domingo, 29 de abril de 2012

Capítulo 27 – Em praça pública

Lua tinha sua cabeça cheia de pensamentos que ela definiu como os ventos cortantes. Os pensamentos dela só eram cortantes por serem sobre Delilah! Todas as pessoas devem se sentir confusas até a última hora ao precisar escolher um destino. Ela não é diferente.

Os ventos começaram a soprar com mais força, trazendo com eles os primeiros pingos de chuva. Lua passou por um casal feliz segurando sacolas de lojas de perfumes e trocando selinhos num ponto de ônibus enquanto começava a chover lá fora, no mundo real. Sentiu uma pontinha de inveja. Lembrou de Arthur, queria estar assim com ele naquele ponto de ônibus e ir pra qualquer lugar que não começasse com CA e terminasse em NADÁ. Já fazia uns quinze minutos que estava naquela caminhada sem sentido, quando parou na frente de um pub e resolveu entrar, já que a chuva aumentava rapidamente. Sentou no balcão, uma tv estava ligada e ela se lembrou que deixou a tv de casa ligada, então deu um tapa na testa, mas resolveu que não ia voltar. Uns minutos se passaram até ela resolver olhar para a tv que estava ligada ali. Se surpreendeu vendo Arthur, ou melhor, todos os quatro se apresentando. Estavam tocando That Girl bastante animados, como sempre e levantando a platéia. Ela se lembrou que deve ter sido o programa que eles gravaram sábado. Pediu um dry martini e se conformou em apenas assistir como se fosse ver qualquer outra banda.

- Parabéns, vocês são realmente muito talentosos! – a apresentadora, Cora, falava com um sorriso enorme que mal cabia na tela enquanto só se ouvia o som das palmas ao fundo. Chay gritou um ‘obrigado’ sorridente e esperaram as palmas e gritinhos pararem pra poderem conversar.
- O sucesso de vocês aumenta a cada dia, o que acham disso, huh?
- Somos realmente gratos, erm... agradecemos todo dia tudo de bom que está acontecendo. – Micael falou e a câmera focalizou seu sorriso charmoso ao final da frase, a platéia soltou mais gritinhos.
- Bom, parece que tudo o que vocês dizem provoca reações na platéia aqui, não?! – a apresentadora se virou um pouco pra trás e o público, formado basicamente por pessoas de sexo feminino, (como sempre naquele programa) soltou mais gritinhos – Calma garotas! Eu já vou chegar nas perguntas que vocês querem! Mas antes me digam, como anda a agenda de shows de vocês? Fiquei sabendo que tiraram umas pequenas férias recentemente, não foi?


‘Nhaim... não vou ficar assistindo isso. Assim já é tortura, po!’ Lua continuava sentada apoiando o rosto com as mãos e os cotovelos no balcão, tinha uma expressão de tédio e enjôo. Ao mesmo tempo que queria sair dali, também queria ficar. Os olhos custavam em desgrudar da tela, então ela permaneceu assistindo.
- Me dá mais um desse. – ela pediu olhando pra tv e sorrindo leve ao ver Chay gargalhar do nada.

- AHAHMAHAF – no trailer, Chay gargalhava com a boca cheia de batatas.
- Chay! Por que você teve esse ataque de riso histérico lá no meio da entrevista e agora de novo? – Melanie franziu a testa e ficou esperando a resposta, que não veio dele porque estava vermelho de tanto rir e quase engasgando com as batatas... cena emocionante...
- É porque ele tava vendo a Stacey na platéia, lembra dela? – Micael respondeu pelo amigo.
- Lembro, claro, mas por acaso vê-la é motivo pra gargalhar? – Mel continuou sem entender, as outras meninas também esperavam a resposta.
- É porque ela tava com uma daquelas máscaras do pânico, saca? – Pedro falou e fez uma careta depois. As meninas riram.
- Eu tava vendo aquela pessoa com máscara na platéia e fiquei só encarando. De repente ela resolveu tirar a máscara e fez uma cara engraçada que eu não agüentei! – Chay recuperou o fôlego e explicou novamente, da mesma forma que fez no programa. Os meninos lá contaram algumas coisas engraçadas que aconteceram nas férias, incluindo as partes com aquelas três fãs avoadas, que agora estavam na platéia sorridentes.

- Que bom que tenham se divertido tanto! Com certeza um descanso merecido depois de tantas turnês no começo desse ano. Mas agora eu vou ter que perguntar o que todo mundo quer saber aqui! Como andam os corações dos Mcguys?
- Bombeando sangue e provavelmente vermelhinhos! – Pedro respondeu sorrindo maroto e a apresentadora apontou o dedo pra ele.
- Não fujam senhores... Que mal há nisso? É só dizer! Por que está com essa carinha, Cassiano?
- Eu... erm... tem uma garota que me faz ter coisas estranhas quando a vejo, tipo borboletas, joaninhas e bichinhos fofinhos, sabe? Ela deve estar assistindo agora, espero que não me ache muito ridículo, Rayana! – ele fez uma carinha fofa na tela e um coração com as mãos.


