sexta-feira, 20 de abril de 2012
Capítulo 22 – Aquele que não deve ser nomeado
Quando o carro de Robert já estava há quilômetros da casa de Arthur - pro alívio de Lua - ela lembrou que deixou seu celular na casa dele. Lá mesmo no chão! Mordeu o próprio lábio de raiva e soltou alguns palavrões imaginando que ninguém ia prestar atenção nela já que Sophia parecia empolgada ao explicar pra Melanie como fazer mechas californianas em casa. Mas Lua se enganou porque ela percebeu sim.
- O que é que foi Lu? – Sophia se virou pra ela.
- Que o que? – Lua despertou dos pensamentos.
- É que eu podia jurar que você estava xingando aí baixinho!
- É porque eu lembrei agora que esqueci meu celular...
- Se quiser a gente volta – Robert deu a opção.
- Não, não... Depois o Micael pode levar ou mandar pelo correio, sei lá! Eu sobrevivo sem ele.
- Certo. E como foi esse tempo de férias? Sentiram saudades de casa? – as meninas se animaram com a pergunta de Robert e todas começaram a falar ao mesmo tempo. Menos Lua.
- SILÊNCIO MARITACAS! – Rayana berrou e levou um olhar feio do pai, então suavizou novamente a voz – Eu sou a maritaca que senta no banco da frente então eu começo a falar! Essas férias foram incríveis, pai! Teve tanto mistério pra gente resolver... Me senti até no desenho das quatro espiãs demais.
- O desenho é TRÊS espiãs demais. Maritaca-lesada. – Melanie falou e jogou uma batata Ruffles nela.
- Mas nós estávamos em QUATRO! Maritaca-fedida. – ela jogou ovinhos de amendoim como resposta e quase acertou Sophia, só não acertou porque ela desviou pro lado e se bateu com Lua.
- Ai Lu, foi mal! É culpa das Maritacas-pré-adolescentes aqui, sabe!
- Ah, claro... – Lua sorriu amarelo mais uma vez. Na verdade nem tinha reparado no motivo pra Soph pedir desculpa.
- Hey e aquele negócio do Dean! Gente aquilo deu muito o que falar! – Melanie lembrou de repente e todas elas começaram a balançar a cabeça concordando.
- Verdade e a Lua ainda conheceu o famoso Dean! – Sophia encostou o ombro em Lua dando leves empurrões.
- É! Ela conheceu a fundo – Rayana comentou e elas ficaram rindo. Lua apenas ria sem graça.
- E o Arthur, Lu? Ele não falou nada? – Melanie perguntou ao parar de rir.
- Não, ele disse que tava de boa...
- Ah, o Arthur é um amorzinho! – Rayana abanou o ar e se virou pra frente.
Lua estava lutando contra as lágrimas até agora, mas ouvir que Arthur é um amorzinho foi pior do que qualquer música melosa e qualquer flash back. Definitivamente! Ela não conseguiu impedir que uma lágrima solitária rolasse pela bochecha esquerda.
- Lua? Tudo bem aí? – Robert a viu chorar pelo espelho.
- É... Foi só um surto de saudade. Acho que preciso ver minha mãe! – ela deu um sorriso, limpou a lágrima e ficou olhando pra janela. Robert voltou a prestar atenção no trânsito e Soph olhou pra amiga de canto de olho, realmente estava achando-a estranha, mas não comentou nada.
Ao chegar em casa, Lua deu um abraço de uns cinco minutos na mãe e depois foi direto ao quarto. Ficou desfazendo as malas e finalmente deixou que o choro saísse sem impedimentos ao se deparar com o porta-retrato que o próprio Arthur havia colocado ali dias atrás. Ela não sabia como ia agir dali pra frente, se ia jogar as ‘Aguiar-things’ fora ou não, a caixa rosa e tudo mais...
- Lua, eu vim pegar um agasalho meu que ficou na sua mala... O que você tem? – Rayana entrou no quarto e estranhou ao vê-la sentada no chão, com as costas apoiadas na lateral da cama. Acelerou o passo e sentou perto dela.
- Ah Ray – ela falou em meio ao choro e logo abraçou a amiga.
- Eii não me assusta, o que aconteceu?
- Eu não queria contar antes de chegar em casa e agora eu não to nem agüentando guardar isso...
- Ray, o pai ta perguntando se vocês querem pizza – Mel chegava no quarto e ficou parada na porta olhando Lu chorar e Ray abraçá-la.
- VÃO QUERER OU NÃO? – Robert gritou lá de baixo.
- SIM PAI, PODE LIGAR. – Melanie respondeu.
- Na verdade eu já liguei, daqui a pouco chega – Robert passou sorridente pelo corredor de quartos e deu um beijo estalado na bochecha da filha parada na porta.
- Se já ligou por que me fez subir aqui?! – falou mais pra ela mesma, depois entrou e fechou a porta.
- Mel, alguma coisa grave aconteceu, fala pra ela contar logo!
- Espera, já que ta todo mundo aqui eu vou ligar pra Sophia. Assim eu só preciso contar uma vez... – Lua levantou o braço e pegou o telefone na mesinha que fica ao lado da cama. Enquanto ela discava, Melanie e Rayana se olharam assustadas.
- Já ta no viva-voz. – Lua avisou e Rayana já começou a falar.
- Oi Soph a Lua ta toda estranha aqui e eu acho que ela tem alguma coisa pra falar!
- Manda aí Lu! – Sophia, também curiosa ao telefone.
- Eu peguei o Arthur... – pausa pra respirar.
- Ah, mas você pegou o Arthur todos os dias! No armário, na sala, no chão, em todos os lugares... – Mel deu risada e Ray lhe deu um tapa na testa.
- Não, eu peguei o Arthur se agarrando com a Delilah.
Minutos de silêncio. Rayana e Melanie estavam boquiabertas e Lua sabia que Sophia devia estar com a mesma cara.
- Então é por isso que você estava tão quieta lá no carro? – Melanie perguntou baixinho, muito chocada pra falar normalmente!
