a porta que estava encostada, vi Arthur falando com Micael que estava sem camisa e com o cabelo muito bagunçado, e a Luisa... aquela que foi minha amiga durante muitos anos, e por más amizades se transformou numa periguete interesseira.

Eu me senti traida pelo Arthur, porque ele mentiu pra mim... ele nunca, absolutamente nunca tinha mentido pra mim antes, e se ele apoiava essa atitude do Micael, siginifica que ele tambem teria coragem de fazer isso. A única coisa que eu consegui fazer naquele momento foi sair, sair o mais rápido possivel dali, eu precisava respirar, e aquela tontura horrivel voltou, uma dor me consumia uma vontade de.. sei lá o que. Quando eu já estava bem próxima do portão, senti alguem me puxar pelo braço e quando me virei, vi o Arthur, com um olhar suplicante

- Lu, espera eu... – ela parou pensativo por alguns instantes – tá bom, eu não posso explicar até porque eu acho que nada do que eu disser vai explicar, porque você confiou em mim, e a Soph tambem e... eu sou o cara mais desleal do mundo,porque eu jurei que nunca mentiria pra você, mas eu só queria que... você não falasse nada pa Soph, deixa eles conversarem

Eu o imterrompi

- Eu não vou falar Arthur... ela não merece isso, pega... – eu tentei ignorar a dor e encontrar as palavras – pega suas coisas e vamos.

Arthur concordou em silêncio e saiu.

Tentei ficar quieta pra não deixar escapar nenhuma lágrima, e fazer aquela dor passar. Sentei com meus fones de ouvido, e fiquei olhando a competição silenciosa. Mas tenho certeza de que o único que percebeu isso foi o Arthur, até porque a Soph tava bem e feliz. Ela conversava animadamente com o Bernardo, eu até desconfiei que estivesse rolando alguma coisa entre eles. Quase na metade do “evento” o Micael apareceu. Estava com os cabelos molhados e ignorando muito bem a situação, chegou cumprimentando todos e agiu normalmente.

Mesmo com todo aquele “clima oculto” os meninos foram muito bem e ganharam a competição. E eu fiquei muito feliz, em ver o sorriso lindo do Arthur mais uma vez. Assim que eles ganharam, ele veio correndo em minha direção, me abraçou e sussurrou no meu ouvido “obrigado” e eu sabia que ele não estava se referindo a todo o incentivo que eu dei a ele durante todo aquele tempo.

Durante a comemoração que os meninos fizeram na pista, eu me mantive quieta. Eu sei que essa atitude poderia deixar a Soph desconfiada, mas eu sei que não conseguiria ficar na festa, sem jogar uma indireta no Micael, e isso poderia me fazer explodir de vez. Mas eu queria provar pra mim mesma que meu instinto não me mataria, e que eu não tinha motivo nenhum pra sair da festa, até que o Pedro chegou com lanchinho que devia ter umas 70021231,3445 calorias. E eu estava com raiva, muita raiva... com uma dor e com medo, estava com medo de mim, do que eu poderia fazer, eu poderia desistir de tudo, e comer... porque eu estava com raiva e queria comer

- É... Soph eu já vou indo! Tenho que passar lá na agencia hoje – disse interrompendo o papo dela com o Bernardo e o Arthur, que me olhou um pouco sério

- É mesmo, você comentou isso comigo! Quer que eu vá com você?

- Ah, não precisa – eu disse disfarçando uma leve tontura

- Tem certeza?

- Tenho. E pra falar a verdade eu já to atrasada. Beijo gente, thau! – eu disse me despedindo um pouco apressada mas sem levantar suspeitas

Eu realmente planejava ir pra agencia, mas no meu estado isso era praticamente impossivel. Acenei pro primeiro táxi que eu vi, e pedi que ele me levasse pra casa. Durante o trajeto, eu coloquei os fones e tentei pensar em outra coisa. Fiquei olhando algumas gotas escorrerem pela janela, mas ada me tirava aquela imagem da cabeça. “Não há nada pior que o sentimento de traição, ainda mais quando se deposita toda sua confiança em uma outra pessoa, mesmo quando eu tinha motivos pra mentir, eu falei a verdade pra ele!” pensei enquanto não consegui evitar que algumas lagrimas molhassem meu rosto... senti uma sensação muito ruim, era como se eu estivesse tendo um colapso interno, estava parando de me responder, e a aquela altura eu já nem sabia mais onde ficavam minhas pernas, elas podiam perfeitamente terem fugido de mim e eu nem percebido.Quando passamos pela rua do Arthur, aquela imagem voltou a minha cabeça, e não saiu mais.

Quando entrei em casa, praticamente sem forças nem pra chorar, eu só pude olhar para a comida.Eu estva verdadeiramente explodindo, desistindo, morrendo, seja lá qual for o nome que se dá pra isso. Comer era tudo o que eu queria, só assim meu corpo ia parar de doer e eu pensaria em outra coisa, teria prazer, alivio... e foi isso que eu fiz, comi. Todos os doces que resisti, toda a dor que suportei, todas as tonturas que ingnorei... estavam sendo engolidas junto com aquele brigadeiro

Depois de alguns minutos naquele “paraíso”, uma dor muito forte me fez parar. Uma dor física, e tambem interior. Uma culpa horrível, e a raiva extraordinaria que eu sentia do Arthur, se voltou contra mim, contra minha fraqueza. Mas a dor fisica que eu sintia tambem era muito forte, tão forte que eu poderia gritar. Fiquei alguns minutos deitada ali no chão, só deixando as lágrimas cairem, sem sentimento nenhum, sem me sentir, como se eu estivesse durmindo, mas eu sabia exatamente o que acontecia ao meu redor.

O que me fez voltar daquilo, foi o barulho do meu celular no meu bolso. Com muito esforço consegui voltar pra realidade e me estabelecer, entender o que estava acontecendo. Voltei a sentir meu braço, e quando alcancei o celular vi o nome da Soph no visor. Eu não poderia falar com ela naquele estado, eu acho que nem tinha voz. Resolvi me estabilizar e tentar me levantar, reagi, mas eu me sentia como se pezasse 200 quilos. Acho que demorei uma meia hora até conseguir me colocar de pé, eu sentia uma tontura e um enjoo muito forte, sentia que podia colocar tudo aquilo pra fora a qualquer momento. E foi isso que eu fiz assim que cheguei ao banheiro. A sesação de cansaço ainda me consumia, e únicacoisa que eu consegui fazer foi ligar o chuveiro e me jogar ali, de roupa e tudo. Fiquei encolhida ali, sentindo a água bater em minhas costas por um longo tempo, eu nem sei quanto tempo... ouvi meu celular tocar em algum lugar por ali, e por mais que eu quisesse e soubesse que eu precisava atender, eu não consegui. Não conseguir mover nem um dedo... fiquei ali lutando com minhas lágrimas, lutando com minha dor, e aos poucos apaguei, me perdi em meus pensamentos,e nenhuma conclusão. Só apaguei, sem mais forças pra lutar.

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