Ray começou a sorrir boba e mandar beijinhos pra televisão, Sophia deu um pedala nela.
- Ôh animal! O garoto ta aqui no trailer!
- Ah! Verdade! Bem lembrado! – Rayana se aproximou de Pedro engatinhando pelo tapete e começou a beijá-lo por todo o rosto.

- Hum... borboletas, huh! Deve ser alguém especial pra você! Estão namorando?
- Estamos! – ele sorriu mais ainda, como se fosse possível. Cora sorriu também e passou a olhar pra Micael.
- E então Micael? Vai deixar as meninas do auditório felizes hoje de novo?
Micael olhou para todas as meninas presentes na platéia e depois pra apresentadora.
- Uns meses atrás eu sei que vim aqui e falei que não tinha ninguém na minha vida, vocês devem lembrar... mas eu estava cego, tem sim uma pessoa que nunca saiu da minha cabeça e se hoje eu estou completamente feliz, é 99% por causa dela! Minha Sophia! – e mandou um beijo pra câmera.


- 99%, Micael? O outro 1% vem de onde? – Sophia se aproximou dele estreitando os olhos.
- Você deu 5% pro Chad Michael então eu acho que tenho esse direito também, não tenho? – ele arqueou uma sobrancelha e ela o imitou.
- Tudo bem, você tem sim. E é melhor nem me contar porque se for alguma gostosona da tv eu... – ele a interrompeu com um beijo e depois falou baixinho no ouvido dela.
- O 1% foi por eu ter mudado pra cá! – sorriu e ela segurou o rosto dele pra dar mais um selinho.

‘OMG... acho que não quero ver onde isso vai parar!’ Lua fechou os olhos por uns instantes e percebeu que já estava sentindo o senso de equilíbrio abandonar o corpo. Esqueceu-se da hipótese de estar grávida, ingerindo álcool loucamente.
- Quero outro. – não se importava, dane-se o equilíbrio. ‘E se chegar a vez do Arthur e ele não falar nada?! E se falar de mim? E se falar de outra pessoa? E se falar que tem um caso com o Eric? OMG! Eu devo estar mega bêbada pra pensar essas merdas! E quem se importa mesmo?!’ pensou e tomou uma golada grande e meio desesperada da bebida enquanto não tirava os olhos da televisão.

- Meninas da platéia, 50% do McFLY está indisponível. Sinto muito! – a apresentadora brincou e um AHHH cheio de dor e sofrimento ecoou pelo estúdio. – Mas não se preocupem, ainda têm os garotos do Faber Drive, eles serão os próximos entrevistados da noite! – depois que a apresentadora falou isso, os mcguys se fingiram indignados – Tudo bem, vocês sabem que é só brincadeira... Suas fãs amam vocês antes de mais nada pelo talento, bom humor, por vocês serem pessoas maravilhosas e o que elas mais querem é vê-los felizes! – agora a platéia bateu muitas palmas e isso deixou os garotos sorridentes. – Mas ainda não acabamos! Chay e Arthur ainda não responderam a pergunta!
Arthur olhou pra Chay e acenou com a cabeça. Chay começou a falar.
- Conheci uma garota incrível! Ela é acima de tudo muito amiga, sabe fazer cookies como ninguém, esteve do meu lado quando eu precisei e por um momento achei que ela devia ser meu anjo da guarda, mas apaguei essa hipótese rapidamente porque acho que anjos da guarda não têm pernas tão bonitas! – ele terminou de falar sorrindo e ficando um pouco corado.


- Ounnn mafagafo! Acho que eu fiquei até arrepiada agora! – Melanie olhou nos olhos dele, os olhos dos dois brilhavam tanto que pareciam espelhos onde um podia ver o reflexo do outro.
- Considere-se mafagafizada! – ele aproximou o rosto, colocou a mão na bochecha dela, que passou a sorrir e fechou os olhos. Chay a beijou como se quisesse depositar na boca dela todo o amor que estava sentindo ali.

Lua sentia que o coração ia sair pela boca e cair diretamente dentro da quinta taça de dry martini que tomava naquela noite! A câmera focalizava Arthur. Era agora, tudo ou nada.