- Ah, eu não queria estragar a alegria de vocês contando isso – Lua tampou o rosto com as duas mãos e abaixou a cabeça.
- PUTAQUEOPARIU! – Rayana gritou de repente e deu um tapa na testa que fez barulho – E eu ainda chamando o Arthur de amorzinho lá no carro...
- Tudo bem Ray. Você não sabia.
- Mas como foi isso Lu? Conta isso direito, foi na hora que o Micael te levou na casa do Arthur? – Sophia perguntou.
- É. Recebi uma mensagem dele pra eu ir lá, ai eu cheguei e a Delilah tava com ele embaixo dela no sofá. Detalhe: ela estava sem roupa.
- ELA TAVA SEM ROUPA? MAS QUE PERUA! – Melanie começou a esganar um bichinho de pelúcia que segurava como se fosse o pescoço da perua em questão.
- Puta. – Sophia xingou ao telefone.
- Devaca. Debaranga. Detonada. – Melanie largou o ursinho.
- Debandida. Deformada. Derrubada. Desorientada. – Rayana continuou inventando nomes.
- Denossaura! – Soph falou ao telefone e começou a rir sozinha – Que? Foi engraçado! Ah, vai, aposto que vocês estão rindo aí em silêncio!
- Sophia, frapêzinho da Lua, olha bem pra minha cara e vê se eu sou de ficar rindo em silêncio... – Rayana falou com voz de tédio.
- Eu olharia se eu não estivesse ao telefone, dar.
- É Ray, err, ela tem razão... – Mel fingiu estar pensativa.
- Fica quieta aí cabeça de feijão amassado. Eu devia te cozinhar!
- Fica quieta você, ficou chamando o Arthur de amorzinho, deu a maior mancada já hoje!
- Ei meninas! Vocês podem fazer o favor de dar um abraço na minha amiga? Ela está sofrendo e vocês aí brigando, francamente viu! – Soph reclamou ao telefone e as duas irmãs se olharam, depois deram um abraço em Lu.
- O que você fez na hora que viu? Deve ter sido o pior choque da sua vida! – Ray perguntou se soltando.
- Ah, não sei se foi o pior choque da minha vida, mas eu fiquei muito chateada. Eu já entrei estranhando porque a porta estava só encostada, aí quando eu o vi sem camisa e aquela Deputa em cima dele eu queria gritar, mas nada saía da minha boca! Parecia que meu coração tinha parado mesmo, minha mão ficou mole e eu deixei meu celular cair no chão... O resto já dá pra imaginar, nós quebramos uns vasos lá da mãe dele.
- O Micael também viu? Ele estava estranho quando eu liguei agora pouco pra dizer que tinha chegado!
- É Soph, o coitado ficou tão chocado quanto eu.
- Lua, todas nós estamos chocadas! Ninguém imagina o Arthur fazendo uma coisa dessas! – Melanie se levantou do chão, onde estava sentada.
- Como é que vai ser agora? – Rayana também se levantou e Lua continuou sentada com os ombros caídos.
- Eu não sei. Eu acho que definitivamente sou um queijo suíço cortado, prensado, empacotado e bem furado.
Apenas Sophia lembrou e entendeu porque ela disse isso...
No dia seguinte, Micael foi visitar Arthur.
- Oi Micael. – Arthur falou meio sem graça ao abrir a porta.
- Você... por... acaso... ficou... maluco? – Micael intercalava as palavras com cutucadas no peito de Arthur.
- Calma Micael! Entra aí, eu posso explicar tudo, ta bom?! – Arthur abriu espaço e fechou a porta depois que Micael entrou com seus passos largos de quando está nervoso.
- Não tem explicação para o que você fez! Se eu não tivesse visto, nem acreditaria!
- Eu sei, eu sei! Nem eu acreditava no que estava fazendo, meus braços simplesmente não obedeciam os comandos do meu cérebro! A Delilah chegou aqui e ficou nua na minha frente sem mais nem menos e começou a se esfregar em mim, o que queria que eu fizesse?! Não sou de ferro, nem de prata, nem de alumínio, nem de plástico. Não valho nada.
- Você tinha que ter mandado ela se vestir porque a Lua tava chegando aqui, oras! Aliás, pelo menos vocês não estavam oficialmente como namorados, senão seria mais traição ainda, eu acho!
- É né... Eu ia pedi-la em namoro durante o jantar, mas tive que adiar porque eu fui comprar as alianças anteontem, só que eu pedi que fizessem um desenho nelas aí eles disseram que quando ficasse pronta iam enviar aqui em casa. Então resolvi esperar chegar, afinal oportunidades não iam faltar, eu pensava... Só chegaram hoje.
- Como assim? Que desenho?
- O desenho das nossas tattoos. Sabe, ao invés dos nossos nomes. Tirei uma foto da minha tatuagem e entreguei.
- Hum, original... O que aconteceu ontem depois que fomos embora?
- Como assim?! Ta pensando o que?
- Não sei... Ela já estava aí mesmo né, toda nua. – Micael chegou mais perto e estava prestes a segurá-lo pela gola da roupa.
- Nada, cara! Depois de vocês irem é claro que ela foi também.
- Menos mal... Que diabos ela queria aqui?! Vocês já não se viam há várias semanas!
- Disse que estava arrependida de tudo e que sentia a minha falta, sabe, essas coisas.
- E depois tirou a roupa?
- É.
- Que sem noção... O que você vai fazer agora?
- Não sei dude! Ah, você poderia entregar o celular da Lua? Ela esqueceu aqui.
- Ah, é verdade! Não quebrou quando caiu?
- Nop. Espera aí que vou buscar. – Arthur foi pegar o celular que guardou no quarto enquanto Micael sentou numa poltrona e viu umas coisas em cima da mesinha. Reconheceu um objeto e pegou pra observar mais de perto.
- Aqui o celular. – Arthur chegou e estendeu o celular pra Micael, que parecia distante olhando uma linda pulseira em suas mãos.
- De quem é isso Arthur? Não sei, parece que eu já vi essa pulseira!
- Provavelmente... – Arthur sentou no sofá perto dele e pegou a pulseira na mão. – É da Lua.
- Verdade! Como eu sou burro! Foi Sophia que deu de presente de aniversário e eu até ajudei a comprar! Mas... faz tempo que eu não a vejo usando!
- Micael reconhecendo que é burro? Mas que progresso...
- Ei, não abusa não que eu ainda to bolado contigo.
- Certo senhor bolado... Então, ela perdeu lá em casa, digo, na outra casa.
- Ah, então faz tempo mesmo. Sophia me contou, nenhuma das duas sabia onde estava a bendita pulseira e desistiram de procurar.
- Eu não vi na hora que caiu, vi uns dois dias depois, quando já estávamos nos mudando. Peguei do chão, estava num cantinho perto da escada e sabia que era dela porque ela usava bastante. Então guardei comigo, sei lá... pra lembrar.
- Foi isso que você disse na mensagem que ia entregar?
- Uhum. E o MP4, e mais algumas fotos que eu tinha... – Arthur apontou com a cabeça pra um álbum em cima da mesa. Havia algumas fotos recentes dessas férias, e pra ficar legal, elas estavam intercaladas com as antigas.
- Que foto é essa? Quando foi? – Micael pegou o álbum e parou o olhar numa das fotos antigas. Aquela foi tirada numa excursão a um parque de diversões. Lu estava rindo, Arthur beijava uma das bochechas dela e um menino que Micael desconhecia do outro lado. Ele encarou essa foto curioso, desde que ficou sabendo achava incrível aquela coincidência de Lua ter sido amiga do Arthur antes dele.
- Isso foi numa excursão, acho que estávamos no primeiro ano. Esse carinha beijando a outra bochecha de Lu se chama Matthew Joseph alguma coisa. Ele era a fim dela, sabe... Nesse dia eles ficaram.
- Ahn... E você já gostava dela?
- Já.
- E por que você deixou ela ficar com ele?
- Não sei Micael! Eu ainda tava naquela onda que a gente era amigos e tal. Ela ficou com o Matt e eu com uma menina do segundo ano.
- Ah ta... Uma vez você me falou de uma garota que gostava muito na sua antiga escola, mas achava que não era correspondido porque ela era sua amiga e pans... Nunca ia imaginar que a garota era minha prima! Ainda fico impressionado quando lembro disso.
- Pois é dude, que mundo pequeno. Quando você falou que a sua prima namorava um cara chamado Peter, eu lembrei que lá na escola tinha um Peter, era um cara que de vez em quando eu via cercando a Lu. Mas nem fui capaz de ligar as coisas!
- Erm... Espera a poeira baixar ta bom. Pra falar com ela.
- Certo.
- Ah, o Fletch disse que a gente vai fazer uns shows em Manchester!
- Sério? Vamos passar por Bolton?
- Talvez, acho que sim.
- Legal!
- Uma semana lá... E não esquece que ele ainda quer falar outra coisa com a gente na segunda – Micael deu algumas palmadas no ombro de Arthur e saiu. Arthur encarou a pulseira em sua mão e respirou fundo, tinha uma difícil tarefa pela frente.
A semana se passou rápido e todos voltavam aos seus ritmos de sempre. Era uma manhã de sábado e Sophia estava radiante por saber que Micael viria durante a tarde pra sair com ela antes de viajar para a turnê. Estava colocando o lixo pra fora e mesmo no meio de uma tarefa desagradável dessas conseguia cantarolar animadamente junto com o som que vinha de dentro da casa. ‘...You might as well go, go, go! I never wanna see your face round here anymore, cause it's a breakdown, a breakdown... Where do we go from here? It's a breakdown, a breakdown woahwoaaaw’ Micael a observava escondido atrás de uma árvore, queria surpreendê-la, mas alguém chegou primeiro. Sophia foi pega por uma visão não muito agradável e parou de cantar seus “wowooooa” instantaneamente. Tentou entrar rapidamente em casa, mas foi segurada pelo braço.
- Hey, não foge de mim!
- Me solta, o que faz aqui? – ela sacudia o braço tentando livrá-lo da mão de Chris.
- Só vim te ver! Senti tanto a sua falta... – ele soltou o braço dela, vendo que ela permaneceria ali.
- Eu não senti a sua... – ela cruzou os braços e o encarou como uma criança emburrada.
- Não fala assim, não ta vendo que eu to arrasado?
- Você arrasado?! Eu fiquei arrasada primeiro. Como pensa que eu me senti quando aquele seu amigo te abordou no shopping?
- Eu sei... Me perdoa vai! – ele encarou os próprios pés, depois voltou a olhá-la – Isso não precisa terminar assim! Eu posso fugir com você, o que acha? Foi isso que eu vim te propor! – Chris terminou a frase sorridente enquanto Soph o olhava incrédula.
- Acho que você é um louco desprezível! Eu me dei ao trabalho de escrever uma carta, eu podia ter mandado um e-mail frio ou um telefonema, um sms, mas eu escrevi uma carta e você não leu?
- Li... Mas mesmo assim, vim aqui me humilhar pra você voltar porque eu não estou conseguindo ficar sem você! Parece que tem um grande vazio na minha vida.
- Como pode falar em vazio? Você tem toda uma família pra cuidar! Tem um filho recém-nascido! E outra, você não sabe o que é humilhante de verdade! Humilhante é crescer sem notícias do seu pai achando que você e sua mãe não devem valer grande coisa já que ele preferiu sumir no mundo com outra pessoa. Humilhante foi descobrir que vivi uma farsa enquanto estive com você. – ela falava firme e ao mesmo tempo com os olhos úmidos. Ouvindo isso, ele passou um tempo sem dizer nada, apenas encarando a porta da casa logo atrás dela.
- Então você não quer mesmo que a gente fuja?
- Quantas vezes eu... – ela ia falando impaciente e ele a interrompeu.
- Tudo bem, tudo bem! Já entendi! Se você não quer fugir... a gente podia... erm, continuar como estava?
- Hum?! – ela se surpreendeu com tamanha proposta cara de pau.