- E então senhor Aguiar, parece que você ficou por último! Vai seguir os seus amigos e fazer alguma declaração?
- Olha Cora, o Aguiar não ta bem. – Pedro falou e Arthur ficou olhando com cara de “o que você está fazendo?”
- Sério? Quer nos explicar Arthur?
- Ah, eu... Eu não devia falar disso.
- Fala cara! O programa pode te ajudar – Chay deu uns tapinhas encorajadores nas costas dele.
- Eu chateei demais uma pessoa que gosto e agora ela quer ir embora.
- É a prima do Micael, certo? – Cora perguntou meio afirmando e Arthur fez uma expressão levemente assustada – Calma, os seus amigos me contaram. Nós podemos te ajudar, não podemos?
A apresentadora se virou sorrindo para a platéia e todas fizeram gestos afirmativos com alguns gritinhos. Arthur lançou um olhar um pouco enfezado para os colegas.
- Conte-nos mais! Queremos saber sobre essa garota e o que você está sentindo! Assim podemos entender o que se passa!
- Não sei se eu mereço ajuda. Tive tantas chances com ela e nunca 'aproveitei. Depois da minha última burrada ela decidiu morar em outro país e eu acho que essa notícia me fez entrar em pânico. Eu não quero a minha garota em outro continente! Eu quero que ela fique aqui e seja só minha. Só minha fã número um! E eu serei o fã número um dela pra toda vida. Ela me ensinou a gostar de ir à escola. Me ensinou a ser mais sensível com as garotas. Me ensinou que não adianta ter o melhor plano se você não tiver em quem confiar. Me ensinou a prestar mais atenção na aula de geografia! Ajudou a me tornar mais corajoso pra admitir que não importa quantas trufas eu coma, se eu estiver com vontade de experimentar aquela maçã vermelha e brilhante no topo da árvore, é dela que eu vou lembrar e as trufas não vão me preencher. Só me deixarão mais frustrado comigo mesmo por não ter partido logo em conquista daquilo que eu queria. Daquilo que eu acreditava... A Lu entrou na minha vida pra me tornar melhor e eu sinto que se ela sair, nada mais vai fazer sentido porque sem ela aqui não tenho motivo pra ser melhor. – Arthur terminou e falar e as lentes da câmera captaram os olhos úmidos dele. A platéia estava em silêncio e a apresentadora se emocionou também. Chay deu mais tapinhas nas costas dele e sussurrou um ‘mandou bem’.
- Arthur, você aceita participar do quadro “Em Praça Pública”?
- Erm, e-eu?
- Eu imagino que você conheça o quadro, mas eu vou explicá-lo enquanto você vai assimilando. O participante do Em Praça Pública deve escolher uma área pública na cidade, uma praia, um parque ou uma praça, por exemplo... No dia em que o programa vai ao ar, quartas-feiras, no mesmo horário, o participante estará ao vivo no local escolhido. Veja bem, nós estamos gravando aqui no sábado e daqui a quatro dias, se você aceitar participar do quadro, nós estaremos te mostrando lá ao vivo no lugar que você escolher, passando sua mensagem pra Lua da forma que você bem entender. E aí?
- Faz Arthur, não queria uma última chance? Ela está aí, agarre! – Micael cerrou o punho e deu um soquinho no ar. Arthur parecia em outro planeta e o silêncio já estava ficando constrangedor. Cora resolveu falar.
- Hum, pessoas! Será que daqui a pouco nós estaremos mostrando Arthur Aguiar ao vivo participando do quadro Em Praça Pública ou o programa de hoje seguirá normalmente como o ocorrido na semana passada? Está em suas mãos.
Ela deu a palavra a Aguiar novamente e a câmera o focalizou.
- Tem como falar com o David Archuleta? – foi a única pergunta de Arthur. A apresentadora sorriu e a platéia começou a bater palmas com gritinhos de aprovação. Veio o intervalo comercial.


O som das palmas penetravam na cabeça de Lua, ela não piscava e parecia nem respirar também. A vinheta do programa passou, vieram os comerciais e ela continuou a olhar para a tela. Sentiu uma enorme necessidade de saber em que parte da cidade Arthur se enfiou pra aparecer ao vivo, mas pra isso teria de esperar os comerciais. Às vezes uma espera que era pra ser pequena, como esperar um ônibus, ficar numa pequena fila, ou o fim de um intervalo comercial, se torna gigante. Vai depender do quanto a pessoa quer que essa espera termine. Para Lua foram dois longos minutos e mais trinta segundos. Para Arthur foi um tempo rápido pra sair do trailer com a equipe que estaria presente e se ajeitar no palco pra ser transmitido em poucos minutos para todo o país. Os amigos de Arthur e Lua também saíram do trailer e ficaram logo à frente do palco. A equipe mencionada que estava ajudando-o nisso, não eram seus colegas de McFLY e sim a banda do David Archuleta. Ele ia tocar Touch My Hand em praça pública!