- É! Nós éramos felizes antes de você descobrir tudo, vamos fingir que isso não aconteceu e voltamos a ser felizes como antes! – ele começou a sorrir e Sophia apertou os olhos com força desejando que ele sumisse quando ela voltasse a abri-los. Não foi o que aconteceu.
- Por mais que eu fale, entra por um ouvido e sai pelo outro, não é?! Eu nunca voltaria com você. – ela deixou uma lágrima solitária cair de um dos olhos.
- Por quê? Vai dizer não gosta mais de mim!?
- Não... não vou dizer isso, porque se eu dissesse isso, significaria que te amei um dia e isso não é verdade.
- Como assim? Eu não achei que você estava mentindo em nenhuma das cinqüenta mil vezes que você disse 'eu te amo'! – ele exaltou um pouco a voz.
- Eu achava que era, mas não era.
- E o que sentia por mim então?
- Eu te achava fodão, sabe... Sonhava com você, você era o professor de química e eu uma criança de treze anos com toda a vida pela frente achando que já sabia o que era amor. Aquilo nunca foi amor porque simplesmente o Chris que eu fantasiava não existia. Aquele Chris que eu idolatrava, um ser doce, gentil, cavalheiro e praticamente um herói que nunca mentiria pra mim era só um ser imaginário, criação da minha cabeça, um personagem que tinha a sua imagem. Eu vi da pior maneira que você não tem nada de heróico. – Sophia ia falando e o desprezo ia exalando pelos seus olhos como uma coisa tóxica que fez Chris se sentir corroendo por dentro. – Depois a gente se conheceu melhor, começamos com aquelas ficadas escondidos pela escola, aquilo era uma adrenalina e o que havia ali não passava de tesão, empolgação, ou chame do que quiser. Aquele Chris que eu tinha na minha cabeça foi sumindo aos poucos, à medida que fui te conhecendo, até que não sobrou mais nada.
- Não é possível! Você só falou todo esse discurso agora porque está brava e decepcionada comigo! Como sabe que não me amava se eu via seus olhos brilharem cada vez que a gente se encontrava naqueles corredores?!
- Já disse que eu tinha um encantamento besta por você, vou ter que repetir tudo?!
- Então me beija. Quero ver você dizer que não tem mais nada comigo depois!
- Não preciso te beijar! Nem quero. Tenho total consciência que meus melhores sentimentos pertencem a outra pessoa que nem se pode comparar a você.
- Você é uma incrível mentirosa! Por que faz isso, huh?
- Não estou mentido e se não quer acreditar também não vou me esforçar pra isso.
- Está mentindo sim e na maior cara de pau! Quem é esse cara? Por acaso ele está aqui?! Não to vendo!
- Ele não está aqui porque não mora tão perto, mas isso não é da sua conta!
- Ótimo! Se ele não está aqui, acho que não vai se importar se eu fizer isso... – Chris foi se aproximando e a agarrou numa tentativa de roubar um beijo. Ela tentava manter a boca fechada e já sentia a língua dele fazendo pressão pra entrar.
Micael saiu de trás da árvore, já viu o suficiente e se orgulhou o suficiente das palavras dela. Agora precisava sair e defendê-la como um super-herói de filme. Chegou atrás do Chris e o afastou puxando pelo ombro.
- SOLTA ELA ANIMAL! – Micael gritou enquanto acertava um soco em seu rosto.
Chris foi parar no chão, com a mão sobre o nariz, que já sangrava. Sophia abriu um sorriso e se jogou em Micael sem fôlego.
- Quem você pensa que é pra chegar e me bater assim?! – Chris levantou e começou a encarar Micael.
- Sou um cara que acabei de ver um filho da puta tentando agarrar minha namorada à força! – ele deu ênfase às palavras ‘minha’ e ‘namorada’.
- Então é ele? – Chris se virou pra Soph surpreso pois achou que ela estava mentindo sobre estar com outro cara. – É por esse garoto que você se diz apaixonada e tudo mais?
- Pára com essa cena Chris, vai pra sua casa e esquece que eu existo. – Sophia cruzou os braços e encarou Chris enquanto Micael passava o braço sobre seus ombros.
- Tudo bem, eu vou. Te esquecer não vai ser tão difícil, tem muitas alunas bobinhas como você na sétima série esse ano. Mas abre o olho Sophia, esse filhinho de papai deve ser igual ou pior que eu. E quando você se decepcionar com ele, não vá me procurar! – Chris falava já se afastando.
- Ela nunca vai precisar te procurar seu bosta! – Micael fez menção de ir até ele, mas Sophia segurou seu braço.
- Eii Micael, não dê ouvidos para as provocações! Aproveita que ele já ta indo embora e deixa.
- É, tem razão. Te machucou? – passou a mão suave pelo rosto dela e ela fechou os olhos por um momento sentindo aquele toque que ela esperou a semana inteira pra sentir de novo.
- Não, graças a você! – ela sorriu e ele lhe deu um selinho.
- Quando eu vi aquele cara te agarrar eu... eu... juro que fiquei P. da vida!
- Shh... – ela encostou dois dedos sobre a boca dele – Já passou e ele não vai mais incomodar! Vem, vamos entrar. – e o puxou pela mão.
- E se ele vier aqui na semana que vem? Você sabe que eu vou estar fora, não sabe?
- Eu sei Micael, mas ele não vai voltar. O Chris é orgulhoso demais pra isso! Agora esquece e vamos curtir o nosso dia antes de você viajar!
- Tudo bem... Sua casa não mudou nada! – Micael andava pela casa olhando tudo ao redor.
- É, no máximo, às vezes mudamos os móveis de lugar! – ela falou e riu sentando no sofá. – Oh, você quer algo pra beber?
- Não... – e sentou ao lado dela.
- Hum... Achei que fosse chegar só à tarde.
- É que uma reunião que a gente tinha lá foi mudada pra mais cedo então eu já vim de manhã pra não ficar sem te ver!
- Ih, desculpa aí, ta todo importante com reunião e tudo!
- Não, não... Importante mesmo é a surpresa que eu tenho pra você! – os olhos dele começaram a brilhar.
- Sério?! O que é?
- Você aceita dar uma volta? – ele se levantou e estendeu a mão pra ela.
- Micael garoto dos mistérios! – ela pegou a mão dele e levantou rindo.
Os dois entraram no carro de Micael, estacionado algumas casas antes. Sophia não sabia pra onde estavam indo e durante o caminho pensou em perguntar sobre o Arthur. Lua passou a semana inteira sem tocar mais no assunto e sem pronunciar o nome dele. Achou melhor deixar esse assunto pra outra hora.
- É sério Micael! Quero saber onde estamos indo!
- Que foi? Não confia em mim? Acha que eu sou um maluco e to te seqüestrando?
- Olha... Sabe que isso não é má idéia?! Vem cá, deixa eu te amarrar e dirigir no seu lugar, vou te levar pro cativeiro!
- Ta bom, só não me bate que eu gamo! – ele falou meio afeminado e os dois riam descontrolados. O carro deles parou no semáforo e ao lado estava o carro de dois senhores que ficaram olhando como eles riam feito loucos. Sophia percebeu, estavam do lado dela.
- Meu namorado é um gay! – ela disse apontando pra ele e rindo. Os dois idosos rolaram os olhos.
- Ah, esse mundo agora ta perdido! – o que estava dirigindo falou pro outro.
- Você não pode falar nada deles! – o outro respondeu. – Acha que eu não lembro quando você foi pego fazend... – não deu pra ouvirem o que ele ia dizer porque o sinal abriu e o carro deles entrou numa rua, Micael continuou reto e olhou pra Sophia, os dois desataram a rir da conversa deles.
- Ah, esse mundo ta perdido! – Soph tentou falar imitando a voz do velho – Cheio de velho metido!
- Você quer uma dica de onde estamos indo?
- Yep!
- Lembra da última vez que eu te fiz surpresa, pra onde te levei?
- Pra casinha da árvore?
- Uhum.
- E...
- E... nada! Essa foi a dica, baby.
- Humryhweiuyhai – Sophia fez careta e resmungou algo incompreensível, depois riu da própria embolada de língua.
- O que você tem hoje?! Parece mais afetada do que de costume! Incorporou o Chay de vez?
- Só estou feliz! E a culpa é 95% sua!
- Ahn! E os outros 5% são culpa de quem, posso saber?
- Não, não pode! Vai ficar com ciúmes!
- Ah não! Agora você vai ter que falar! Senão eu vou te seqüestrar de verdade e te torturar até a morte! Principalmente se for o tal do seu prof...
- O QUÊ? Ow, eu não acredito que você ia dizer isso! Os 5% são do Chad Michael, ta bom?! Eu estava assistindo One Tree Hill.
- Foi mal eu pensar que era aquele que não deve ser lembrado... Mas de qualquer jeito, não sei o que vê no Chad. Ok, estamos chegando.
- Um condomínio... não entendi!
- Novidade.
- COMO É QUE É BORGES?!
- HUM? NÃO FALEI NADA! Eu só ia dizer que faz um tempo que a gente tem esses apartamentos aqui, pra quando estamos fazendo shows pela região.
- Oh, é verdade! Lua comentou sobre isso, mas falou que nunca veio aqui!
- É, porque nós só passávamos poucos dias aqui e estávamos sempre a trabalho então nem tinha tempo. – os dois entraram em um dos prédios e foram direto pelo elevador até a cobertura.
- Aqui estamos! – Micael falou saindo do elevador e esticando os braços pros lados – Esse corredor é basicamente ‘dominado’ por nós quatro. Desse lado Pedro e eu, do outro Chay e Arthur. – ele apontava as portas e Sophia observava tudo com um sorriso, o lugar era bastante bonito e elegante, eles mereciam! Na verdade era melhor se fosse um andar pra cada um, mas... eles gostam mesmo de estar perto!
- Aqui é muito bonito! Vocês vieram passar mais alguns dias?
- Vem, entra. – não respondeu na hora, apenas abriu a porta de seu apartamento e deu espaço pra ela entrar. Sophia mais uma vez sorria olhando ao redor, era tudo tão bem iluminado e espaçoso... Micael se jogou no sofá e pediu que ela sentasse ao seu lado.
- E então Micael? A surpresa é essa, vocês estão vindo passar uns dias aqui? Até quando ficam?
- Na verdade não é bem isso.
- Então diz logo o que é! Estou quase tendo um filho aqui!
- Sério! Como vai se chamar? – ele brincou e Soph deu-lhe um tapinha no braço.
- Besta, esse é o nome.
- Tudo bem eu falo de uma vez. Sabe, essa semana o Fletch conversou com a gente. Ele propôs que nos mudássemos pra cá logo depois dos shows em Manchester. Assim fica mais fácil pra atendermos aos nossos próximos compromissos agendados.
- AHHHH! SÉRIO MICAEL? VAMOS FICAR PERTO AGORA! – ela sorriu e abraçou o pescoço dele.
- Uhum, chegamos aqui ontem à noite, estava ansioso pra te contar!
- AAAAAAAAH, JURA PEDRO?! – Sophia e Micael puderam ouvir um grito no corredor, se entreolharam e saíram. Rayana e Pedro estavam lá fora. Ray agarrada ao pescoço dele, do mesmo jeito que Sophia fizera há pouco.
- E aí Rayana, o Pedro já te falou a novidade? – Soph perguntou abraçada a Micael e Ray sorriu pra ela.
- Uhum! Já era hora de vocês morarem aqui! Isso é motivo pra comemorar, não acham?!
- Já é! – e Sophia estendeu a palma da mão pra que Rayana batesse.
Os quatro entraram no apartamento de Micael, onde conversaram um pouco e comeram sanduíches. Não demorou para que Chay e Arthur aparecessem, ambos pareciam ter acabado de acordar.
- Humpf... Fiquei até tarde arrumando as coisas. – Chay deu de ombros e mordeu uma maçã.
- Eu não consegui dormir... Encontrei a Mel no Msn e ficamos batendo papo.
- Falou pra ela que estamos aqui? – Chay estreitou o olhar na direção dele.