- Voltamos com o Cora’s Interview, o programa de entrevistas e desafios românticos que esquenta as suas noites de quarta-feira! Pra quem chegou agora, hoje nós começamos recebendo a visita dessa banda incrível de garotos espertos e talentosos que é o McFLY! Nós soubemos recentemente por meio de algumas revistas que o guitarrista Arthur Aguiar sempre gostou muito da prima do colega de banda, Micael Borges. E são realmente um casal muito bonito de se ver, mas estão enfrentando problemas e o programa está agora convidando Arthur a participar do nosso quadro que ficou famoso por ajudar casais nessa situação. Nós do programa ajudamos a todos, não importa se você tem fama ou não, todo mundo tem problemas porque geralmente os “amores de nossas vidas” são pessoas teimosas! Então o Arthur já topou participar do “Em Praça Pública”, e nós já temos as imagens ao vivo! Mas antes de mostrarmos que lugar da cidade ele escolheu, explique pra gente um pouco mais, Arthur! Por que você quis falar com David Archuleta?
- Bom, tem uma música que eu me lembrei agora... Eu e a Lua escutamos no carro um dia, foi o dia que a gente brigou. É uma música do David e ela não saiu mais da minha cabeça depois daquilo! Eu quero tocá-la no Parque Vermonn e oferecer pra ela um pedacinho do meu arrependimento pelo que eu fiz.
- Okay, você manda! O que estamos esperando, diretor? Vamos às imagens ao vivo do parque!
Se Lua tivesse um relógio que mede o pulso, como o que Arthur usa pra correr, os barulhos dos batimentos dela estariam enlouquecidos! Primeiro o coração parou ao ver a estrutura montada no parque. As luzes, as pessoas... E o sangue começou a ser bombeado com grande força dentro dela quando Arthur começou a falar ao microfone.

- Boa noite! – Arthur deu um grito animado. Estava fazendo um show de verdade ali, pois várias pessoas que estavam passando na rua pararam pra ver, claro! A chuva estava menos intensa agora, pingos pequenos e rápidos cobriam tudo que encontravam aos poucos, como se formassem um grande véu. Alguns relâmpagos vinham de vez em quando e pareciam flashs de máquinas fotográficas no céu.
- Primeiramente eu queria agradecer a todos os presentes e à produção do programa Cora’s Interview por me dar a chance de participar desse quadro genial que é o “Em Praça Pública”!
As pessoas aplaudiam entre cada frase e Arthur mal podia descrever aquela emoção porque era diferente de qualquer show que ele já tivesse feito.
- Estou aqui hoje pra cantar uma música que não é do meu repertório. Agradeço ao querido David Archuleta! Nós não chegamos a nos falar pessoalmente e ele não pôde estar aqui hoje, mas num ato de extrema bondade, liberou sua equipe pra vir aqui para que eu pudesse tocar uma das músicas dele! Então palmas para David e sua banda! – mais uma porção de gritos, aquela praça estava lotando.
- Eu vou cantar Touch My Hand como se eu mesmo tivesse escrito e guardá-la numa caixa de presente! Vou jogar esse presente pro vento e espero que minhas palavras não sejam jogadas em vão! Eu quero que o vento carregue-as e plante como sementes em algum lugar do coração. Esse vento tem um nome, é Lua Blanco e é pra ela que dedico Touch My Hand em praça pública.


Os primeiros acordes foram tocados no piano. Lua já não sabia se continuava bebendo, se levantava pra ir correndo até lá ou se ficava assistindo ao show.

Saw you from the distance (eu te vi de longe)
Saw you from the stage (eu te vi do palco)
Something about the look in your eyes (algo sobre o olhar em seus olhos)
Something about your beautiful face (algo sobre seu lindo rosto)

In a sea of people (em um mar de gente)
There was only you (só havia você)
I never knew what this song was about (eu nunca soube sobre o que era essa música)
But suddenly now I do (mas de repente agora eu sei)

Trying to reach out to you (tentando chegar até você)
Touch my hand (toque minha mão)
Reach out as far as you can (chegue tão longe quanto puder)
Only me, only you, and the band (só eu, você e a banda)
Trying to reach out to you (tentando chegar até você)
Touch my hand (toque minha mão)

Can't let the music stop (não posso deixar a música parar)
Can't let this feeling end (não posso deixar o sentimento terminar)
Cause if I do it'll all be over (porque se eu deixar, tudo estará acabado)
I'll never see you again (eu nunca vou te ver de novo)

Can't let the music stop (não posso deixar a música parar)
Until I touch your hand (até eu pegar na sua mão)
Cause if I do it'll all be over (porque se eu deixar, tudo estará acabado)
I'll never get the chance again (eu nunca vou ter a chance de novo)

I see the sparkle of a million flashlights (eu vejo o brilho de um milhão de luzes)
I wonder why all the stars (imagino o porquê, de todas as estrelas)
But the one that's shining out so bright (aquela que brilha mais,)
Is the one right where you are (é onde você está) ...


As palavras da música estavam sendo realmente plantadas em Lua. Ela até se lembrou do dia no carro, voltando pra casa, logo depois da noite na praia. Nem mesmo o trânsito ruim daquele dia foi capaz de deixá-la de mau humor porque Arthur estava ali e estava tudo bem.
Quando mostraram as pessoas que assistiam ao show, ela viu alguns cartazes se levantando. Folhas de caderno mesmo, feitos de última hora. O que foi escrito com marca-texto rosa chamava bem a atenção e dizia:
VEM PRA CÁ!
O ARTHUR TE QUER MTMTMTMTMT!