- Nop. Você disse que queria falar você mesmo...
- Sobre o que conversaram a noite toda? – Sophia perguntou querendo provocar Chay.
- O Chay não pode ouvir! Vem aqui que eu te conto! – Arthur a puxou pra um canto da sala e os dois começaram a fingir estar fofocando e rindo.
Chay olhava pra eles com cara de desdém, mas uma hora se irritou e começou a jogar laranjas neles. Sophia caiu no chão com as mãos sobre o tórax, puxando o ar com força e apertando os olhos, todos se aproximaram dela com as mãos na cabeça, inclusive Chay e também Arthur. Quando Chay estava mais próximo ela pegou rapidamente uma laranja que estava na frente dela e o acertou na coxa, depois levantou rindo enquanto ele fazia caretas de dor e pressionava o local atingido.
- Ooooooooow! Laranjas doem!
- Jura?! Puxa, então você não sabia? – Arthur arregalou os olhos e sacudia a cabeça.
- Eu... eu... não pretendia acertar vocês de verdade... – Chay fez carinha de ursinho de pelúcia.
- Desculpa docinho, mas foi você que começou. – Sophia pegou no queixo dele e o beijou na testa.
- Erm... Eu tenho uma coisa pra fazer agora, Sophia você vem comigo? – Micael se aproximou deles.
- Ah não, fica aqui e vamos combinar a comemoração! – Rayana olhou pra Soph com cara de gatinho encurralado e Soph aceitou ficar, depois Pedro levaria as duas de volta. Sophia acompanhou Micael até o corredor.
- Sabe se a Lu ta em casa? – Micael já chamava o elevador.
- Acho que sim. E deve estar dormindo aquela preguiçosa!
Micael estava indo pra casa de Lua, devolver o celular e ver como ela estava. Claro, contaria também a novidade pra ela não ser surpreendida ao topar com Arthur pelas ruas e, se desse, falaria com ela algo sobre o amigo. Não que ele achasse certo o que Arthur fez, mas queria ver os dois felizes de novo e definitivamente eles não estavam felizes separados.
- Micael? – Lua atendeu a porta meio sonolenta, com um pijama de estrelinhas e uma cara amassada.
- Puxa, você caprichou no visual, huh!
- É... tava na balada dos cobertores, sabe? Aquela onde a gente encontra por acaso um travesseiro, fecha os olhos e sonha que está voando... e que você fez questão de me tirar! – ela falou abrindo mais a porta e dando espaço pra ele entrar.
- Aff, toma vergonha garota, já são onze horas! – ele foi direto à sala e se jogou no sofá.
- Toma vergonha você, vem acordar os outros num sábado! Eu não tenho uma boyband, precisei passar a semana toda estudando e tentando achar um emprego, docinho!
- Detesto quando você acorda mal humorada, fica impossível!
- Acontece que eu não acordei, ME acordaram! Saca? – ela deu uma piscadinha e os dois sorriram – E então, a que devo a honra de sua visita? – sentou ao lado dele.
- Eu vim trazer o seu querido celular.
- Ohhhh Micael! – ela deu um sorriso enorme pegando o aparelho em mãos e em seguida, pulando no pescoço dele.
- Hey! Agora você agradece eu ter te acordado, né?!
- Se todo dia você me acordar trazendo alguma coisa que eu perdi, seria ótimo!
- Ah, não dá, você perde muitas coisas! Felizmente não perde as roupas! Ouch! – Lua lhe deu um beliscão no meio da barriga e ele se contorceu.
- Mas se por acaso você andar perdendo as suas roupas por aí, eu vou poder te trazer todos os dias. – Micael afirmou sorridente e Lua ficou sem entender.
- Onde quer chegar Borges?
- Lugar nenhum... Só estou dizendo que posso passar aqui todo dia se quiser.
- Não me diga que... – ela abriu um sorriso.
- Uhum! Estou morando a quinze minutos daqui!
- WOOOOOOOOW MICAEL! – esticou os braços pra cima.
- Espera! A Melanie, onde está?
- Deixou um bilhete dizendo que foi ao mercado...
- Ah ta, é porque o Chay não contou pra ela ainda.
- Hum... Então vocês todos estão aqui?
- Yep. Naquele condomínio que antes só servia pra gente passar uns dias.
- Ahn, que bom! – Lua deu um suspiro e olhou pra janela atrás do sofá. Ficou encarando a rua por um tempinho até voltar o olhar pra Micael de novo – Ta com sede? Fome? Quer alguma coisa?
- Tem aqueles biscoitinhos?
- Claro! Você sabe que eu sempre compro! – os dois se levantaram e foram até a cozinha.
- Cadê a tia e o Robert?
- Cada um em seus trabalhos. – Lua abriu o armário e pegou a lata de biscoitos amanteigados – Estão preparando tudo pra viajar daqui alguns dias comemorando o aniversário de casamento.
- Legal! Vão pra onde?
- Austrália.
- Hum... E você, como tem passado?
- Levando. Tentando voltar ao ritmo de não-férias! E vocês, vão viajar hoje mesmo?
- Yep. Duas da tarde. Voltamos daqui a uma semana pra começar a gravação do clipe novo e algumas entrevistas em rádios e programas de TV.
- Ótimo! Vocês vão ganhar o país daqui a pouco!
- Eu não quero um país! Ta me achando com cara de rainha? Talvez Chay quisesse... – Micael sorriu e logo ficou sério – Lua, eu sei que ainda ta muito recente pra falar sobre isso e que você ainda deve estar chateada, mas acho que você e o Arthur precisam de uma conversa.
- Você conversou com ele, como disse?
- Ah, sim ele aprendeu a lição...
- MICAEL ME DIZ QUE VOCÊ NÃO BATEU MELE!
- Ué, você não queria que eu o mandasse pro hospital?
- Você não faria isso com ele. Nem eu queria também...
- Ok, no começo eu queria brigar sim, mas depois a gente ficou só conversando e eu até acho que você devia escutá-lo.
- Pra ele me enganar de novo com aqueles olhos castanhos e eu fazer papel de trouxa?
- Ele não vai te enganar, pelo menos eu acreditei no que me disse. Deve ser culpa dos olhos castanhos...
- Micael, se você fosse mulher estava perdido! – os dois riram e ele tacou um biscoito na cara dela.
- Se eu fosse mulher seria lésbica! – e continuaram rindo.
Logo Mel chegou do mercado trazendo uns donnuts. Chay também chegou pouco tempo depois e a levou dizendo que queria que conhecesse um lugar. Lua e Micael se entreolharam pois já sabiam e foram junto, comendo todos os donnuts no caminho.
- Hum... O lugar é legal, mas o que estamos fazendo aqui mesmo? – Melanie perguntou sentada no banco do passageiro. Chay apenas passeava com o carro dentro do condomínio, por entre os prédios. Micael e Lua estavam no banco de trás conversando assuntos aleatórios e totalmente sem importância alguma para a humanidade.
- Você achou aqui legal? – Chay se virou pra ela, parando o carro.
- Uhum, é bonito. Ta pensando em se mudar pra cá?
- Pensando? Naahh... Já mudei picurruxa do campo!
- Sério mafagafinho do brejo?!
Os dois atrás não seguraram as risadas.
- Como vocês são ridículos! – Micael dizia com a mão sobre o estômago explodindo em risos, Lua caiu pro lado gargalhando e repetindo ‘mafagafinho do brejo’ entre as risadas. O casal nem ligou e começaram a trocar suas babinhas. Os outros dois foram parando de rir aos poucos e começaram a ficar incomodados com o avanço rápido do beijo deles.
- Owww picurruxa e mafagafo, querem parar? Tem crianças aqui atrás! – Micael gritou tentando afastar os dois puxando-os pelos ombros.
Lua se despediu do primo e viu os outros meninos rapidamente, menos Arthur porque ele viajou para Manchester junto com Fletch pela manhã mesmo. Ela foi pra casa enquanto as outras meninas acompanharam seus namorados até o aeroporto.
- Cuidem bem da Lua! Vocês sabem que ela fica com essa pose de *não-estou-sofrendo-por-causa-do-Aguiar*, mas é tudo uma grande fachada! – Micael dizia ao dar um abraço em Rayana.
- Pode deixar! E vocês... – Rayana se soltou do abraço e apontou para os outros dois – cuidem do guitarrista garotão de vocês pra nenhuma Devaca chegar perto! Ele ainda é da Lu... Mesmo que ela não saiba disso!
Os garotos foram de jatinho e assim seria uma rápida viagem, quase como entrar num elevador... Eles tinham quatro shows marcados naquela cidade e seria uma semana cheia! O táxi levou os três direto ao hotel onde Arthur já estava. Chay entrou no quarto do amigo e se assustou com a cantoria que vinha do banheiro.
Can't let the music stoooop oh noo until I touch your haaaand! Cause if I do it'll all be over, I'll never get the chance again, I'll never get the chance again, I'll never get the chance again...
Arthur não estava cantando muito afinado, na verdade estava gritando e Chay começou a rir alto.
- Ah, já chegaram – Arthur saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e outra menor, colocada de qualquer jeito sobre a cabeça.
- Sim, a tempo de ouvir você cantar! – Chay se jogou na cama rindo.
- É que eu não tiro essa música da cabeça – Arthur deu de ombros, sentou na cama, pegou o celular e pôs a música pra tocar.
- Hum... – Chay analisava com a mão no queixo – Legal. Apesar de não ser assim exatamente do estilo das outras que você gosta e tal...
- Me faz lembrar da...
- Eeei, nada de depressão! – Chay tomou o celular e parou a música – Você sabe que eu gosto muito da Lua e não te diria isso em circunstâncias normais, mas durante essa semana, nós temos uma cidade pra conquistar então você não pode ficar lembrando dela!
- Eu sei cara. Mas você viu pelo menos como é que ela ta?
- Me parece normal. E não, não perguntou por você.
- Eu não ia perguntar isso! – Arthur deu risada e alguém abriu a porta.
- Ih Micael, acho melhor a gente nem perguntar o que o Chay faz no quarto com Arthur de toalha! – Pedro entrou no quarto e logo correu pra se jogar na cama.
- O que?! Virou festa de machos isso aqui agora? – Arthur levantou abrindo os braços.
- O Pedro disse que precisava se jogar em todas as camas do hotel e se forem boas ele vai trazer a Rayana aqui! – Micael começou a puxar Pedro pra fora da cama pelas pernas enquanto ele gritava e se agarrava aos lençóis.
- Ew, que nojo. Tem muito marmanjo no meu quarto, vão lá pra fora! – Arthur ameaçou bater neles com o travesseiro. Antes de sair, Chay conseguiu arrancar a toalha dele e todos começaram a gritar e rir enquanto Arthur se tampava com o travesseiro. Chay jogou a toalha no chão e saiu por último, Arthur quase bateu a porta na bunda dele.
Tudo correu bem durante a semana de shows. Exceto pelo fato de Arthur ter cometido alguns errinhos muito bobos em Five Colours, Obviously e Star Girl no último show, mas não foi nada muito notável e os guys deixaram passar.
- Lu, por favor diz que você vai com a gente! – Mel pedia pra Lua ir visitar os guys unindo as pontas dos indicadores à frente do rosto.
- Já tem duas semanas que eu não vejo o... aquelequenãodevesernomeado, e tava muito bom assim.
- Nem o Micael você quer ver? – Sophia perguntou com a cabeça levemente baixa e o olhar levantado pra ela, fazendo beicinho.
Estavam as quatro no quarto de Sophia. Como é sempre a Soph que vai pra casa da Lu, dessa vez elas mudaram.
- Não é que eu não queira ver meu primo e os outros meninos. É que eu sinto que ver o...
- Aquele que não deve ser nomeado – as outras três meninas completaram em um coro entediado.
- Isso, vê-lo vai me causar danos mentais! E eu não me responsabilizo pelos meus atos.
- Deixa com a gente! Nós te tiramos de cima dele quando você começar a mutilá-lo – Rayana sorriu e piscou.