Ela tampou a boca com uma das mãos vendo isso. Começou a se imaginar chegando lá, subindo no palco e tacando um beijo nele enquanto os dois ficavam se molhando de chuva e o público aplaudindo. Depois sorriu sozinha com esse momento de “sonho pré-adolescente”.
- Quem será essa tal de Lua? – o rapaz que servia os drinks observava a televisão com um pano de prato nas mãos. Lua olhou pra ele e deu de ombros. Voltou a colar os olhos na tv e viu Arthur sacudir os cabelos molhados pela chuva. A verdade é que seus pés estavam formigando pra sair daquele pub e ir até o palco de verdade. Então ela simplesmente se levantou, pagou a conta e foi. Simples assim. Só esqueceu de um detalhe: estava bastante bêbada.

...
Saw you from the distance (eu te vi de longe)
Saw you from the stage (eu te vi do palco)
Something about the look in your eyes (algo sobre o olhar em seus olhos)
Something about your beautiful face (algo sobre seu lindo rosto)

Can't let the music stop (não posso deixar a música parar)
Can't let this feeling end (não posso deixar o sentimento terminar)
Cause if I do it'll all be over (porque se eu deixar, tudo estará acabado)
I'll never see you again (eu nunca vou te ver de novo)

Can't let the music stop (não posso deixar a música parar)
Until I touch your hand (até eu pegar na sua mão)
Cause if I do it'll all be over (porque se eu deixar, tudo estará acabado)
I'll never get the chance again (eu nunca vou ter a chance de novo)

Trying to reach out to you (tentando chegar até você)
Touch my hand (toque minha mão)
Reach out as far as you can (chegue tão longe quanto puder)
Only me, only you, and the band (só eu, você e a banda)
Trying to reach out to you (tentando chegar até você)
Touch my hand (toque minha mão)


Lua foi andando mesmo até o parque onde Arthur estava. Não era tão longe, ela foi andando rápido (na medida do possível) naquela chuva fina. Seus pensamentos não eram mais confusos. Decidiu-se por enfrentar Delilah. Os dois poderiam enfrentar juntos, a Delilah não podia sair vitoriosa com um plano tão ridículo e cruel. Ela não merece a glória e essa palavra não combina com ela.
Lu entrou numa rua um pouco deserta. Aliás, totalmente deserta. Havia apenas árvores dos dois lados e calçadas estreitas, mas ela nem sequer se lembrou de sentir medo porque estava só pensando no que dizer quando chegar lá no show improvisado e olhar pra Arthur no palco. De repente ela já havia esquecido toda aquela coisa de se preocupar muito com a Delilah. Só queria chegar perto dele e dizer que não importa o que aconteça, eles enfrentam juntos.
Um carro passou naquela rua, depois de muito tempo sem nenhum movimento. Ele passou por Lua em alta velocidade e freou bruscamente uns 20 metros adiante. Lua continuou a caminhar pelo acostamento, porém agora estava assustada com aquele carro parado ali. Os passos foram diminuindo ao mesmo tempo que a vontade de voltar crescia. Afinal, por que diabos um carro ia frear de repente e ficar parado no meio da rua? A menos que houvesse um semáforo ali, mas definitivamente não era o caso. As luzes vermelhas acesas na traseira do carro aumentavam o pânico de Lua e ela, que já estava a passos muito lentos, parou de andar de uma vez e deu meia-volta pra se afastar daquele carro. Agora a única coisa que ocupava a mente dela era sair daquela rua e as palavras “show”, “palco” e “Arthur” foram apagadas como numa lousa.
Os passos dela estavam apressados e ela nem via as poças d’água, pisava nelas. Espalhava água barrenta nas botas, mas não importava. Queria estar a salvo do que quer que fosse. Lua escutou o motor do carro fazendo manobras e olhou pra trás. O carro estava voltando. Ele acelerou como que pra brincar com a emoção dela e ela viu a fumaça subindo ao redor do carro. Começou a correr.

Delilah’s point of view ON

Estou no carro esperando meu irmão terminar de assaltar a joalheria para qual eu trabalho. Como meu dia foi acabar assim? Explico.
Fui à casa do Arthur hoje de tarde e ele só faltou me botar num avião pra Angola com passagem só de ida! Eu fui lá achando que ele podia cair na real sobre aquela garota que nem gosta dele tanto assim! O que mais me chateia é que ele tenha me usado na cara dura, sabe? Bastou aquela putinha aparecer pra ele me ignorar como um ursinho velho. Aquela mimada, nojentinha, eu sou muito mais eu! Agora ela vem com essa coisa de querer ir embora do país, igual àquelas crianças que não sabem brincar e vão pra casa emburradas, batendo o pé. E Arthur ainda fica desesperado com isso! Se eu fosse ele, mandava ela ir se foder lá no Canadá e bom proveito. Eu tenho vontade de afogá-la no ponche igual ela fez comigo, é.