- Tudo bem, até porque, vai ficar feio se eu não for, né! Mas olha! Vocês não vão comentar sobre a proposta que meu pai me fez.
- Por que não? Nem pro seu primo? – Sophia cruzou os braços. Sempre lembrando do Micael...
- Porque não tem nada confirmado ainda Soph! – Lua torceu a boca. Durante a semana conversou mais do que o normal com o pai pelo telefone, ele informou que sua madrasta havia conseguido um ótimo emprego pra ela no Canadá. Trabalhar na TV.
- Mas você quer ir? – Melanie perguntou com um certo medo na voz.
- Não decidi ainda, mas estou fortemente tentada! Vocês sabem que eu fui demitida de onde trabalhava. Não tem nada que me prenda aqui... Só a faculdade, mas eu posso trancar.
- COMO ASSIM?! – Rayana fingiu estar zangada e esbugalhou os olhos – Como assim não tem nada? E a gente? E seus amigos?
- É, você vive dizendo que adora fazer publicidade e que gosta muito dos seus amigos de lá, eu sou testemunha! Você quer abandonar tudo isso? – Sophia pôs as mãos nos quadris.
- E outra, você não precisa ficar desesperada por emprego! Você nem sabe o que vai fazer lá! O que você deve lembrar é que meu pai e a sua mãe já disseram que bancam sua faculdade até o final sem nenhum problema. E ainda tem o... – Melanie ia falando seus argumentos, mas foi freada por um olhar feio de Lu quando ela ia falar o nome do Arthur – Erm, você tem certeza que vai querer viver a um oceano de distância dele?
- Hum, ele é um dos motivos pra eu querer vida nova, Mel.
- Um dos motivos não, ele é O motivo! – Sophia corrigiu.
- Mas não é melhor você se acostumar a ter contato com ele do que de repente ele ir fazer uma turnê lá no Canadá?– Rayana perguntou.
- Ah, mas se o McFLY for fazer uma turnê por lá daqui a muitos anos eu já estarei recuperada!
- Eu não teria tanta certeza... – Ray comentou baixinho enquanto fingia prestar atenção nas unhas.
- OKAY, o que vocês querem que eu diga?! Que eu choro todas as noites e deixo a fronha úmida com minhas lágrimas?
- Bom... não era bem isso, mas... – Melanie deu de ombros.
- A verdade é que eu ainda não me recuperei daquele dia. E depois da raiva que senti dos dois veio a raiva de mim... E depois raiva de tê-lo encontrado de novo! Seria tão melhor se fosse diferente! Por que eu tinha que ter ido passar as férias na casa do meu primo? Por que eu tinha que encontrar o Arthur de nov... puta que o pariu falei o nome dele.
- Relaxa Lu! Uma hora você ia falar mesmo – Rayana se divertindo com as confusões mentais da amiga – Seria cômico se não fosse trágico!
- Acho que os meninos já devem ter chegado! Vamos vê-los? – Sophia falou com os olhinhos brilhando de saudade.
Estavam todas produzidas pra rever os namorados. Menos Lu, ela estava com uma calça jeans normal e um agasalho de tricô vermelho onde provavelmente caberia três Luas e batia no meio das coxas.
- Você vai assim? De quem é esse agasalho? – Melanie apontou estranhando a peça.
- É meu, tava guardado aí...
- LU VOCÊ JÁ FOI GORDA?! – Rayana levou as duas mãos à boca.
- Ela é gorda e você é cega? – Soph resolveu tirar.
- ESPERA AÍ! – Lua levantou com as mãos nos quadris – Eu tenho 49kg muito bem distribuídos por 1.65cm. Posso ser baixa, não gorda! Você que é muito magra...
- O Micael gosta de mim assim – Sophia deu de ombros.
- Ah, eu nunca te contei, mas o Micael é a única pessoa dessa família que nasceu com um problema inexplicável... Mau gosto. Haha!
- Então ta explicado por que ele ficou com você. Haha! – Soph respondeu rindo.
- É, mas ele escolheu você. Haha! Mau gosto. – Lu respondeu sorrindo também.
- Eii! O que é isso?! A briga das gostosas contra as magrinhas?! – Melanie ficou entre as duas.
- Puxa, então eu não sei de que lado eu fico. Sou magra e gostosa – Rayana deu um sorriso convencido.
- Certo, o nível de gostosura ta equilibrado, precisamos encontrar nossos gostosos agora pra sossegar o facho! Mas Lu, vê se você não fica com essa cara de quem engoliu chumbo! – Melanie apontou o dedo pra ela e Lua voltou a encolher os ombros, adotando novamente a cara de cachorrinho molhado e com frio.
- O que eu posso fazer se o meu estômago parece pesado como se tivesse quilos de ferro? Só de pensar em ter que falar com o Arthur meu estômago embrulha.
- Hey, se for vomitar vira pra lá! Assim vai tudo no cabelo da Melanie! – Ray levantou da beirada da cama de Soph e foi pra frente do espelho.
- E eu te obrigo a limpar tudo e ajeitar de novo, já que foi você mesma que arrumou. – Mel também se aproximou do espelho, Ray havia feito cachos nas pontas dos cabelos dela.
Já estavam na sala, prestes a sair quando a campainha tocou. Elas se entreolharam porque não estavam esperando ninguém, então quando Sophia abriu a porta, um Pedro sorridente já foi entrando na casa.
- Vim buscar vocês pra... RAYANA! – não terminou de falar quando viu Rayana e correu pra abraçá-la.
Lua sentiu o coração apertar com a possibilidade de Arthur estar lá fora. Respirou aliviada ao ver que Pedro veio sozinho. Como se fosse fazer muita diferença vê-lo agora ou quando chegasse ao apartamento deles...
Dedicado à Celle e Vick ! Obrigada por comentar meninas, mesmo não sendo minha eu gosto de saber que vcs gostam da web !
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Brigadooooooooo Pela Dedicaçaoo..Ameii o Capitulo e Louca Por Mais..Postaaaaaaaaaaaa Muitoooooo Mais Linda !!!!!!!
ResponderExcluir