Play Delilah's Flash Back

Era sábado e eu estava sentada desperdiçando meu tempo na gravação de um programa besta. Eu tenho uma prima adolescente e a escola dela fez esse passeio ridículo. Eu tive que acompanhá-la, mas a única coisa que me encorajou a prestar esse ato de solidariedade é a entrevista com o McFLY.
Então eu fiquei esperando que a hora chegasse. E ela chegou.
Nada até ali tinha sido tão cortante. Nada é tão desesperador quanto isso.
Arthur falando todas aquelas coisas, e elas não eram pra mim.
- ...Depois da minha última burrada ela decidiu morar em outro país e eu acho que essa notícia me fez entrar em pânico. Eu não quero a minha garota em outro continente! Eu quero que ela fique aqui e seja só minha. Só minha fã número um! E eu serei o fã número um dela pra toda vida. Ela me ensinou a gostar de ir à escola. Me ensinou a ser mais sensível com as garotas. Me ensinou que não adianta ter o melhor plano se você não tiver em quem confiar. Me ensinou a prestar mais atenção na aula de geografia! Ajudou a me tornar mais corajoso pra admitir que não importa quantas trufas eu coma, se eu estiver com vontade de experimentar aquela maçã vermelha e brilhante no topo da árvore, é dela que eu vou lembrar e as trufas não vão me preencher...

Ele me reduziu a uma burrada ou sei lá o que, mas certamente algo que não deveria ter acontecido. Eu me senti como algo que não devia existir, me senti fora do lugar. Não sei o que senti, mas não queria deixar assim. Não podia!
Ouvi quando começaram a acertar os detalhes para o desafio dele, logo após encerrarem a gravação. Ficaram horas combinando esses detalhes, o que ia ter, o que não ia ter, ligaram pro David Archuleta e o caralho. Fizeram tudo e depois os quatro saíram parecendo apressados. Eu fui atrás. Deixei minha prima lá, ela que voltasse sozinha... Eles chegaram numa casa, eu logo vi uma daquelas afetadas, insuportáveis, loucas, que são amigas da Lua. Mais precisamente, a Rayana. Só tem gente doida nessa porra. Ninguém nem notou ou quis impedir a minha entrada na festinha.

Stop Delilah's Flash Back

Pro inferno aqueles dois. Esquecendo Lua e seu chaveirinho Aguiar por um momento, cheguei em casa e o folgado do Nick estava largado no sofá. É outro inútil esse aí...
Nick é meu irmão mais novo. Irresponsável, idiota, delinqüente e infelizmente, menor de idade. Fiquei responsável por sustentar essa peste desde o ano passado, quando nossos pais morreram num acidente. Ele ficou se achando O rebelde depois disso e resolveu barbarizar por aí com uns amigos que não valem nada! Outro dia chegou aqui com caixas de latinhas de energético. Quando eu perguntei, ele disse que eles sacanearam o português da loja de conveniência. Estou pouco me fodendo... Não me envolvo nas besteiras do Nick. Mas hoje eu topei vir com eles para assaltar a joalheria da Jeena. É que a Jeena é uma tremenda filha da puta! Não, eu não costumo ser boca suja, só estou nervosa e sob influência de algumas balinhas que Nick me deu. Eu sabia que ele tomava ecstasy, heroína e um monte de outras merdas. É a primeira vez que uso. Mas voltando ao assunto da Jeena, sou designer de jóias e vendo pra loja dela. Semana passada ela veio dizendo que as minhas jóias estavam fracas, que eu precisava inovar e não queria pagar um preço justo. Meu irmão ficou puto, queria dar um susto nela, aí hoje ele me chamou pra fazer isso e como hoje eu estou daquele jeito por causa do cuzão do Arthur acabei topando assaltar a bosta da joalheria. Só não quero ficar na encrenca depois.
Estão vindo! Vou ligar logo o carro pra gente fugir! É agora que eu trabalho!
- VAI LILAH! VAMOS, VAMOS! – Nick ficou gritando e esqueceu de fechar a porta, aquela anta... Eu fui arrastando e ele fechou a porta depois. Os dois amigos horríveis dele (eles são horríveis, nem precisam de máscara pra assustar!) estavam tirando o que roubaram de dentro das mochilas pretas que usaram. Eu vi algumas das minhas próprias criações, fiquei até emocionada em recuperar meus bebês!
Eu estava sentindo o poder nas minhas veias. É como se eu fosse naquele momento a dona da rua, eu nunca senti um carro dessa maneira! É como se eu estivesse correndo com minhas próprias pernas, chegou uma hora em que eu achei que tinha levantado vôo! Foi tão emocionante! Eu vi cada viatura da polícia se chocar contra outros carros atrás de mim, foram se desfazendo um por um, como num video-game. Quando o último deles se chocou com um caminhão, do qual eu escapei por pouco, houve uma explosão e eu apenas vi aquele fogo se distanciando pelo espelho. Meu irmão e os amigos estranhos comemoravam. Minha ficha demorou a cair, mas quando isso aconteceu, meu sorriso saiu feito uma explosão também, junto com um suspiro aliviado. Será que é assim que os atores se sentem nos filmes de ação? Não. Eles fingem. Eu tive nas mãos a real sensação disso e não tem como explicar. É como um orgasmo gigante ou sei lá... Chame como quiser, to doidona! Eu duvidei, mas isso salvou mesmo meu dia! Agora eu só quero... Ei! Que diabos! Acho que vi a Lua ali! Ou será efeito do ecstasy?
Não, é ela! E se ela está nessa rua, que por coincidência vai dar no parque onde está Arthur e seu showzinho ridículo, então é porque ela ia quebrar o acordo! FILHA DA PUTA!
- Caralho ficou maluca?! – Nick reclamando da minha freada brusca no meio da rua.
- É aquela garota que te falei, Lua! Está andando ali olha, prestes a quebrar o nosso acordo! Preciso fazer alguma coisa.
- Ah, Lilah! Agora não é hora de você se vingar! E se a polícia chegar?!
- A polícia já era! Você ta vendo algum carro aqui?! Eu to dirigindo essa merda pra vocês, passei o maior sufoco pra deixar aqueles trouxas pra trás e agora que eu quero me divertir vocês vão impedir? Puta que o pariu hein!
- Ta bom, faz o que quiser...
Eu sorri e comecei a virar o volante. Fiz a manobra na estrada e vi que a Lua estava andando rápido na direção oposta.
- Caralho, ela vai fugir!
- Claro que não, a gente ta de carro e ela a pé! Jumenta. Põe a pata no acelerador aí.
- Fica quieto aí seu porra, não te perguntei nada.
- Ihh Nick, é a sua irmãzinha gostosinha que manda em você, é?
- Cala a boca. – Nick apontou o dedo na cara do amigo. Enquanto eles ficavam discutindo eu me aproximava de Lua, jogando a luz do farol alto nas costas dela. Quero ver a cara de gato acuado que ela vai fazer!

Delilah’s point of view OFF

Delilah dirigia um Fiat Stilo vermelho que não era dela, nem do irmão, mas sim de um dos amigos dele. O carro atingiu velocidade suficiente num curto espaço pra fazer um pequeno e discreto cavalo de pau. O carro virou 180º e parou bem na frente de Lua.
A porta do carro se abriu devagar porque Delilah queria assustá-la de verdade. Lua ficou em choque e não tinha pra onde correr. Os outros garotos desceram primeiro e Lua sentiu o coração apertar ao imaginar que seria abusada e talvez assassinada por eles. Quando ela finalmente viu que era Delilah quem dirigia, ficou sem saber se relaxava ou se era pra preocupar-se mais ainda.
- Hey Lu! Por que essa carinha assustada?
- Oi Delilah. – Lua falou entre os dentes, com uma certa raiva.
- Você já conhece o meu irmão Nick e os amigos dele?
- Não, eu nem costumo ter pesadelos... – Lua fez uma careta e o amigo patinho-feio de Nick ameaçou avançar nela. Delilah esticou o braço impedindo-o.
- Até numa hora dessas você é muito engraçada Lua, parabéns.
- Então ta. Foi um prazer conhecer vocês e eu já vou. – Lua deu meia-volta e apertou o passo. Delilah fez um aceno de cabeça para que Nick fosse buscá-la. Ele segurou com força um dos braços dela na altura do pulso. A mão dele quase podia se fechar e esmagá-lo.
- HEEY O QUE VOCÊ TA FAZENDO?! – Lua veio gritando ao ser puxada de volta.
- Calma Lu! Onde você vai com tanta pressa? Ah, eu acho que sei! Estava indo logo ali dar uma quebradinha básica num certo acordo! – Delilah cruzou os braços quando Nick soltou o braço de Lua e os cinco dedos estavam marcados.
- O que você quer? Não me enche! Por que não deixa todo mundo em paz e vai cuidar da sua vida, huh?
- Ihh, ta nervosa? Aah Luzinha se tem uma pessoa nervosa aqui, essa sou eu!
- Imagino porque... – Lua falou um pouco baixo olhando pro lado.
- O que você disse?
- Eu sei que o Arthur te deu um fora astronômico hoje, eu estava lá. Eu vi. Delilah, você não tem chance alguma com aquele garoto. Esquece!
- Eu acho que tenho! Só preciso que certas pessoas desapareçam. – Delilah terminou de falar com a voz firme, se aproximou e deu um tapa no rosto de Lua. Ela balançou a cabeça pra retirar o cabelo que voou no rosto e ia avançar em Delilah, mas dois garotos a seguraram pelos braços.
- Então é assim que você quer me encarar, sua covarde?! – Lua tinha cada braço segurado por um rapaz. Ela se agitava na doce ilusão de conseguir se soltar.
Delilah chegou bem perto dela sem falar nada. Segurou o rosto de Lua apertando as bochechas com os dedos.
- Você não passa de uma cruz na vida do Arthur! Ele te enxerga como um brinquedo novo agora, mas eu quero estar lá pra ver o dia em que ele vai te deixar num canto, usada! – ao terminar de falar soltou o rosto da garota, que ficou movimentando os maxilares doloridos.
- Não julgue o meu destino pelo seu! O Arthur nunca gostou de você e você nunca foi nenhum brinquedo novo! Você era no máximo um brinquedo já bem gasto que ele achou e pegou pra passar um tem... – Lua não pôde terminar de falar porque Delilah acertou um murro em seu rosto.
- Continua! É bom levar uns socos na cara, não é? Continua falando aí pra ver o que você leva...
- O seu problema é que você não agüenta a verdade! Tenho certeza que as minhas palavras podem doer muito mais do que os socos porque você sabe muito bem o que Arthur te disse hoje! Hum... como foi mesmo? – Lua fingiu parar pra pensar e logo voltou a olhar pra Delilah sorrindo debochada – Ele pode te substituir pela própria mão! Parece que ele prefere se masturbar do que ficar com você, De-vaca.
Delilah mordeu os lábios e acertou-lhe um soco no estômago. Lua perdeu um pouco o ar e demorou mais pra se recuperar dessa vez.
- Você não tinha o direito... OLHA PRA MIM ENQUANTO EU FALO! – Delilah obrigou Lua a erguer o rosto que estava abaixado, pegando pelo queixo. – Não tinha o direito de chegar sem mais nem menos e atrapalhar minha vida!
- Atrapalho? Desculpa aí! – Lua ainda tinha o sorrisinho debochado, apesar da expressão cansada de apanhar. Delilah deu mais dois socos nela, um no rosto e outro de lado, ao final das costelas.
- Vadia... – Delilah se afastou um pouco com uma das mãos no quadril e com a outra coçava o nariz.
- De-jeitada...
- É o que?
- Hum?
- O que você disse aí?
- Pfffft!
Tapa no rosto e um puxão de cabelo.
- Como é que vai a barriguinha, Lu? Dói aqui? – Delilah segurou a parte superior do cabelo de Lua, puxando os fios para trás e conversando com o rosto próximo ao dela. Com a outra mão, deu cutucões na área do abdômen onde já tinha acertado alguns socos.
- Vai pro inferno. – Lua sussurrou e Delilah a soltou.
- O Arthur não te quer realmente! Se ele quisesse não teria se deixado levar por mim aquele dia. Lembra? “Oooh Lua não é o que parece!” – Lilah imitou as palavras de Arthur no dia em que foi flagrado no sofá com ela. – Pois era o que parecia SIM! E se você não chegasse, bonitinha, a gente ia transar no chão da sala!
- Ele se arrependeu dessa burrada e de todas as vezes que te comeu só porque você era a cadela mais próxima!
Lua deixou que a última frase saísse misturada com tons de deboche e raiva. Delilah deu uma joelhada nela que atingiu o pé da barriga. A dor foi terrível e ela tentou dobrar o corpo ao máximo que pôde com aqueles rapazes segurando seus braços.
- O que foi? Acabou o ia que dizer? Hum, acho que eu estraguei o brinquedo novo do Arthur!
- Não, Lilah. Sabe o que aconteceu hoje logo depois que você foi embora? – Lua já não tinha muito fôlego e a voz estava fraca, mas a vontade de provocar estava maior do que a dor física – EU fui lá nós e passamos toda a tarde juntos.
- Cala a boca.
- Foi uma tarde deliciosa. Ele não sente nojo de mim como sente de você!
- Cala a boca! – Delilah ia avançar nela e Lua soube esperar o momento certo para dar-lhe um chute. Delilah caiu numa poça e sujou os cabelos de barro.
- O carinho dele por mim foi mostrado todo o tempo, nos toques, nos beijos...
- CALA A PORRA DA BOCA! – Delilah se levantou mais furiosa e começou uma série de agressões sem parar, revezando entre uns poucos tapas no rosto e muitos socos na barriga. – Cala a boca, cala a boca!
Lua ficou imóvel e Delilah deu um sinal para que os rapazes soltassem os braços dela. Primeiro Lua caiu de joelhos e logo depois o resto do corpo foi ao chão. Próximo ao local onde estava o rosto de Lua havia outra poça d’água. Delilah se abaixou, pegou Lua pelos cabelos e colocou a cabeça dela na poça por uns instantes, assim como no episódio do ponche. Depois retirou o rosto de Lua da água barrenta e a colocou de lado.
- Quem é a Devaca agora?

Um comentário: